Pergunte ao Doutor – Epilepsia parte 2
sex, 3 de abril de 2015 07:00EPILEPSIA PARTE 2
1-Como podem ser os tipos de crise epiléptica?
As crises epilépticas podem se manifestar de diferentes maneiras:
- A crise convulsiva é a forma mais conhecida pelas pessoas e é identificada popularmente como “ataque epiléptico”. Nesse tipo de crise também chamada pelos especialistas crise tonico-clonico-generalizada, a pessoa pode cair ao chão, apresentar contrações musculares em todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e às vezes, até urinar;
- A crise do tipo “ausência” é conhecida como “desligamentos”, mais comuns em crianças em idade escolar. A pessoa fica com o olhar fixo, perde contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não é percebida pelos familiares e/ou professores;
- Há ainda algumas crises de “choques” nos membros chamadas crises mioclônicas que ocorrem geralmente ao acordar de manhã cedo e se repetidas, podem culminar com uma convulsão;
- Há crises “de quedas” com o corpo totalmente amolecido, chamadas de crises atônicas;
- Há um tipo de crise que se manifesta como se a pessoa estivesse “alerta”, mas não tem controle de seus atos, fazendo movimentos automaticamente. Durante esses movimentos automáticos involuntários, a pessoa pode ficar mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem direção definida. Em geral, a pessoa não se recorda do que aconteceu quando a crise termina. Esta é chamada de crise parcial (ou focal) complexa;
- Existem outros tipos de crises que podem provocar percepções visuais ou auditivas estranhas ou, ainda, alterações transitórias da memória (crises parciais ou focais simples).
2-Além da tomada de medicações antiepilépticas o que mais a pessoa com epilepsia pode fazer para controlar as crises?
As pessoas com epilepsia se beneficiam quando o médico e o paciente levam em conta os diferentes aspectos do tratamento. Um deles é a ocorrência de fatores desencadeantes das crises, pois, apesar do uso correto dos medicamentos antiepilépticos, existem pacientes que persistem com crises. As crises epiléticas podem ser desencadeadas por febre em crianças pequenas, suspensão abrupta da medicação antiepiléptica, fadiga física, ingestão de álcool, privação de sono, hiperventilação (respiração forçada) e ainda grandes emoções (relacionadas à preocupação, alegrias, irritação, tristeza e outras).
É muito importante ter sono suficiente e regular. Dormir pouco e fazer uso irregular dos medicamentos são as causas mais comuns de aumento de frequência de crises epilépticas.
Através da identificação dos fatores desencadeantes, para muitos indivíduos pode-se evitar determinadas situações reduzindo assim o risco de ocorrência de crises.
3-A pessoa que tem epilepsia pode trabalhar?
Sim.
4-Quais as profissões de risco para quem tem epilepsia?
- Trabalho em alturas, motorista profissional, berçarista/babá; piloto de avião; cirurgião.
- Operador de máquinas industriais com risco de ferimento ou de alta precisão que envolva riscos.
- Trabalho junto ao fogo (cozinheiro, padeiro, bombeiro etc.).
- Guarda-vidas.
- Mergulhador.
5-Pessoas com epilepsia podem dirigir?
As epilepsias têm etiologias diversas, diferentes tipos de evolução e gravidade clínica e a permissão para a direção veicular deve se apoiar em critérios para uma decisão justa. A princípio a epilepsia e o fato de usar medicamentos antiepilépticos não incompatibilizarão o candidato à direção de veículos, salvo se o quadro não estiver controlado, sujeitando-o a frequentes crises com alteração de consciência. Pessoas com intervalos curtos entre as crises não devem dirigir e aquelas com longos intervalos entre suas crises podem ser consideradas capazes de dirigir com segurança.
6-Faço uso de medicação antiepiléptica, isso impede minha candidatura a habilitação ou condução veicular?
Não. Contudo, para aprovação de candidato em uso de medicação antiepiléptica, este deverá apresentar as seguintes condições:
- Um ano sem crise convulsiva. Exigir do candidato a habilitação como motorista que possui epilepsia e que demonstre estar em acompanhamento neurológico e livre de crises epilépticas no mínimo há 12 meses. O intervalo de um ano livre de convulsões é o critério ou norma mais frequente para julgar a capacidade de dirigir das pessoas com epilepsia. Períodos sem crises convulsivas superiores a 6 e 12 meses estão associados com redução significativa do risco de acidentes envolvendo pessoas com epilepsia;
- Parecer favorável do médico assistente;
- Plena aderência ao tratamento.
7-Quais os fatores que contribuem para os problemas psicológicos em uma pessoa com epilepsia?
São vários os fatores estressantes psicossociais na epilepsia. O primeiro é o estresse de ter uma doença crônica. No entanto a principal dificuldade da pessoa com epilepsia é a característica episódica de seu distúrbio. O receio de convulsão constitui um estresse, levando a pessoa com epilepsia a ficar com medo de praticar atividades sociais habituais, como sair com um amigo durante a adolescência. A ameaça é maior que a ocorrência. Além disso, a crise epiléptica é uma experiência marcante e nova para vários membros da população em geral. Existe certo folclore associado a esta condição médica. Por isso, a visualização desse episódio é muitas vezes considerada mais traumática para o espectador do que para a pessoa com epilepsia.
Caso ele necessite ocultar a doença para se manter estável na sociedade especialmente no ambiente de trabalho, a carga de estresse se torna ainda maior. Além disso, o fenômeno da dependência dos outros é muitas vezes difícil de romper, sendo mais fácil, algumas vezes, permanecer doente que ficar livre das crises e sadio. Sendo assim, o paciente com epilepsia tem que aprender a lidar com a saúde e a sua doença.
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Dr.Luciano, realmente os fatores que me levam a uma crise de ausência foram narrados. sou condutor de veículos tomando os seguintes remédios: 2 gardenal 100 mg, 2 rivotril 2 mg, 1 risperidona 2 mg, 3 sertralina 50 mg, sou acompanhado por psicólogos e psiquiatras no CAPS do meu município. Há mais de 25 anos não desmaio, porém ausência é quase diária, estas crises são geralmente; em dias nublados, locais sem movimentos,dentro do lar, pavor a ambiente escuro ou fechados, bastante depressão, ansiedade e logo após a crise, quase sempre, se inicia um estado febril de 37 a 37,5º C, estou com 56 anos . Minha mãe dizia que tentaram meu nascimento em Forceps, tenho vida sedentária , desde os 33 anos, sou hipertenso por geração, tomando atenolol 50 mg a partir de 1995. Os remédios estão prejudicando meu aparelho gástrico continuando com as crises de ausência. Se possível me oriente. obrigado