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Indenização a filhos separados dos pais com hanseníase é debatida em audiência

qua, 13 de novembro de 2019 05:46

por Laura Alvarenga

Aconteceu nesta segunda-feira, 11, uma audiência pública a fim de apresentar e discutir a situação dos integrantes do “Somos Todos Colônia”, grupo de filhos separados dos pais diagnosticados com hanseníase. Promovida pelos vereadores Giulliano Sousa Rodrigues (PTC) e Wesley Lucas de Mendonça (PPS) a reunião se deu no plenário da Câmara Municipal na presença de civis e representantes do município.

Egressos acreditam que o valor proposto através da indenização, não condiz com a realidade

Egressos acreditam que o valor proposto através da indenização, não condiz com a realidade

 

O vereador Wesley Lucas relatou que, ao ser procurado pelo grupo do “Somos Todos Colônia”, o objetivo da casa Legislativa foi justamente participar da movimentação que acontece em todas as cidades do Estado, onde tiveram pessoas egressas de preventórios. O presidente da Câmara Municipal ainda contou sobre a existência de uma Lei Estadual garantindo o direito à indenização destinada a esses filhos, caso este apresente uma renda de até quatro salários mínimos.

“Eles nos solicitaram essa audiência pública e que fosse elaborado um documento a ser entregue ao governo do estado de Minas Gerais, para que possa provocar um debate e, consequentemente, o pagamento dessas indenizações”, destacou o vereador. Ele também disse que a previsão é de que o documento esteja na esfera estadual até o próximo dia 20.

Indenização a filhos separados dos pais com hanseníase é debatida em audiência

Indenização a filhos separados dos pais com hanseníase é debatida em audiência

 

Visando ajustar os valores e forma de pagamento da indenização que gira em torno de R$ 12 mil, a Sra. Mônica, representante do Somos Todos Colônia de Belo Horizonte, afirmou que “ninguém queria adotar um filho cujo pai ou mãe tinha hanseníase, gerando total preconceito ao caso”.

Mozart Rosa da Silva, um dos egressos do preventório de Araguari e integrante do Somos Todos Colônia, ressaltou a negligência do Estado, tendo o mesmo terceirizado a criação desses jovens, uma vez que, cada um possuía sua singularidade. “A saída do educandário é o que causou maior dano aos filhos, pois muitos não conseguiram se encontrar sendo invisíveis aos olhos do Estado. Muitos filhos separados, os quais pedem essa indenização, se encontram em situação de pobreza, almejando um valor minimamente justo para essa causa humana e social”.

Histórico

O caso aconteceu em um dos marcos legais da política de isolamento, estabelecida através da Lei nº 610 de 1949, a qual orientava a separação compulsória e imediata dos filhos daqueles pais isolados por hanseníase. Entre as décadas de 1920 e 1980 em torno de 16 mil brasileiros sofreram com a situação. De acordo com dados do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) estimativas oficiais apontam que mais de 14 mil filhos separados ainda estejam vivos.

À época, a Lei obrigava que todos os filhos de pais que fossem diagnosticados com hanseníase fossem enviados ao educandário mais próximo da região, não importando se eram recém-nascidos ou crianças com certa idade. Por outro lado, os doentes eram isolados em uma colônia com a promessa de receberem tratamento adequado, contudo, muitos morriam sem a família ter conhecimento.

8 Comentários

  1. Pedro caldeira disse:

    Infelizmente sou uma destas vítimas . So Deus sabe o quanto sofremos internado num preventório longe de pai e mãe . Chorar significava apanhar ,sujeito a trabalhos forçado por pessoas inescrupulosas que se dizia cuidadores. Tamanho sofrimento trouxe traumas em que até hoje nos causa dor devido o preconceito pelo qual somos vítimas pela sociedade . Nesta época famílias foram dizimadas sem siquer conhecer uns aos outros. Ainda que venhamos a receber uma indenização ainda assim não apagará de nossa memória tamanho sofrimento . Por isto não queremos esmola e sim uma indenização justa da parte do governo ,pois foi o Estado que nos causou tamanha dor ,ainda que venhamos a receber uma indenização ,não significa que vai apagar de nossa memória tamanho sofrimento . Pedimos ao governador que cumpra a lei antes que seja tarde demais ,pois muitos estão morrendo levando consigo está dor.

