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ESPECIAL – Mais motocicletas no trânsito… Mais vítimas de acidentes

qua, 6 de janeiro de 2016 08:00

Da Redação

Araguari possui quase 24 mil veículos dessa natureza em circulação

Araguari terminou o ano de 2015 com uma frota superior a 75 mil veículos em circulação, de acordo com estatísticas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Destes, quase 24 mil motocicletas e motonetas, ficando atrás apenas de Uberlândia, Uberaba, Patos e Ituiutaba. Aliás, perde.

De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) a frota mineira de motocicletas é a segunda maior do país, com 2.075.169 unidades. Sozinha, Minas Gerais responde por 11% da frota nacional. Em primeiro, vem o estado de São Paulo.

Motocicletas e motonetas lotam as ruas da cidade

Motocicletas e motonetas lotam as ruas da cidade

 

Conforme o levantamento mensal do Denatran, em novembro Araguari contava com 18.665 motocicletas e 4.690 motonetas, além de 730 ciclomotores. Ao final de 2014, eram 17.942 motocicletas, quase 800 unidades a menos do que dezembro de 2013.

Uberlândia tem uma frota de motos cinco vezes maior do que a de Araguari, Uberaba pouco mais do que o dobro, Patos de Minas 40% a mais e Ituiutaba 5% a mais. No caso desta última cidade, Araguari perde apenas no agregado, uma vez que possui um número maior de motocicletas em circulação.

“Preferi comprar a moto ao invés de um carro. Ela é mais econômica e mais ágil”. A frase de um vendedor que trabalha numa loja de calçados resume o motivo da grande maioria para a aquisição da famosa motoca. De fato ela estraga menos, o combustível rende mais e, normalmente, a locomoção é menos complicada no perímetro urbano.

Por outro lado, quanto mais motocicletas nas ruas, mais trabalho para o Corpo de Bombeiros, unidades de saúde e autoridades policiais. Em Araguari a média é de cinco acidentes com motociclistas por dia, sempre com algum tipo de ferimento. No ano passado, ocorreram algumas mortes, as duas últimas vitimando um mestre de obras do bairro Amorim e um jovem mecânico do bairro Novo Horizonte. No Brasil, os óbitos desta natureza também estão em uma crescente e representam a maioria dos registros no trânsito desde o ano de 2007.

GRÁFICO DENATRAN

GRÁFICO DENATRAN

“Gasto um pouquinho mais com o meu carro, porém, a segurança é maior para todos da família”, frisou uma secretária, que reside num bairro distante e trabalha num escritório de advocacia no Centro.

O alto índice de acidentes em duas rodas pode ser explicado a partir da observação do comportamento de muitos condutores. Situações de imprudência, como transitar entre carros em movimento, ultrapassar pela direita, avançar cruzamentos e trafegar em velocidade incompatível com a via, são flagradas a qualquer momento do dia ou da noite.

PROIBIDO ERRAR

Conforme a doutora em Ciências Sociais Andreia Santos, um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou que o país vive uma epidemia de mortes e acidentes envolvendo motocicletas.

“É um problema de saúde pública, porque muitos condutores e caronas, machucados, ficam impedidos de exercerem qualquer atividade remunerada após o dano, necessitando de apoio do Governo pelo resto da vida. O pior é que a maioria deste grupo é formada por jovens”, ressaltou.

Para Andreia Santos, especialista em violência no trânsito, outro problema a ser observado é que, nos últimos tempos, aumentou o número de acidentes envolvendo condutoras do sexo feminino, as quais, até então, só eram transportadas na garupa.

De acordo com o sociológico Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa do Instituto Sangari e autor do “Mapa da violência 2013 – acidentes de trânsito e motocicletas”, a estimativa é que, em até quatro anos, as vítimas de acidentes de moto representem a metade das ocorrências envolvendo o trânsito no Brasil, onerando ainda mais os cofres públicos com os elevados custos para tratamentos.

O especialista afirma que a atual situação, de aumento nos casos de acidentes, é resultado da política de expansão industrial no século passado, quando as fábricas de carros e motos receberam incentivos fiscais para ampliar a frota nacional.

“O Governo pensava que seria correto incentivar o uso das motos pelo trabalhador, ao invés de investir na mobilidade urbana das cidades. É como se, cada um resolvesse sozinho seu problema de transporte. Depois disso, na década de 1990, com a implantação do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) não houve nenhum controle específico para este tipo de veículo, originando assim uma verdadeira corrida da morte. O mais interessante é que ainda hoje o Governo estimula a indústria automobilística, com a redução de impostos como o IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados) como forma de aquecer a economia do país. Estamos em uma situação difícil, com o trânsito das cidades completamente inviável. É preciso investir em mobilidade em longo prazo”, argumentou.

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