Da Redação

Euclésia Moura dos Santos foi uma das unanimidades entre as pessoas eleitas para receber o Troféu Gazeta do Triângulo, em 2008. Trata-se de um dos grandes símbolos desportivos da cidade de Araguari e uma das melhores atletas de natação de todos os tempos da região do Triângulo Mineiro, chegando a projetar-se no âmbito nacional e internacional.

Filha primogênita dos saudosos Carlos José de Moura e Florentina Souza Camargo Moura, Euclésia começou a praticar natação em 1952, sob o comando do eficiente treinador Antônio Cleto Filho. O talento para o desporto logo elevou seu nome para o alto do pódio, tornando-se conhecida como o “torpedinho humano”, em razão de suas constantes vitórias, alcançando notória invencibilidade nas competições disputadas em Araguari, Uberlândia, Uberaba e Araxá.

 

Abraçando o estilo clássico (nado de peito), logo em 1953, Euclésia conquistou o campeonato brasileiro na modalidade dos 100 e 200 metros, nos jogos Abertos do Interior, realizados em Ribeirão Preto (SP) tendo na oportunidade, superado o recorde dos 100 metros, há 12 anos em poder de Maria Lenk, ex-recordista mundial e figura lendária da natação brasileira. A jovem Euclésia, com sua técnica apurada a força, veio a se constituir no maior destaque da equipe mineira de natação.

Ainda em 1953, na piscina do Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte, Euclésia venceu a disputa pelo troféu “Mendes de Morais”, competição que teve a participação de nove concorrentes da maior categoria, inclusive a campeã brasileira do estilo nado peito (nado clássico), Wanda de Castro. Para se avaliar a importância da competição, as medalhas dos vencedores foram entregues pelo próprio governador de Minas, Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Prosseguindo sua carreira de sucessos, Euclésia participou das competições alusivas as festividades dos 400 anos da fundação da cidade de São Paulo e, no torneio “Temporada Internacional de Natação”, com as presenças de Brasil, Estados Unidos, França, Alemanha, Japão e Argentina, a formidável desportista araguarina conseguiu seu maior feito, ao quebrar o recorde sul americano dos 100 metros, nado clássico, com a marca de 1’36”6. Na oportunidade, recebeu a medalha das mãos do governador de São Paulo, Lucas Garcez.

A rápida ascensão da atleta araguarina despertou o interesse das grandes potências da natação brasileira da época e vários clubes tentaram sua contração, entre eles, o Fluminense do Rio de Janeiro, Pinheiros e Tietê, de São Paulo, e o Minas Tênis, de Belo Horizonte. Euclésia preferiu permanecer em Araguari e, pouco tempo depois, casou-se com Walter Luiz dos Santos, passando a residir em Belo Horizonte. Da união conjugal, nasceram dois filhos.

Euclésia Moura dos Santos também se destacou nas competições do torneio “Master de Natação”, sempre conseguindo excelentes performances, como no “Campeonato Brasileiro de Natação Master”, realizado em São Lourenço, classificada nos 50 e 100 metros nado de peito, obtendo duas medalhas.

Euclésia foi uma atleta singular e conseguiu grandes vitórias no desporto. Competiu em um tempo onde não existiam patrocinadores e maiores incentivos para a prática do esporte. Na época – como ainda hoje – as competições mundiais de natação eram amplamente dominadas pelos norte-americanos, australianos e europeus, cuja supremacia, somente em raras oportunidades, era ofuscada pelas raras estrelas que brilhavam na natação sul americana, dentre elas, as brasileiras Maria Lenk, Euclésia Moura dos Santos e outras perseverantes atletas que suplantaram todas as dificuldades técnicas e a falta de apoio institucional.