A imprensa na cidade de Uberabinha – Histórias de Uberlândia
qui, 28 de novembro de 2013 00:04
Praça da Independência, Uberabinha, no começo do século XX. Atualmente, Praça Coronel Carneiro, em Uberlândia.
Foto: Divulgação.
O primeiro periódico que surgiu em Uberabinha foi o semanário “A Reforma”, que pertencia a uma associação particular e era dirigido por Armando Santos. Iniciou a publicação em 1897 e teve vida agitada e breve. Seu diretor participava da política e, nesse tempo, jornal que fizesse política não conseguia sobreviver.
A seguir, em diversas épocas diferentes, o “Gazeta de Uberabinha”, o “Cidade de Uberabinha”, “A Semana” e “A Nova Era”, todos cheios de razão e espírito virtuoso, descreveram rápidas e fugazes trajetórias pelo céu de Uberabinha. Apareceram luminosos, brilharam por alguns momentos e se esvaeceram na noite escura do horizonte.
“O Progresso”
Em 1907, aproveitando o mesmíssimo prelo em que, durante uma década haviam sido impressos os periódicos antecedentes, surgiu “O Progresso”. Fundado, dirigido e editado pelo major Bernardo Cupertino, esse periódico, que não se filiava ostensivamente a partidos políticos locais, mostrou-se desde o princípio bem orientado e capaz de vingar.
Um tanto pequeno e acanhado em seu começo, “O Progresso” encontrou bom acolhimento da parte do público e, com o passar do tempo, foi progressivamente fortalecendo e melhorando sempre, no formato, na apresentação da primeira página, na importância editorial.
Dirigido por seu editor-proprietário de forma dinâmica, “O Progresso”, embora fosse incondicionalmente apartidário, adaptava-se e fazia suas as causas do povo que, à sua vista, figurassem honestas e justas e, como um paladino da terra, batalhava pelo engrandecimento local.

“Tipographya” onde era impresso o jornal “O Progresso”. Sentado, à direita, o major Cupertino. Foto: Divulgação
Durante a agitada campanha civilista de 1910, “O Progresso” mostrou-se aguerrido parceiro das aspirações populares. Combateu as pretensões do militarismo em magistrais artigos que mereceram honrosas referências e transcrições em outros e abalizados órgãos da imprensa diária.
“O Progresso” foi, muitas e muitas vezes, orientador oportuno da opinião pública local em diversas questões de relevância, embora mostrasse em seu programa o alheamento dos assuntos partidários, das polêmicas demolidoras e dos escândalos oportunistas.
O papel refletia o temperamento equilibrado e bondoso do seu diretor, a quem Uberabinha deveu o obséquio de haver ensaiado e tornado possível a imprensa moralizada, educativa e imparcialmente justa. Infelizmente encerrou suas publicações em 1918, logo após o falecimento de sua alma, o major Cupertino, deixando de si boas e saudosas recordações.
Contemporâneos de “O Progresso”, ainda que em períodos sucessivos de breve duração, foram, em ordem cronológica, “A Voz de Uberabinha”, “O Paranahyba” e “O Brasil”, semanários de bom formato que prestaram estimável serviço à causa pública.
Os sucessores
Preenchendo sua lacuna, surgiu o jornal “A Notícia”, que durou apenas um ano. Em seguida nasceu “A Tribuna”, propriedade de uma associação.
Muito bem diagramado, com boa apresentação, enriquecido oportunamente de fotografias e gravuras referenciadas a homens e coisas, “A Tribuna”, continuando as honrosas tradições do “O Progresso”, foi progressivamente afirmando-se na cidade. Foi dirigido por Agenor Paes que, carinhosamente, lhe dedicou o melhor de sua inteligência e energia. Diziam na época que ocupava lugar de destaque e prometia fazer carreira.
Outros ensaios ocorreram da impressa local, como o “Diário de Uberabinha”, de pequeno formato, surgindo em 1917, mas desaparecendo rapidamente. Surgiu também a revista “A Escola”, dirigida pelo professor Honório Guimarães, propondo-se a debater os interesses da instrução e educação da primeira infância. Circulou durante algum tempo, com boa aceitação do público. Vários outros surgiram ocasionalmente com fins publicitários, geralmente ficando na primeira edição.
Surgiram também os jornaizinhos de humor, cheios de críticas casuísticas e debochadas. Geralmente duravam um trimestre, prazo que cobravam por sua assinatura.
Uberabinha estimulava as tentativas editoriais de qualquer espécie, tendo em vista a comodidade que oferecia aos editores locais, na fácil utilização de suas oficinas de obras gráficas, com máquinas ditas excelentes, movidas a eletricidade.
Essa facilidade incentivou o surgimento do “Almanak de Uberabinha”. Circulou durante dois anos, 1911 e 1912, dois volumes fartos de notícias e informações úteis, editados por Zacharias de Mello, na Livraria Kosmos.
Coimbra Júnior.
(*) Administrador de Empresas, especializado em Finanças. Trabalha atualmente na Via Travel Turismo. Criou a página História de Uberlândia no Facebook.
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Achei sensacional a matéria ” A imprensa na cidade de Uberabinha”. Sou bisneto do Major Bernardo Cupertino e gostaria de cumprimentar “A Gazeta do Triângulo pela iniciativa. Infelizmente não consegui abrir as fotos que ilustram a matéria. Gostaria muito e obtê-las para poder mostrar às minhas filhas e netas.
Um grande abraço
Wilson