Ficha Técnica – Luiza Negreiros
qua, 23 de dezembro de 2015 08:23
Chamo-me Hamilton. Meu pai diz que recebi este nome em homenagem a um ex-canhotinha de Araguari, onde nasci e vivi toda minha infância. Estudava numa escola pública da cidade, mas gostava mesmo era de jogar bola com a turma do bairro. Minha história poderia muito bem ser contada como um conto de fadas, daqueles que começam com “Era uma Vez”, não fosse o que passei naquela tarde de 2008.
Era ano de interescolar. Naquele dia, todos desceram na hora do intervalo para o centro da cidade, onde jogaríamos a final contra uma escola particular. Estávamos em maior número, apoiados por uma torcida organizada de dar inveja em grandes times. Chegamos ao Ginásio Poliesportivo, com tudo que uma final poderia proporcionar. Casa cheia, sob uma mistura de tensão e euforia. Mais um ano, lá estava Luiza.
Estudante da escola particular, daquelas que todos reverenciavam por onde passava. Extrovertida, de beleza singular, lia Quintana e Bandeira, e ouvia Chico e Caetano. Relíquias influenciadas por uma radiola deixada por sua avó. Seu sonho era ser jornalista, por tanto escrever sobre aquilo que vivia. Naquele dia, Luiza estava no penúltimo ano do ensino médio, novamente cercada por meia dúzia de amigos na arquibancada rival. Outra vez, prometi declarar-me para ela sobre tudo aquilo que pensava. De novo, a promessa seria adiada.

Ginásio Poliesportivo e o fim de uma história
Vencemos o jogo, porém mais uma vez perdi Luiza de vista. Garanti para mim mesmo que no próximo ano a história seria diferente. Preparei-me como nunca para o torneio, abdiquei das peladas com a turma do bairro e ainda tirei dez em matemática. Até que durante um dos treinos no colégio, ouvimos que o ginásio seria fechado sob a promessa de uma reforma geral. Em meio a tanta revolta e incertezas de todos, a angústia só fazia-me pensar quando veria aquela nobre torcedora de novo.
Como um roteiro de conto de fadas na vida real, larguei o futebol e decidi estudar para ingressar em uma faculdade de medicina. Mas quase sete anos depois, durante um típico plantão no Pronto Socorro entre falta de estrutura e de equipe, recebo a notícia que uma das pacientes não conseguiu resistir na fila de espera. Em meio a uma sensação de culpa e desespero, corro na direção dela para tentar um milagre, mas era tarde demais. Luiza havia sido atropelada por um motorista embriagado no centro da cidade.
Aquela foi a última vez que vi a mulher dos meus sonhos, que encantava todos nos tempos de interescolar. Assim como a promessa do Ginásio Poliesportivo, jamais consegui concretizar o que havia garantido naquela tarde de 2008. Luiza foi para mim, o que a maior praça de esportes da cidade é para a prefeitura.
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