Um monte de analfabetos de canudo nas mãos, por Carlos Delano R. Pinheiro
sex, 11 de abril de 2014 00:09Carlos Delano R. Pinheiro
Sabemos que estamos numa nova era, onde gerir o tempo é fundamental para o sucesso de qualquer negócio, mesmo que esse negócio seja você.
Cresci sendo ensinado a somar, subtrair, multiplicar e dividir usando a tabuada. Cresci também aprendendo que saber escrever e ler bem eram adquiridos por dois caminhos: fazendo ditado e lendo muito. Entretanto, esses ensinamentos ficaram para trás, obsoletos e condenados por cientistas linguísticos, após reconhecer que se tratava de um ensino mecanicista e preso a costumes tradicionais. Mas até que ponto esses recursos prejudicaram a aprendizagem de tantos grandes nomes do nosso passado não tão distante?
Chegou a era da informática, aliás, da tecnologia que se avança, avança e avança…, sempre, sem dar tempo, muitas vezes, de acostumarmo-nos com as suas invenções. Com ela, equipamentos, instrumentos e recursos foram criados para facilitar a vida das pessoas. Essa facilitação, na visão deste humilde educador, pode ser confundida com retrocesso, isso mesmo, retrocesso da nossa capacidade de pensar, de raciocinar e de evoluir, nas ciências, sejam elas exatas ou humanas, não importa, aliás, importa muito, pois reflete em perceptíveis resultados no nosso dia a dia.
Ninguém sabe mais realizar as quatro operações, mesmo que sejam básicas; ninguém mais sabe calcular um percentual simples; ninguém consegue ter decorado em sua mente pelo menos cinco números de telefone; ninguém sabe mais escrever, pois não mais exercita a leitura e a escrita com se deve. Isso é ou não retrocesso?
Tem aluno que não quer mais escrever o que é escrito no quadro. Prefere tirar uma foto do quadro, escrito pelo professor. Até parece que vai ler. Fica na extensa memória do aparelho, infinitamente maior que a sua curta e degenerada memória, não exercitada como se deve.
Mas o número de faculdades particulares no Brasil cresce a cada dia. São tantas, que não falta emprego para as celebridades da mídia ganhar dinheiro com propagandas, mentindo, seguindo um roteiro de interesse, zelando pelo clientelismo. Essas faculdades muitas vezes não têm critérios exigentes para selecionar através de seus vestibulares, a não ser, a capacidade de honrar com o compromisso financeiro em dia.
Muitos universitários sequer sabem escrever. São totalmente despreparados em todos os aspectos básicos da comunicação. Erros gravíssimos que arrancam gargalhadas deles mesmos, como protagonistas de uma tragicomédia 100% brasileira. Caso se tire o celular de suas mãos, apresentar o resultado de 2 x 5, com certeza, 10 não será a nota final.
Mas isso não importa. O mais importante é o diploma, o certificado, o canudo, mesmo que venha a servir para enfeitar a estante, a mesinha do quarto, ou servir especialmente de base, ao lado de uma boa indicação, para tirar do mercado, profissionais preparados.
(Artigo extraído do jornal O Povo online)
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