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Perto do tri, por Inocêncio Nóbrega

sex, 13 de junho de 2014 00:01

* Inocêncio Nóbrega

Pitangui, na língua tupi-guarani significa Rio das Crianças.  Termo aproveitado por um mameluco, membro dos bandeirantes, para denominar esse local no centro-oeste mineiro.  Deparou-se com índias e seus filhos, às margens do rio São João, cujas mães, medrosas, os abandonaram. Zona aurífera, na qual em 1703, havendo se tornado arraial, logo alcançou sede paroquial de uma extensa área,  dela se originando 35 atuais municípios.   Começou ser colonizada em 1709, ante a vinda de inúmeros paulistas, fugitivos da guerra dos Emboabas. De tal migração decorre vertiginoso crescimento, a ponto de por ato do governador Brás Baltasar da Silveira, de 9.6.1715, ser elevado à Vila, plantado o pelourinho e eleitos os primeiros vereadores e juízes ordinários.

Pitangui, terra da lendária Maria Tangará e de ricos casarões,  esteve em festa por vários dias, em razão do 299° aniversário, faltando apenas um ano para o tricentenário. Antônio Lemos, secretário municipal de Cultura, promete uma comemoração à altura da história pitanguiense. Não obstante berço, mesmo por adoção, de conhecidas personalidades nacionais, a exemplo de Gustavo Capanema e do cartunista Borjalo, criador daquela vinheta da TV-Globo, por nós tão ouvida, a “Zebrinha”, que anunciava os resultados da Loteca, temos extraordinária figura do Padre Belchior  de Oliveira, testemunha ocular do Grito do Ipiranga. Ali, pároco por 42 anos, está seu túmulo, que dá acesso à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, erguido em atendimento ao pedido do confidente de Pedro I, que sempre manifestava o desejo de ser sepultado em lugar aonde viesse de ser pisado. Confesso que me comovi ao colocar os pés por sobre os poucos degraus da sepultura, onde há uma placa em sua homenagem.

José Eustáquio Jr., ao escrever “Viajando pela Velha Serrana”, deu o necessário contorno histórico à Pitangui. Como temos mais familiaridade com a vida e obra do Pe. Belchior, desse jovem talentoso historiador colhi interessante episódio.  Capanema, então Ministro de Educação da era Vargas, por falecimento de Olegário Maciel, interventor de Minas Gerais, Getúlio Vargas o nomeou interinamente para substituí-lo. Ele aspirava à efetivação no cargo. Para surpresa de todos, a escolha recaiu em Benedito Valadares. Antes de consumada a decisão, a jocosa expressão: “Será o Benedito?”, exclamada, ainda hoje, pelos brasileiros, de norte a sul.

* Jornalista
inocnf@gmail.com

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