Dislexia (Parte 1)
sex, 5 de dezembro de 2014 05:40
Colaboração: Dra Fabiane do Nascimento
1-A dislexia é comum?
A dislexia é um distúrbio muito comum, sendo o principal diagnóstico associado ao baixo rendimento escolar. De modo geral, ela acomete entre 5 a 17% da população mundial, um pouco mais de meninos em relação às meninas. A doença existe em todos os continentes e sociedades que utilizam a escrita. É uma disfunção que perdura em algum grau por toda a vida, então crianças disléxicas tornam-se adultos disléxicos. É fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento direcionado para que a pessoa atinja todo seu potencial escolar e profissional.
2-O que é dislexia?
Dislexia é uma palavra que deriva do grego. “Dis” (dus) significa dificuldade e “lexis”, linguagem. Portanto, dislexia é o nome que se dá à dificuldade que algumas crianças apresentam para aprender a ler, escrever ou para compreender o texto que leem.
Geralmente os disléxicos têm dificuldade em relacionar as letras com os sons que elas representam, invertem sua posição dentro da palavra, têm dificuldade em seguir instruções e em entender enunciados. Essa desordem no aprendizado da leitura e da escrita, às vezes, é confundida com desinteresse e má vontade do aluno ou como sinal de comprometimento da inteligência, uma conclusão equivocada porque essas pessoas costumam ser inteligentes e bastante criativas.
3-. Quais são os sinais de alerta para a dislexia?
A criança com dislexia tem dificuldade franca na leitura desde a alfabetização. Tem uma tendência a troca de letras, inversões silábicas, omissões etc… a compreensão é dificultosa e geralmente subtotal. A disfunção impregna também a escrita, a forma das letras e eventualmente até a capacidade de elaborar cálculos matemáticos e de fixar a matéria. É importante frisar que se deve sempre afastar outros problemas que possam estar mimetizando a dislexia, como problemas de visão, audição, déficit de atenção e mesmo problemas intelectuais ou emocionais.
4. Toda criança que apresenta dificuldade na leitura é disléxica?
Nem toda criança com dificuldade para ler e escrever é disléxica. Mas certamente todo disléxico tem dificuldades para leitura, em algum grau. Por isso a dislexia é um diagnóstico de exceção, temos que ter clareza que não há outro distúrbio sensorial ou mental que justifique a dificuldade escolar. Outra questão é a própria inadequação do método de ensino em algumas situações. Por isso, o diagnóstico deve ser cauteloso e realizado com profissionais habilitados para tal.
5. Quais são os sinais precoces da dislexia, ou seja, antes da criança iniciar na escola?
Esses sinais podem ser observados por meio do histórico evolutivo da criança. Compare se algum parente teve alguma dificuldade escolar ou se há portadores do distúrbio na família. Atrasos na aquisição da linguagem oral, problemas em guardar o nome dos objetos, aprender a cantar músicas ou brincadeiras também podem ser notados antes de a criança entrar na escola.
6. Como diagnosticar a dislexia?
A dislexia não é diagnosticada com exames de sangue e nem com tomografia ou ressonância. O diagnóstico aflora de uma consulta clínica direcionada e com testes de linguagem. Importante re-enfatizar que é fundamental excluir dificuldades sensoriais (dificuldade para enxergar ou ouvir, por exemplo) e mesmo outras doenças cerebrais que possam justificar melhor a dificuldade da utilização da linguagem. É também fundamental diferenciar a dislexia dos transtornos transitórios do aprendizado e mesmo das dificuldades referentes à má aplicação do método escolar.
7. Quais são os profissionais que fazem esse diagnóstico?
O próprio pediatra que acompanha regularmente a criança pode, diante das queixas maternas, iniciar a investigação de dislexia. Em casos complexos é fundamental a participação do neurologista, neuropediatra e de profissionais da área de neuropsicologia, fonoaudiologia e psicopedagogia.
8. Como os pais podem ajudar os seus filhos disléxicos?
Os pais devem estar atentos para o desenvolvimento da linguagem e a alfabetização da criança. Caso reconheçam o alguma dificuldade o médico da criança deverá ser imediatamente comunicado. Uma linha de tratamento deverá ser traçada e seguida em busca da otimização do resultado escolar. Da mesma forma que é importante diagnosticar a dislexia é importante que não haja estigmatização da criança e nem superproteção. A criança deve ser encorajada a superar suas dificuldades e receber o mesmo tratamento afetivo e social de qualquer outra criança sem dislexia.
9 -Qual o tratamento para os portadores de dislexia?
A dislexia deve ser tratada com intervenções neuropsicológicas, psicopedagógicas e fonoaudiológicas. Nenhum método de reabilitação é totalmente eficaz, por isso a linha deve ser escolhida caso a caso. A meta não é a cura, uma vez que a dilexia é um distúrbio crônico e persiste, em algum grau, até a idade adulta. Quanto antes for instituída a terapêutica, melhor será o resultado final em termos escolares e profissionais.
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