Crise do sindicalismo?, por Ana Paula de Castro Sousa
qui, 13 de fevereiro de 2014 00:00* Ana Paula de Castro Sousa
No capitalismo contemporâneo, observa-se no mundo do trabalho uma múltipla processualidade, mudança complexa como: a desproletarização do trabalho industrial, fabril entendida através da diminuição do número de profissionais na indústria e a substituição desse trabalhador pela tecnologia. Paralelamente, verifica-se a expansão do número dos trabalhadores assalariados, a partir da ampliação do assalariamento no setor de serviços, constatando-se uma heterogeneização do trabalho vista através da crescente incorporação do contingente feminino no mundo operário; também se constata a subproletarização, isto é, o aumento da expansão do trabalho parcial, temporário, precário, subcontratado, “terceirizado”. Um dos resultados dessa mudança complexa é o desemprego estrutural em escala global. Essa mudança ocorrida nos países de capitalismo avançado tem repercussão variada em países industrializados do terceiro mundo, como o Brasil.
A subproletarização do trabalho consiste na reduzida garantia dos direitos trabalhistas encontrado nas formas de trabalho precário, parcial, temporário. Os trabalhadores não ficam assegurados numa empresa com vínculos empregatícios que garantam os direitos trabalhistas formais. Para Ricardo Antunes, as inúmeras categorias de trabalhadores, têm em comum a precariedade do emprego e da remuneração; a desregulamentação das condições de trabalho em relação às normas legais vigentes ou acordadas e a consequente regressão dos direitos sociais, bem como a ausência de proteção e expressão sindicais configurando uma tendência à industrialização extrema da relação salarial.
Paralelamente a esse processo que impulsiona a dessindicalização, tem-se uma mudança do perfil do sindicalizado. Há um aumento dos trabalhadores não-manuais (mais intelectualizados) de classe média sindicalizados. Tanto no setor público quanto no privado. A entrada de um contingente maior de trabalhadores de classe média nos sindicatos não compensa a queda do sindicalismo dos trabalhadores manuais. O avanço na organização sindical dos assalariados médios aponta o esforço dos sindicatos em recorrer à fusão como resistência à avalanche neoliberal. Na Inglaterra, houve a união orgânica de vários sindicatos do setor público que criaram a mais forte entidade sindical do país – chamada de Unisson.
As transformações citadas acima em andamento no interior da classe trabalhadora precisamente vão alterar a postura dos sindicatos. Assim, constata-se uma crise contemporânea dos sindicatos.
*Graduanda do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Uberlândia.
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