  2. David Ferreira De Azevedo Filho disse:

    Bom dia! Eu também sou filho de colônia, nascido em 20/10/1959 colônia São Francisco de Assis Bambuí MG. Nesta época não da para calcular o sofrimento de um filho de colônia. A humilhação foi tamanha que me deixou sequela .espero que nossos governantes olhe para nós com muito apreço no tocante ao valor. Claro que o que passamos jamais vai apagar da nossa mente, tenho certeza que não vai demorar para se cumpra a lei,pois a maioria de nós já estamos com a idade avançada.

  3. Vanda Ajala Gonçalves disse:

    E verdade mesmo que venhamos conseguir ser indenizados nunca apagará da memória tantos sofrimento eu tinha apenas quatro anos de idade quando me tirarão da minha mãe foi muito triste fiquemos isolado de todos pra passarmos por enxames e verem que não tinhamos nada apanhavam igual animais era orrivel mesmo não quero nem lembrar más não consigo

  4. Daniel Ribeiro dos Santos disse:

    Não foi fácil, mas Deus nos deu vitória. Ainda aproveitei meus pais por um bom tempo. Nada do que me foi falado foi verdade. Tínhamos que trabalhar no serviço pesado, inclusive fazer o trabalho de animal: puxar carpideira. Ex.interno. período: 1970 a 1977. Daniel Ribeiro dos Santos. Outros irmãos: Sebastião, Gasparina,Maria Madalena e Paulo.

  5. Daniel Ribeiro dos Santos disse:

    Complemento: Fui isolado dos meus pais no Preventório de Araguari_Minas Gerais. Eu era coleguinha do Mozart.

  6. José Carlos Batista disse:

    sou daqui da região dos Lagos da cidade de Itaboraí Rio de janeiro eu e meu irmão e também outras pessoas iguais a minha cituação queremos que o governo repare pelos esses danos morais desta época que sofremos muito no Educandário passamos por muitos preconceitos nós famos assim que nascemos para o Educandário não tinha como ver os nossos pais todos do educandário passamos por transtornos famos criados como se fosse uma pessoa qualquer cresci e vivendo com pessoas que defamavam nós todos era como fosse uma prisão famos várias vezes maltratados umilhados ofendidos com palavras de ofensas desde então crescemos revoltados e por isso pesso por todos os que passaram pelos estes mesmos problemas então pesso aos gorvenantes que repare esses danos morais e muito mais do que isso queremos que a justiça e o ministério público se manifestam a respeito dessas pessoas de filhos de hansenianos é o mínimo oque possa fazer nada paga a reparação deste fato do acontecido que todos nós sofremos sem que ter alguém da época que pudia nós defender e nós amparar fica aqui está mensagem não só por mim mais para todos que passaram por estas defamacoes fica o meu agradecimento Obrigado

  7. DONIZETE CUSTODIO RODRIGUES disse:

    Sr secretário estadual boa tarde e aí a lei 23.137/2018 tem que ser cumprida dentro dos prazos estabelecidos pela comissão STC e os 22 requerimentos foram analisados e deferidos e agora falta ainda pedir para marcar o dia e pagar???? O governador e o partido novo Não cumpre a lei dos filhos separados, É preconceito governador? Cumprir a lei é tanto obrigação dos políticos quanto dos cidadãos. Que vergonha!!!!! Já não basta os senadores e deputados exigir o cumprimento desta indenização.? Pelo amor de Deus.

  8. ISABEL CRISTINA VIEIRA BARROSO disse:

    Sr governador zema Eu sou filha separada e a lei 23136/2018 prevê indenização de reparação por danos morais e matérias.Nos queremos um valor de uma casa pois há muitos filhos em situações de vulnerabilidade.Ou uma pensão vitalícia no valor de 2 salários mínimos.

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