Sábado, 04 de Maio de 2024 Fazer o Login

Coluna: Saúde Alerta (01/04)

sex, 1 de abril de 2022 08:07

Dor de cabeça e agora?

Praticamente todo mundo tem, hora ou outra, uma dorzinha chata de cabeça. Alguns procuram descansar, outros procuram um remédio para aliviar o sintoma, enfim, deve ser o stress, uma enxaqueca, fome, nada grave, certo? Nem sempre! Em alguns casos a dor de cabeça vem sinalizar um problema agudo e que exige intervenção médica imediata. Mas como separar o joio do trigo? Em que casos devemos correr para um pronto socorro e em quais podemos aguardar a evolução e marcar uma consulta com calma?

Nem toda dor de cabeça é igual, aliás, são vários os tipos de cefaleia. E o problema está em tratá-las todas da mesma forma, automedicando-se como se faz comumente. O fato é que uma dor incomum deve ser investigada, pois pode ser um sinal de um problema neurológico mais grave.

Um dor de cabeça repentina, explosiva, que atinge seu ápice de intensidade em poucos segundos, é muito preocupante. Para o médico que escuta esse tipo de queixa, fica o receio da ruptura ou distensão de um aneurisma cerebral (que é uma dilatação de uma artéria que pode eventualmente rompem durante a vida). As dores mais comuns e benignas, geralmente começam mais leves e a intensidade aumenta progressivamente em minutos a horas.

Quando um paciente que sempre teve dor de cabeça chega e diz ‘esta é a pior dor de cabeça que já me acometeu’ ou ‘esse tipo de dor de cabeça, eu nunca tive’, a gente tem a obrigação de investigar.Os problemas neurológicos que podem ser acobertados por uma dor de cabeça vão desde um aneurisma até um tumor cerebral. Por isso, tem de fazer um exame completo, de fundo de olho, examinar a marcha, a sensibilidade do paciente, se ele tem a força diminuída de um lado do corpo ou não, observar se não tem alguma alteração de fala.Uma das piores consequências da automedicação indiscriminada é transformar uma cefaleia episódica em crônica. Mas, em alguns casos, ela pode trazer problemas mais graves, como para pacientes com enxaqueca com aura que combinam o medicamento com alguns tipos de anticoncepcional ou são tabagistas e, assim, aumentam os riscos de um acidente vascular cerebral.No caso dos pacientes com enxaqueca crônica, um problema neurológico pode ser confundido com uma crise e a automedicação pode piorar o quadro. Vamos supor que ele esteja tendo uma crise hipertensiva, a pressão subiu de repente e deu dor de cabeça, na nuca, e ele pode pensar que é aquela enxaqueca. Ele vai tomar o remédio para enxaqueca, que são vasoconstritores, cuja contraindicação é pressão alta, aí a pressão vai subir mais ainda e ele pode ter um acidente vascular cerebral por causa dessa automedicação errada. Ou então está com um vasinho cerebral que está sangrando por algum motivo e começa a dar uma dorzinha de cabeça e ele toma uma aspirina, que afina o sangue, e vai sangrar mais, vai piorar mais o quadro dele. Ou então ele está com dor de cabeça, vomitando e não percebeu que está com rigidez de nuca, com febre, e pode ser uma meningite e ele está tomando remédio para enxaqueca.

Sempre que a dor vier acompanhada de outro sintoma neurológico focal o atendimento deve ser imediato. Atentar para fraqueza muscular em alguma parte do corpo, alteração de sensibilidade, confusão mental, alteração visual ou dificuldade para falar ou caminhar. Nestes casos o receio é que haja algumas coisas causando a dor e alterando a função de alguma parte do cérebro, como tumores, abcessos, sangramentos, isquemias, trombose, etc.

Aquela dor que acomete o paciente diariamente e que se mostra pior a cada dia é, sem sombra de dúvida, um bom motivo para procurar rapidamente um médico. Esse tipo de evolução arrastada e progressiva é típico de lesões que ocupam espaço dentro do crânio, como tumores, trombose venosa, abscesso, etc.

Em casos em que a dor se iniciou durante o esforço ou atividade sexual novamente surge o temor da distensão ou ruptura de um aneurisma cerebral (o esforço aumenta a pressão nesse vaso e pode predispor ao seu rompimento). Identificada essa associação temporal entre a atividade e o início da dor, uma investigação mais detalhada precisa ser feita para tranquilizar o médico e o paciente.Ou seja, é preciso ficar atento à dor de cabeça, ao tipo, à intensidade, ao local que afeta, aos outros sinais que o corpo dá, e ir a um pronto atendimento para saber ou não da necessidade de procurar um especialista. As pessoas têm de prestar mais atenção na dor que sentem e não generalizar ‘toda dor de cabeça é aquela enxaqueca que eu tenho’. Não se automedicar. Mudou a característica da dor, ou aquelas pessoas mais velhas que nunca tiveram dor e aparece, tem que investigar, tem de procurar ajuda, afinal a prevenção ainda continua sendo o melhor remédio.

 

Nenhum comentário

Deixe seu comentário: