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“Cumbres” de história, por Inocêncio Nóbrega

sex, 5 de dezembro de 2014 06:26

* Inocêncio Nóbrega

A falta de sentimento de brasilidade, nas últimas eleições presidenciais, chegou ao absurdo de reivindicar a divisão do Brasil. Descontentamento que sinaliza modernização constitucional de nossas instituições. Não basta termos um Congresso Nacional, que teoricamente representa a unidade brasileira, necessária à participação, institucional e de massa. É assim que deve funcionar a nova democracia.

Há organismos, pelo menos no âmbito da cultura, que procuram seguir tais padrões federativos. Refiro-me aos Institutos Históricos Estaduais, ao seu lado dois municipais, que estiveram reunidos de 21/23 de outubro passado, no VI Colóquio de Institutos Históricos e Geográficos Brasileiros, sob auspícios do IHGB, na sua sede, no Rio de Janeiro.

Evidentemente não houve unanimidade de quorum, pois alguns, por questões próprias, não puderam estar presentes, mas foi o suficiente para alavancar-se um processo de interação, pois os dois extremos do país, Amazonas e Rio Grande do Sul, simbolizaram a identidade territorial, compartilhando com a resenha noticiosa de seus confrades. Diga-se de passagem, trocando experiências, conhecendo melhor acerca das promoções históricas regionais.

Não sei dos fundamentos dessas “cumbres”, além do administrativo, o que não deixa de ser plausível.  Entre um evento e outro, todavia, a essência de seus objetivos parece cada vez mais corporativa. Vejo que os gaúchos, praticamente andam sozinhos nas suas Semanas da Farroupilha; os baianos não conseguem levar ao conhecimento dos demais brasileiros as bravatas dos seus soldados no Pirajá, resumida no 3 de Julho; nem os piauienses lhes dizem o que foi a bravura dos combatentes da batalha do Jenipapo. Peregrino de Carvalho, mártir paraibano de 1817, é assunto interno; Tristão Gonçalves, se restringe aos cearenses, e Ana Lins, a poucos alagoanos. Nem o goiano padre Bartolomeu é conhecido de outros patrícios. Esse tipo de comportamento é que deve ser corrigido, realizando festas comuns, mormente nos tempos de globalização. Os IHGs não podem seguir o caminho dos parlamentares, pois eles buscam o poder e nós a história, que é o embrião do futuro. Exige-se a interação, diuturna, e que no âmbito de sua abrangência avoquem suas raízes, quais sejam as universidades, as escolas, a sociedade, criando uma espécie de sócio colaborativo.   São valores desperdiçados, os quais não aceitam esperar pela condição de “status”, nem pela morte de supostos patronos, de cunho puramente sentimental. Abrindo o leque do conteúdo regimental, visando o acesso natural e irrestrito. Seria sangue novo, que se compatibilizaria com os novos tempos.

* Jornalista
inocnf@gmail.com

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