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Coluna: Cantinho do Mário (30/04)

sáb, 30 de abril de 2022 08:07

CANTINHO DO MÁRIO

O SORRISO DE MONA LISA

Quanto mais eu vivo, menos entendo os valores humanos, homens se matam por uma pedra de diamante, por um pouco de ouro, prata, drogas. Lembro-me de Serra Pelada, que foi o maior garimpo do Brasil, cuja exploração se deu principalmente de 1980 a 1983, atraiu aventureiros do Brasil e de países vizinhos. Quem nunca trabalhou, se matou por umas gramas de ouro? A grande utopia estava localizada na Serra dos Carajás, no Pará, era um morro sem vegetação, de 150 m2. Atualmente, só resta uma cratera de 24 mil m2, com 70 a 80 metros de profundidade, que as águas transformaram num lago poluído de mercúrio. Quem ficou rico ali foram só os atravessadores. Contam que em uma cidade aqui no Triangulo Mineiro foi encontrado o sexto maior diamante do mundo, ele foi exposto no Museu do Louvre, em Paris, por uns tempos. Será que além de sua beleza física, serve a humanidade para alguma coisa? Quando os conquistadores espanhóis chegaram na América do Sul, seus olhos cresceram com a riqueza que os Incas ostentavam, contudo, grande parte morreu de febres à procura da cidade lenda “El Dorado”. Costumo assistir a alguns programas americanos de reformas de carros. Eles mostram o antes e o depois. Os carros chegam as oficinas como verdadeiros cacarecos, depois que os reparam e passam um batom, são vendidos em leilões por cem mil dólares. Uma Ferrari zero quilometro custa mais ou menos a bagatela de C$3.200 000,00. Um baita sonho de consumo? Ostentação? Qualquer carro montado no Brasil, com valor aproximado de C$100.000,00, oferece o mesmo conforto, e nos leva onde o outro leva. Será que é isso mesmo? Não entendo nada de obras primas ou de arte, qualquer coisa que me agrade eu dou o valor merecido. Sempre me preocupei com um conforto relativo, tudo que é excessivo, acaba por nos aleijar. Ficamos preguiçosos, indolentes e aos poucos vamos engordando, dando pasto para o colesterol ruim e daí a pouco estamos comendo raiz de grama, sou adepto daquele ditado: “Tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. Compram uma roupa de marca e saem por aí se exibindo, se não fosse ridículo, as pessoas andariam com as etiquetas penduradas. Vaidade, tudo é vaidade como dizia o pregador. Há uns anos, um amigo comprou uma calça jeans americana que lhe custou o salário do mês, o outro comprou uma fabricada no Brasil por uma bagatela, pediu para a mãe dele desbota-la, depois, olhando as duas não se via diferença. Com o dinheiro do quadro “A Mona Lisa de Da Vinci, que está avaliado em US$2,5 bilhões de dólares, poderíamos matar a fome de milhões de pessoas sobre a face da Terra, contudo um quadro que faz morada em museus famosos, não tem outra utilidade além de ser admirado, é o objeto de consumo de colecionadores endinheirados, que vão passar para o segundo andar, como todos nós e não vão levar um centavo. Puro materialismo. Talvez por isso a Mona Lisa tenha aquele sorriso matreiro. Não há dúvida, é importante viver o durante, porém não se deve esquecer que logo ali virando a esquina damos de cara com o depois. Um filosofo disse: Começamos a morrer assim que nascemos. Pois é.

MÁRIO FERREIRA.:

 

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