Coluna: Direito e Justiça (14/03)

Direito e Justiça:

 

Boa Notícia:

 

 

– O amor e a caridade devem andar juntos:

– O amor é o sentimento que nos induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual sentimos afeição; brota em nós espontaneamente. A caridade é a mobilização de nossa vontade por esse sentimento, para que algo façamos em benefício de alguém ou de alguma coisa.

– O amor verdadeiro é puro sentimento, mas é geralmente estático. E, apesar de ser louvável e gratificante, muitas vezes torna-se inútil. Já a caridade é movimento, é ação, é o amor em atividade plena e que beneficia seres próximos, familiares ou não.

Jesus, mais do que ninguém neste mundo, amou seus familiares, seus discípulos, seus seguidores a todos perdoando, e por fim perdoou toda a Humanidade. Todavia, não permaneceu inativo nesse sublime amor. Pelo contrário, pregou, ensinou, exemplificou e curou todos quantos dele se aproximavam com humildade, fé e esperança.

– Já o Apóstolo Paulo , falando do amor, exalta as excelentes virtudes nele contidas, e quanto à caridade, afirma enfaticamente: “a caridade, um amor puro, excede e supera quase todas as outras coisas. Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” (Coríntios, 13, 1). Ou seja, cada um de nós, sem amor e caridade, seríamos inúteis e improdutivos.

– Não foi por outra razão – a de que amor e caridade devem andar sempre juntos – que Alan Kardec, codificador do Espiritismo, contrapôs-se à afirmativa dos Católicos de que “Fora da Igreja não há salvação, afirmando que “fora da caridade não há salvação”.

 

 

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Boa Notícia:

 

Dois homens na mesma janela:

– Um vê a lama; o outro, as estrelas.

· Frederick Langbridge

 

O grande golfista argentino Robert De Vincenzo, depois de receber o cheque do prêmio de um torneio e sorrir para as câmeras, foi guardar os tacos e se preparar para ir embora. Andando pelo estacionamento, para pegar seu carro, foi abordado por uma jovem. Ela lhe deu os parabéns pela vitória e contou que seu filhinho estava gravemente doente, à beira da morte. Ela não sabia como iria pagar o médico e o hospital.

Vincenzo comoveu-se com a história, pegou a caneta e endossou o cheque para a mulher.

– Dê alguns dias felizes à criança – ele disse, pondo o cheque na mão da mulher.

Uma semana depois, ele estava almoçando num clube e um membro da Associação dos Profissionais de Golfe, veio à sua mesa.

– Os garotos do estacionamento me contaram que você deu o prêmio do torneio a uma mulher, na semana passada.

– É verdade, disse De Vincenzo.

– Bem, tenho más notícias para você – disse o outro. – Ela é uma vigarista. Não tem nenhum filho doente. Nem ao menos é casada. Ela lhe passou a perna, meu amigo.

– Quer dizer que não tem uma criança morrendo?

– Exatamente.

– Esta é a melhor notícia da semana – disse DE Vincenzo.

 

 

FONTE: Você Não Está Só – Livro II.

Jack Canfield, Victor Hansen e Patty Hansen.

Ediouro – Págs. 153 / 154.

 

 

Comentário pessoal:

 

Muito bem! O apólogo é deveras interessante e muito instigador.

Poderei comentá-lo sob dois aspectos: principais o primeiro, criticando a ingenuidade (ou até burrice absurda) do grande golfista, deixando-se enganar tão facilmente e, por isso, vindo a perder o fruto do seu merecido prêmio; o segundo, elogiando ou, pelo menos, reconhecendo a grandeza de sua alma, compadecendo-se de uma situação triste e comovente ainda que sem comprovação alguma e apenas baseando-se na palavra de uma desconhecida espertalhona.

Se formos considerar apenas a maldade que grassa solta neste mundo materialista de hoje, De Vincenzo foi realmente um tolo, um ingênuo, um desavisado e tantos outros adjetivos similares que queiramos juntar a estes. Esforçou-se no torneio, ganhou o prêmio maior simplesmente para, em poucos segundos, abrir mão dele em prol de uma pessoa mentirosa, uma escroque, uma mulher temerária e que não teve medo de causar consequências ruins e infligir danos.

Entretanto, se formos considerar o lado humano, utilizando adjetivos como bondade, amor, caridade, solidariedade e também outros similares, teremos que reconhecer a grandeza da atitude inusitada, e aparentemente incompreensível, do golfista De Vincenzo. Sim, porque o seu gesto foi autenticamente cristão e correspondeu plenamente às palavras, gestos, exemplos e atitudes de Jesus. Não hesitou. Não pensou duas vezes. Desprendidamente, ele abriu mão do seu prêmio, (do valor em dinheiro) tão somente por amor e caridade a uma criança, cuja mãe presumível afirmava estar à morte.

– Dê alguns dias felizes à criança – disse ele à mulher – passando-lhe o cheque.

– Quer dizer que não tem uma criança morrendo? – e disse mais – Esta é a melhor notícia da semana –, quando foi cientificado do golpe no qual caíra.

Quem sabe a mulher, depois disso, possa cair em si e reconhecer a sua miséria moral e a grandeza imensa daquele a quem enganou? Quem sabe?

Embora, esta estória seja uma ficção, não deixo de reconhecer que ainda existem pessoas assim, como De Vincenzo. Abnegadas, Amorosas, Benfazejas. Caridosas, Desprendidas. Solidárias. Ainda que possam ser poucas, muito poucas, é verdade, elas redimem a Humanidade. Estão por toda parte, sacrificando-se pelos outros, pelo próximo e realizando ainda agora o que Jesus preconizou há 2000 anos. Sem literalidade bíblica:

– Amar a Deus sobre todas as coisas continua a ser o mandamento primeiro e maior, mas eu vos dou outro mandamento: o de amar o próximo como a ti mesmo.

Portanto, foi De Vincenzo quem lucrou no fim, como quer que seja, pois agiu conforme a sua própria natureza, amando o próximo como a si mesmo. Sendo gente!

Se ele abriu mão daquele valor, certamente irá ganhar muitos outros prêmios tão ou mais valiosos, mercê do seu mérito pessoal. Como ser humano e esportista de escol.