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Juíza interroga quarteto envolvido no assassinato de jogador do futebol amador

sex, 20 de abril de 2018 05:55

Da Redação

Companheira de Ralf Campos negou a contratação de atirador para matá-lo; prisão preventiva dos denunciados foi mantida

Duas irmãs, 19 e 20 anos, e dois jovens de 20 anos foram interrogados pela Juíza Daniela Nunnes Pozzer, na 1ª Vara Criminal da Comarca de Araguari. O quarteto responde pelo assassinato de Ralfh Campos de Godoi, jogador de futebol amador, morto a tiros em sua casa, no bairro Brasília, em agosto de 2017.

As mulheres estão recolhidas no Presídio local, enquanto que os rapazes se encontram na Penitenciária Professor Jacy de Assis, em Uberlândia, cidade onde eles residem. Um quinto investigado, também de 20 anos, teve o mandado de prisão expedido um mês após o homicídio. Como ele desapareceu, responderá ao processo separado dos demais.

Ralfh foi assassinado em seu quarto, no ano passado ** Arquivo

Ralfh foi assassinado em seu quarto, no ano passado
** Arquivo

Os quatro chegaram ao Fórum Oswaldo Pieruccetti sob forte escolta das unidades prisionais. Familiares e amigos da vítima se manifestaram do lado de fora, cobrando justiça. Além dos réus, foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa na audiência de instrução de julgamento, que contou ainda com o Promotor de Justiça Alam Baena Bertolla dos Santos e advogados.

O auxiliar agrícola F. A. é acusado de alugar a arma de fogo mediante pagamento para a execução do crime. Ele negou os fatos e afirmou que conhece apenas um dos denunciados, mas não sabe se esse teve alguma participação.

Apontado como o responsável pelos disparos que mataram o jogador, o auxiliar de mecânico W. A. confirmou que a companheira de Ralfh prometeu o pagamento de uma quantia em dinheiro para que cometesse o assassinato, o qual foi combinado por telefone. Além disso, a mulher deixou o portão da residência aberto na fatídica manhã de 11 de agosto para que entrasse e surpreendesse a vítima.

Por outro lado, W. A. negou o envolvimento da cunhada de Ralfh bem como dos outros denunciados. Revelou que aceitou o “serviço” porque na semana anterior teria sido alvo de homicídio tentado por parte do jogador, pois esse desconfiava que W. A. estivesse se relacionando com   sua mulher.

Segundo falou na audiência, assim que entrou no quarto, o jovem estava se levantando e foi alvejado por dois disparos de arma de fogo. Questionado pelo Ministério Público, o atirador assegurou que não chegou a receber o dinheiro pela prática do crime.

A secretária A. P., companheira de Ralfh Campos de Godoi durante três anos, declarou em Juízo que a denúncia é falsa e não sabe quem matou seu amásio, no entanto, não negou conhecer o responsável pelos disparos, com quem teve contato apenas pelo telefone de sua irmã, pois ela não tinha aparelho celular.

Ao Promotor de Justiça ela respondeu que seu relacionamento era conturbado e sofria agressões constantes do companheiro, por isso pretendia deixá-lo, mas Ralfh não aceitava. Com medo, ela não o denunciou.

A. P. disse que, na manhã do dia 10 de agosto, saiu para trabalhar e retornou porque havia esquecido sua bolsa. Ainda ao Ministério Público, não quis afirmar sobre a autoria do homicídio e afirmou que sua irmã somente emprestou o telefone para que usasse seu aplicativo de mensagens.

A babá T. P. também negou participação no crime e afirmou não saber quem tirou a vida de seu cunhado. Contou que costumava emprestar o telefone para a irmã, mas não sabia de suas conversas. A jovem declarou que conhecia apenas um dos denunciados e não é verdade a promessa de pagamento de 2.300 reais ao mesmo para que matasse o jogador.

Depois da audiência a defesa dos dois jovens pediu a revogação da prisão preventiva. O auxiliar agrícola alegou ter ficado claro que ele não teve qualquer participação nos fatos, além de possuir circunstâncias judiciais favoráveis. No entanto, entendendo que a liberdade dos réus pode gerar riscos à ordem pública, a Juíza Daniele Nunnes Pozzer decidiu mantê-los recolhidos no estabelecimento penitenciário.

Em breve a Justiça poderá apresentar a Sentença de Pronúncia, mandando os acusados a julgamento pelo Tribunal do Júri, quando representantes da sociedade araguarina são convocados para analisar crimes contra a vida. Como os réus estão presos, eles podem ser julgados ainda em 2018.

INVESTIGAÇÃO

Ralfh Campos de Godoi, 32 anos, foi morto no dia 10 de agosto, na rua Corumbá, bairro Brasília. A vítima jogava futebol amador pelo União Esporte Clube, equipe que representa aquela região da cidade.

Cinco pessoas foram indiciadas pelo delegado Felipe Oliveira Monteiro, quatro por homicídio qualificado (pagamento de recompensa e recurso que dificultou a defesa da vítima) e uma como partícipe, visto que alugou a arma de fogo para o cometimento do crime, um revólver calibre 38.

Na conclusão do inquérito a prisão temporária dos investigados foi convertida em preventiva, mas um continua foragido. Trata-se do autor que estaria pilotando a motocicleta no dia dos fatos.

“Diante das oitivas dos investigados bem como de testemunhas, além de robustas provas, apuramos que não restam dúvidas da participação dos indiciados, apesar de alguns negarem envolvimento”, afirmou o policial da delegacia especializada em crimes contra a vida.

Segundo acrescentou, foi confirmado o pagamento de 2.300 reais para a execução da vítima, que dormia em seu quarto no momento do ataque fatal. Os bombeiros foram acionados e encaminharam Ralfh até a Unidade de Pronto-Atendimento 24 Horas, mas ele não resistiu à gravidade das lesões.

Dois dias após a morte de Ralfh Campos de Godoy, policiais prenderam três pessoas durante ocorrência de tráfico de drogas no bairro Jardim das Palmeiras, em Uberlândia. Na ocasião, apreenderam dinheiro, maconha e um revólver calibre 38 com munições intactas e deflagradas.

De acordo com levantamento dos militares de Uberlândia, enquanto ocorria o BO, um dos suspeitos assumiu a autoria do recente homicídio em Araguari, inclusive revelando detalhes sobre o crime, o qual teria sido encomendado por uma mulher.

Ainda segundo apurado, também participaram um jovem que alugou a arma pelo valor de 500 reais e o condutor da motocicleta que carregou o atirador na manhã do dia 10 de agosto. O primeiro foi preso sob a suspeita de tráfico, junto com o suposto autor dos disparos que vitimaram o jogador.

Diante das ricas informações, os policiais acionaram os colegas de Araguari, que realizaram diligências e chegaram até às irmãs suspeitas.

 

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