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Imola vinte anos depois

sáb, 3 de maio de 2014 00:01

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Alô amigos, neste primeiro de maio completaram-se vinte anos da partida de Ayrton Senna, para muitos o maior piloto de Fórmula 1 e, embora não seja unanimidade (como diria Nelson Rodrigues: “toda unanimidade é burra.”), pois tem aqueles que não gostam do piloto, não há dúvidas de que aquele dia primeiro de maio de 1994, um domingo, mexeu com o Brasil e os brasileiros, e também causou comoção mundial.

Quem se lembra do que estava fazendo naquela manhã de domingo? Com certeza ligado na TV esperando uma reação de Ayrton que fizera três pole positions na temporada, mas ainda não tinha ganho nenhuma prova, e que enfrentava um novo rival, depois do abandono de Prost, um novato chamado Michael Schumacher que corria pela legendária equipe Benetton.

Schumacher que venceu as duas primeiras provas (Senna rodou no Brasil e bateu com Hakkinen no Japão) estava colocando muitos pontos de vantagem e o piloto brasileiro queria porque queria vencer em Imola para diminuir a vantagem e entrar na luta pelo título do ano de 94, o que seria, caso ganhasse, o seu quarto título.

Com um carro muito “arisco” nas mãos, Senna, fazendo o que fazia de melhor, havia conseguido as três pole positions da temporada, mas o carro muito instável não ajudava, pois com a retirada da eletrônica que o comandava, o fw16 sofria muito mais do que os outros carros com a instabilidade, e para Senna, que andava sempre acima do limite do carro, isso era um problema. Além do mais a posição de pilotar incomodava o piloto que reclamava que suas mãos esbarravam no cockpit quando virava a direção.

Todos esses fatores e mais, acredito eu, o acidente de Barrichello e o que vitimou Roland Ratzenberger, contribuíram para que Senna estivesse “preparado” para tudo ou nada naquela manhã de domingo, que respondendo à pergunta que fiz, estava junto com meu amigo de infância Leonardo Daher de Melo, na casa dos pais dele, assistindo à prova.

Logo após o acidente comentei com Leo que acha que o Ayrton não sairia daquele acidente bem, e a médica que atendeu o piloto na Itália, dez anos depois do acidente, em entrevista ao jornalista Flávio Gomes, cujo trecho reproduzo aqui, confirmou minhas suspeitas: “Pela TV, deu para ter ideia da gravidade? Pelo movimento da cabeça, eu concluí na hora que era algo muito grave. Ali ele já entrava em coma, mas o coma é um fenômeno muito estranho. Por isso foi só quando vimos o resultado da tomografia que tive certeza de que não havia nada a fazer, embora o doutor Gordini [Giovanni Gordini, que o atendeu na pista]  tivesse me avisado que não tinha volta. Aí fizemos um eletroencefalograma. Não havia mais atividade elétrica. Quando ele chegou, o pulso estava fraquíssimo e quase sem pressão. Mas antes do eletro, tinha voltado tudo ao normal. Por isso, até ver a tomografia, quem sabe… Mas quando vimos, todos nós… Bem, aqui não há nada a fazer.”

E assim foi, pois nada havia a fazer, exceto guardar na memória a lembrança do maior piloto de Fórmula 1, reverenciado por todos os grandes, Fangio, Prost (seu maior rival), Fittipaldi, Schumacher, como  o maior dentre eles.

Sei apenas que depois deste dia muita coisa mudou, pois nunca mais assisti um GP com o Leo Melo; em dezembro de 94 casei com minha eterna companheira Olga Maria; quatro anos depois a Bebel nasceu, e nesses vinte anos nunca mais deixei de assistir a Fórmula 1, mesmo porque ouvir o ronco dos V8 e V10 (os v6 turbo nem vou comentar…lástima) é manter viva na memória a vida daquele que foi disputar no autódromo eterno os pegas com seus grandes ídolos e iguais.
Até a semana que vem…

* Advogado, fã da Fórmula 1 desde 1970, e apaixonado pela Ferrari

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