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Piscicultura: tanque rede causa expectativa entre pequenos produtores

qui, 14 de novembro de 2013 16:33

DA REDAÇÃO – Pequenos produtores da agricultura familiar estão prestes a ter mais uma opção de trabalho e renda, com a produção e comercialização de peixes em tanque rede. A tecnologia requer vontade, dedicação, conhecimento e disponibilidade para ingressar nesse mercado. Focados nessa proposta, a Fundação de Excelência Rural de Uberlândia (Ferub), juntamente com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ofereceu no início da semana um curso teórico de cultivo de peixe em tanque rede. O objetivo dos organizadores era levar informações acerca das inovações tecnológicas desse sistema de criadouro, explicar um pouco sobre o custo operacional e a viabilidade técnica e econômica da produção.

O pesquisador e zootecnista da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Giovanni Resende de Oliveira, que tem amplo conhecimento na área, foi um dos palestrantes do evento. Segundo ele, antes de ingressar no mercado é necessário analisar sua compatibilidade, determinar as espécies que se adaptam a altas densidades de estocagem na água, entre outros itens fundamentais. Para o tanque rede é preciso espécies rústicas que apresentam condições favoráveis para a sobrevivência e reprodução. Tilápia, tambaqui, piau, lambari e surubim são algumas das espécies mais resistentes e propícias para o tanque rede e já deram provas de sua aceitação por causa da procura para o consumo.

No entanto, Giovanni Oliveira adverte que os interessados busquem qualificação e técnicas apropriadas para o manejo, evitando desperdício e perda de material e produção das espécies. De acordo com o especialista, o futuro para o comércio de peixes é promissor, mas é necessário ressaltar alguns pontos: mercado consumidor; espécie de peixes, que não podem ser misturadas em um mesmo tanque; estudo de viabilidade econômica, considerando o mercado local; cuidados permanentes com a qualidade da água, da alimentação, priorizando ração balanceada e compatível com a espécie cultivada.

O pesquisador fez alguns cálculos da viabilidade para quem tem a intenção de ingressar na área. Segundo ele, é preciso avaliar que o volume de peixes nem sempre é o mais relevante. “Às vezes, o piscicultor quer um tanque enorme para a produção de várias toneladas, mas aí ele vai esbarrar na comercialização que ainda não é grande, resultado: perda e prejuízo”, disse.

Já o presidente do Conselho Comunitário de Desenvolvimento Rural da Tenda do Moreno em Uberlândia, Roberto Carlos Sousa Gonçalves, está bastante otimista com os trabalhos. Para ele, são ideias assim que ajudam os pequenos produtores e incitam a permanência no campo. “Quando temos condições reais de trabalho e renda conseguimos dignidade. No caso do tanque rede, já podemos antecipar que está tudo caminhando para que em breve possamos produzir peixes e abastecer alguns pontos da cidade. Com trabalho, determinação e o auxílio que temos tido, poderemos sim mudar o rumo das coisas”, acrescentou. Roberto Carlos também destacou que em seis meses, com a construção de 50 tanques rede, espera produzir cerca de 10 toneladas de peixe.

A chave, contou, é produzir em menor escala e ter um bom comprador. Assim, uma produção de 500 kg de tilápia por mês, na grande Belo Horizonte, pode render, por exemplo, cerca de R$ 4 mil a R$ 5 mil, mas isso fornecendo para pesque pague, utilizando o serviço de disk peixe, etc. O produtor pode ter de um a 50 hectares ou até mesmo uma área que tenha o mínimo de terra. O importante é respeitar a capacidade que o local (açude ou lagoa) admite, monitorar a qualidade da água com certa periodicidade e ainda ter infraestrutura básica e mão de obra específica.

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