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Delegado Regional fala sobre investigações de homicídios em Plenário

qua, 13 de junho de 2018 05:03

Da Redação

Segundo ele, foram deslocados cinco investigadores para apurar os crimes na cidade

Wilton José Fernandes, à frente da 4ª Delegacia Regional de Araguari, esteve ontem, 12, em plenário na sessão ordinária da Câmara Municipal para discorrer sobre os crimes de homicídio consumados na cidade. O convite foi realizado pelos vereadores Wanderlei Inácio (PRTB) e Werlei Ferreira de Macedo (PSB).

O delegado assumiu o posto há quatro meses, desde oito de fevereiro, e, desde então, intensifica os trabalhos de investigação pra encontrar os culpados.Hoje, 13, a cidade registra mais de 20 homicídios consumados, número que o delegado considera alto. “Quando cheguei o índice já era alto, a gente percebia que havia uma tendência de ocorrência desse tipo de delito bastante acentuada e isso vem permanecendo”, coloca.

Delegado afirma que 16 mandados de prisão de envolvidos com os crimes de homicídios já foram solicitados

Delegado afirma que 16 mandados de prisão de envolvidos com os crimes de homicídios já foram solicitados

 

Ele comenta que a lacuna percebida foi logo solucionada, sendo que cinco investigadores foram direcionados à Delegacia de Homicídios da cidade. “Em razão dessa situação tomamos ciência de como funcionava a delegacia e percebemos que não havia na delegacia de homicídios uma equipe de investigadores direcionada para o combate, a investigação específica desses crimes”. O problema é resultado do baixo efetivo da Polícia civil, não só de Araguari, como em todo o estado. “Por isso não havia essa equipe específica, uma equipe que, no meu entendimento, é de fundamental importância para que a gente possa atacar esse tipo de crime, esse tipo de fato” completa.

A criação dessa equipe gera menor efeito em outras investigações. “É importante frisar que a gente está dando prioridade para a investigação dos homicídios sabendo que existem outras várias modalidades de crime ocorrendo na nossa cidade, mas estamos também, com poucos recursos, temos que estabelecer uma prioridade”, alega. A situação não é definitiva, mas ainda não há data para ser alterada. “Claro que se, eventualmente, num futuro houver uma migração do crime para outra modalidade a gente vai poder tirar essas pessoas e colocar em outra área. Só que hoje, o que mais me impacta, no meu ponto de vista, em Araguari é o crime de homicídio”, justifica.

Questionado pelo vereador do PRTB, Wilton explica sobre a falta de efetivo. “Nós perdemos nos últimos três anos muitos servidores. Alguns aposentados, outros com processos na justiça que estão respondendo e estão afastados. Nós perdemos em torno de 20 investigadores e 5 delegados. Tivemos em uma época na cidade 12 delegados de polícia, hoje nós somos 7”, alerta.

Como uma das soluções, Fernandes pede apoio do poder Legislativo e Executivo. “Eu acho que os representantes dessa casa que tem contato, acesso aos nossos governantes, deputados estaduais e federais, tem fazer um trabalho com essas autoridades para que mudemos a lei. Nossa lei é muito branda, dá margem para que o indivíduo se sinta à vontade em cometer crimes, se sinta estimulado a cometer crimes, e se não mudarmos essa lei não vamos resolver não”, afirma. “Temos também que equipar as polícias, dar melhores condições, porque os policiais com pouco efetivo, falta de equipamento, de inteligência policial não conseguem combater o crime coma eficiência que é preciso”.

Um dos auxílios seria a respeito do efetivo, diz o delegado. “Nós temos em formação na academia da polícia civil cerca de 500 investigadores de polícia devem estar saindo nos próximos meses. Eu acredito que cabe à autoridades, principalmente aos senhores e ao prefeito buscar junto às lideranças políticas da cidade esse aporte. Nós precisamos, a Polícia Civil precisa muito disso. Administrativamente eu já solicitei. Agora como o governo é quem define essas questões, se houver um empenho eu acho que ajuda muito”.

