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A graça encontrou um caminho

qui, 29 de maio de 2014 00:00

juliano fabricioPor JULIANO FABRÍCIO

Em seus contatos sociais, Jesus acabou também com as categorias judias de “puros” e “impuros”.

O texto de Lucas 8, por exemplo, registra três incidentes em rápida sucessão que, juntos, devem ter confirmado as ideias erradas que os fariseus tinham a respeito de Jesus. Primeiro, Jesus navegou para uma região habitada por gentios, curou um louco nu e designou-o como missionário em sua cidade natal.

Depois, Jesus foi tocado por uma mulher com hemorragia há doze anos, um “problema feminino” que a desqualificava aos cultos e, sem dúvida nenhuma, provocava-lhe muita vergonha. (Os fariseus ensinavam que essas enfermidades aconteciam por causa de um pecado pessoal; Jesus os contradisse diretamente.)

Dali, Jesus seguiu para a casa de um chefe de sinagoga cuja filha havia acabado de morrer. Já “impuro” por causa do louco gentio e da mulher hemorrágica, Jesus entrou no quarto e tocou no cadáver.

As leis levíticas advertiam contra o contágio: contatos com doentes, gentios, cadáveres, certos tipos de animais ou até mesmo mofo e bolor podiam contaminar uma pessoa.

Jesus inverteu o processo: Em vez de ficar contaminado, tornou a outra pessoa sadia.

O louco nu não contaminou Jesus; foi curado.

– A pobre mulher com o fluxo de sangue não envergonhou Jesus nem o tornou impuro; ela se afastou sadia.

– A menina morta de doze anos de idade não contaminou Jesus; foi ressuscitada.

Vejo no método de Jesus um cumprimento, e não uma abolição das leis do Antigo Testamento.

Deus tinha “santificado” a criação separando o sagrado do profano, o puro do impuro. Jesus não cancelou o princípio santificador; antes, mudou sua fonte. Nós mesmos podemos ser agentes da santidade de Deus, pois Ele habita em nós. No meio de um mundo impuro podemos passear, como Jesus, buscando meios de ser uma fonte de santidade.

Os doentes e os aleijados para nós não são avisos vermelhos de contaminação, mas receptores em potencial da misericórdia divina. Somos chamados para estender essa misericórdia, para ser transmissores da graça, e não para evitar o contágio. Assim como Jesus, podemos ajudar o “impuro” a se tornar limpo!

Levou algum tempo para a igreja ajustar-se a essa mudança dramática; Pedro precisou da visão no terraço.

Semelhantemente, a igreja precisou de um incentivo sobrenatural para levar o evangelho aos gentios. O Espírito Santo estava contente em atuar, enviando Filipe primeiro a Samaria e depois levando-o para a estrada no deserto onde encontrou um estrangeiro, um homem negro, alguém que era considerado impuro segundo as regras do Antigo Testamento (como eunuco, ele tinha os testículos danificados). Pouco tempo depois, Filipe batizou o primeiro missionário para a África.

O apóstolo Paulo inicialmente uma das criaturas mais resistentes à mudança, um “fariseu dos fariseus” que diariamente agradecia a Deus por não ser gentio, escravo, nem mulher, acabou escrevendo estas palavras revolucionárias: “Desta forma não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, pois todos vós sois um em Cristo Jesus”. Sobre a morte de Jesus, ele disse, derrubou as barreiras do templo, desmantelou os muros divisórios da hostilidade que haviam separado as categorias de pessoas.

Enfim… Nele a graça encontrou um caminho.
tg29

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