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Seleção brasileira: uma seleção de jogadores estrangeiros!?!?

qui, 10 de julho de 2014 14:36

Abertura Perspectivas da Cultura
Pode até ser prepotência minha, mas estou engasgado depois de assistir alguns pedacinhos dos grandes jogos da seleção brasileira de futebol.

O que mais me motivou a arriscar uma critica à nossa grande seleção, nesta copa, foi o fato de ver meus dois filhos (um de 10 e outro de 4 anos) assistindo aos jogos.
Afinal de contas, isto pode ficar marcado em suas lembranças durante toda a vida. E convenhamos, será uma péssima e amarga lembrança.

Falo isto pois até hoje lembro da época dos meus 5 anos de idade onde a nossa seleção conquistou o Tri em 1970. Lembro dos berros de meu pai e de seus saltos fantástico em frente à nossa TV em preto e branco toda vez que um gol era marcado por aqueles artistas fantásticos que pintavam o gramado dos campos com suas jogadas e gingados maravilhosos. Dignos de eternos aplausos.

Engraçado…, mesmo que se perdêssemos aquela copa, tenho certeza que até hoje os aplaudiríamos, pois coloriram nossos olhos de magia. Realmente brincavam de jogar futebol. Passei a admirar o futebol e adorava jogar, mesmo sem ter o talento do esporte, mas pela beleza que existia nas jogadas brasileiras.

O futebol brasileiro tinha gingado, tinha samba, tinha malandragem e estripulia que faziam os estrangeiros beijarem a grama ou ficarem perdidos sem saber onde a bola se encontrava quando Garrincha sambava em pleno gramado.

Pelé deixava “os gringos” tortos sempre que fazia da bola uma extensão de seus gingados e jogadas mágicas. O que falar de Zico, Rivelino, Jairzinho, Gerson, Falcão, Dirceu, Nelinho e tantos outros mágicos brasileiros e verdadeiros jogadores de futebol brasileiro.

Era fácil sentir o coração pulsando em verde e amarelo dentro e fora do gramado.

Jogavam pelo dom e pelo prazer de jogar e defendiam realmente a seleção brasileira e não a sua projeção dentro do marketing e produto, hoje, chamado de futebol.
O que que aconteceu???

Cadê o futebol brasileiro?

Cadê o jogador de futebol brasileiro?

Cadê a seleção brasileira?

Nunca vou esquecer a última copa que torci com garra e emoção. Foi a seleção de 1982. Magia total. Jogadores que mais pareciam artistas num palco acarpetado de verde. Não ganhou a taça, mas ganhou o respeito e a admiração de todos. Foi aí que percebi que o objetivo não é ganhar, mas sim jogar…, jogar com amor, com beleza, com magia e com o suor. A consequência será a taça se tudo estiver a favor. O importante é a confraternização e a demonstração de que aqueles que ali estão vestidos com as cores do seu país, realmente representam o futebol de seu país.

Ganhar a todo custo é matar o esporte e sua magia.

Naquelas épocas, os jogadores jogavam pelo coletivo e pelas cores de suas bandeiras.

E hoje?

O que vejo é que este técnico e sua equipe, menosprezam o futebol brasileiro. Menosprezam os jogadores brasileiros. Menosprezam a arte de jogar futebol brasileiro demonstrando ao mundo que o futebol brasileiro estava errado.

O que marcou o futebol brasileiro e nos fez Penta, foi justamente o futebol que, hoje, ficou parcialmente nos bancos e longe dos gramados da copa.

O que aterrorizava os estrangeiros era justamente a diferença dos jogadores brasileiros com seus gingados “sambólicos” que somente o brasileiro tem.

Mas que foi deixado de lado pela equipe técnica.

Não existem jogadores brasileiros na seleção brasileira. Existem personas brasileiras, nacionais brasileiros, mas jogadores estrangeiros.

Estes jogadores que ali estão, desconhecem o futebol brasileiro. Eles conhecem e jogam o futebol de outros lugares. Estão lá não por serem excelentes jogadores brasileiros, mas sim por serem jogadores com a característica e a personalidade de jogadores estrangeiros e adaptados e trabalhados dentro das perspectivas do futebol de seus clubes estrangeiros. Jogadores sem a magia e o gingado brasileiro que tanto nos fez sorrir a cada jogo vencido ou mesmo derrotado.

Jogadores que não jogam representando a camisa das cores de nosso Brasil, mas jogam buscando uma projeção pessoal e representando a marca que os patrocina.

Não representam o Brasil.

Não representam o futebol brasileiro.

Não representam o torcedor brasileiro.

Representam e buscam somente o seu interesse. E o pior é que a maioria dos que ali estão só possuem um interesse: manter e se garantir em seu clube, sem lesões que os impossibilitem de receber seus milhões. Uma visão altamente individualista que desintegra a coletividade, o grupo, a seleção, o Brasil.

São jogadores robóticos, cibernéticos, lógicos e matemáticos. Não possuem a capacidade da criação, do improviso, que tanto marcaram e fizeram tremer “os gringos” de todo o mundo.

São jogadores que jogam pela obrigação de jogar pela seleção por terem sido convocados e seria vergonhoso não aceitar.

São jogadores que já estão garantidos em suas profissões e não as querem perder.

Jogadores que jamais darão a última gota de seu suor pela camisa de nossa seleção, pois guardam para a camisa de seus patrões.

Em certos momentos vejo um jogador, ainda brasileiro, que samba e ginga em campo, mas fica isolado pois está no meio de jogadores estrangeiros que correm em linha reta. É… meu caro Neymar… obrigado por me fazer perceber uma gota do Brasil em seus pés. E espero, com todo o fervor, que mantenha essa alma brasileira e que não se torne mais um jogador estrangeiro de nacionalidade brasileira.

Mas, infelizmente, mesmo com a magia de Neymar em nossa seleção, impera a truculência estrangeira que nos faz descrer e nem mesmo admirar a seleção de nosso país.

Quem dera, poder ver nossa seleção, mesmo com derrota, ser aplaudida como presenciei, via satélite, a do Uruguai, do Chile e de outras mais, por seus compatriotas. Ficou claro que os aplausos foram pela forma como realmente jogaram aqueles jogadores com as camisas de seus países.

Gostaria de sentir novamente esta emoção que senti no passado, mesmo que nossa seleção perca.

Não consegui assistir o segundo tempo contra o México, pois o que vi, até aquele momento, me trouxe a incapacidade de aplaudir ou ter qualquer sentimento em favor desta seleção.

A única coisa que peço é que joguem com o coração verde e amarelo para que sintamos orgulho, mesmo que percam.

Sintam o ritmo pulsante de nosso país e quebrem a truculência estrangeira de seus clubes.

Sejam jogadores brasileiros neste momento, já que os jogadores brasileiros foram excluídos de nossa seleção.

Mesmo sendo estrangeiros, agora, vocês foram escolhidos para representar nossos reais jogadores.

Então… os represente.

Sinto que não estamos à busca do HEXA campeonato, mas estamos sim à busca da EX seleção brasileira.

* Calvino.
Professor universitário, cientista jurídico, advogado, músico, microempresário e produtor cultural.

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