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Avenida 1º de Abril

qua, 1 de abril de 2015 06:00

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Quando criança, acreditava que Carlos era um mentiroso de galocha. Lia suas obras, mas pouco entendia – Ave Maria, como aquele mineiro parecia viver num mundo de fantasia! Foi quando em uma única frase, comecei a compreender. “Há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual de nascer ou morrer”, dizia. Pois bem, além de conterrâneos, enfim, começamos a falar a mesma língua.  

AFP (PJ

Fazendo o caminho habitual pela rodovia, comecei a brincar de misturar pensamentos. Com um sentimento de 7×1, refleti sobre os dias dos quais muitas verdades esconderam mentiras. Lembrei novamente dos tempos de criança, quando dizia não ver aquelas passas no prato, se era somente o que via.

O carioca Nelson, exímio admirador do futebol, vociferava que muitas vezes era a falta de caráter que decidia uma partida. “Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”, dizia. Outro que estava com a razão, mas pouco entendia.

Do silêncio que invadiu a sala de estar, a universidade e a janela do ônibus, procurei quantos pensamentos precisaríamos para começar a agir, ou simplesmente falar. Seria a mesma conta de quantos chutes para se chegar ao gol, ou quantas tentativas para desatar um nó. Foi quando encontrei outro carioca. “Quem deseja ver o arco-íris, precisa aprender a gostar da chuva”, dizia Paulo.

No ano que vem, as Olimpíadas serão realizadas em sua cidade. Durante o caminho, indaguei-me para onde anda nosso esporte. Conterrâneo de Paulo, Millôr alertava antes de subir aos céus. “O poder é o camaleão ao contrário, todos tomam a sua cor”. Amante de futebol, Armando era mais saudosista, “Se Pelé não tivesse nascido homem, teria nascido bola”.

Caro leitor, peço perdão pelas mal traçadas linhas, mas é apenas um tanto daquilo que encontrei. Não adianta decorar Carlos Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, Millôr Fernandes, Paulo Coelho ou Armando Nogueira, se ao menos compreendemos seus desencantos. Como essa rua não é minha, melhor tirar meu time de campo.

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