As investigações

Sobre as investigações, o delegado informa que levam um tempo, principalmente o trabalho de prevenção. “Com esse trabalho que estamos fazendo, só em 2018, já foram solicitados à justiça em Araguari 16 mandados de prisão. Ou seja, 16 pessoas envolvidas com o crime de homicídio foram identificadas pelos trabalhos policiais e já foram solicitadas suas prisões” coloca.

Desses, nove estão presos, um foragido e o restante aguarda decisão judicial. “O pedido está na justiça, a representação foi feita e a justiça ainda não analisou, não obtivemos resposta quanto a eles. Estamos aguardando”.

Os resultados não param por aí, diz o delegado. “Além disso, tivemos também uma representação de internação de menor infrator que também estava envolvido com a prática de homicídios na cidade”, diz. “A delegacia ainda concluiu nove inquéritos policiais que foram instaurados por prisão em flagrante. Isso foi encaminhado à justiça. Ou seja, mais nove indivíduos foram presos e continuam respondendo, além de três menores infratores que foram autuados pelo ato infracional análogo ao homicídio”, acrescenta.

Wilton ainda destaca que o trabalho não de prevenção é demorado. “Quero destacar que a prevenção do crime não ocorre do dia pra noite. A gente já tem bons resultados de investigações, mas a sensação, a desmotivação do autor do delito, a diminuição dessas ocorrências ela não acontece tão rapidamente quanto, às vezes, apurar e identificar um autor”.

Problema social

Para o Delegado Regional, o problema criminal vai além da responsabilidade da Polícia Civil. “Essas ações por si só e não vão resolver o problema da criminalidade na nossa cidade. Nós vivemos um problema hoje que não é da Polícia, ela está inserida nesse meio,mas o problema que vivemos hoje é social. É um problema que tem que ser resolvido por todos nós”, coloca. “A Polícia atua quando o crime já ocorreu”.

Com doze anos como delegado, ele faz uma avaliação sobre a criminalidade. “O que eu noto é que vivemos em um período onde existe uma ausência muito grande da família na educação de seus filhos. Achoque se isso não for tratado, esse mal social não for tratado, não vai haver polícia que resolva esse problema”, diz. “Tem que ser discutidas todas as questões sociais em que estão inseridas essas pessoas que vivem no crime. A maioria envolvidas inclusive no tráfico de drogas”, acrescenta.

Ele levantou em plenário a seguinte questão: Porque essas pessoas estão buscando uma vida melhor no tráfico de drogas? “Talvez por falta de oportunidade, por falta de condições de educação, de ter uma vida digna, de trabalho, uma série de questões que tem que ser trabalhadas não só pela polícia”, comenta.

A ressocialização do preso também foi levantada pelo delegado em plenário. “O indivíduo que foi preso vai responder na justiça. Aí ele vai ser encarcerado. Quando ele está lá, que tipo de ressocialização ele está recebendo? As vezes isso até acontece, mas quando ele sai é marginalizado pela sociedade. Que alternativa resta para ele, a não ser voltar para o crime?”, pergunta.

Ele relata que o Brasil tem índices de mortalidade por homicídio maiores que países que estão em guerra. “Então assim, nós temos que tratar isso. Se isso não for tratado pela sociedade, pelos poderes públicos, se não for encarado de frente por toda a comunidade não vamos conseguir resolver essa questão” coloca.

Menores no crime

O vereador Paulo de Oliveira do Vale (PV) questionou o delegado regional a respeito do envolvimento de menores em crimes na cidade. “Nós temos uma participação muito grande de menores nas ocorrência de crimes, na maioria das vezes no tráfico. A gente percebe que o tráfico de drogas está influenciando de uma maneira muito grande esses jovens, que podem estar sendo usados pelos responsáveis pelos crimes justamente pela idade deles”, alerta.

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