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Parque do Aeroporto: o parque que Araguari precisa

qui, 9 de abril de 2015 11:48

O que fazer com o aeroporto de Araguari? O aeroporto ocupa uma área de cerca de 800 mil m², plenamente inserido em área urbanizada. Quem o aeroporto hoje beneficia? Quem utiliza o aeroporto? Não conheço ninguém e provavelmente você também não. Um aeroporto de propriedade pública e de uso privado extremamente restrito certamente não é nada democrático.

Eu aumento, mas não invento. A ideia de se apropriar do aeroporto para usos de recreação e lazer vem do próprio Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 2004, artigo 38. Entretanto a Lei define que apenas uma parte seja destinada a áreas de esporte e lazer, sem desenvolver maiores detalhes. Para o restante da área indica-se a sua urbanização, ou seja, entregar a área aos lucros do mercado imobiliário. A quem beneficiaria lotear o aeroporto?

Ainda, porque destinar apenas uma pequena parte da área para equipamentos de esporte e lazer? Porque o aeroporto como um todo não pode ser um grande parque urbano?

Araguari precisa de um parque a altura da cidade que alcança 115 mil habitantes. A ideia comum é que um parque urbano deva estar relacionado a áreas de preservação permanente, como o Bosque Municipal, a reserva do Desamparo, ou o tão falado, mas ainda não visto Parque Linear do Córrego Brejo Alegre. Na maioria dos casos realmente é assim, aproveita-se de uma fragilidade ambiental e implanta-se um parque. Mas mesmo em Araguari o próprio parque de Exposições não se associa a nenhuma área de preservação ambiental. O que evidencio é que não estar relacionado a uma área de preservação ambiental em nada impede que o aeroporto seja qualificado e aberto como parque.

Outra questão importante é que os parques de Araguari têm seus usos específicos. Os dois reais parques de uso público atuais da cidade, Exposições e Bosque, além de serem de pequeno porte, cumprem sua função. Um de eventos, o outro de reserva ambiental, sem espaço para ampliações e novas qualificações significativas.

A relevante utilização de algumas áreas públicas atuais para a prática de esportes e lazer, como as praças com parques infantis ou o canteiro da avenida Theodolino, mostram a demanda reprimida da sociedade por espaços públicos qualificados na cidade.

Um debate sobre a questão do futuro do Aeroporto é extremante importante na revisão do Plano Diretor, que deveria ter sido revisado pela administração municipal em 2014. Ou, se foi, teve a devida divulgação.

A cidade nos dias atuais não precisa de um aeroporto. O tempo em que a cidade recebia voos comerciais regulares, na década de 30, passou, e não voltará mais. Quais são as cidades do porte de Araguari, até mesmo maiores, que tem a 35 km de distância um dos aeroportos mais movimentados do interior do Brasil? Pouquíssimas. Para encerrar qualquer esperança de um dia o aeroporto novamente receber voos comerciais, em 2014 foi divulgado pela Secretaria Nacional de Aviação Civil a lista dos aeroportos que serão beneficiados com o Plano Nacional de Aviação Regional e Araguari não se encontra nesta lista.

Para aqueles que ainda acham que a cidade precisa de um aeroporto para uso executivo ou restrito, o Plano Diretor, no mesmo artigo, determina que sejam realizados estudos para a localização de uma nova área devidamente segura e afastada da mancha urbana.

A implantação do parque do Aeroporto só trará benefícios para a população, não apenas para os moradores dos bairros do entorno, mas para toda a cidade. A grande área disponível, semelhante ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro ou ao Parque Villa Lobos de São Paulo, permite a implantação de pistas de caminhadas e corridas, circuito cicloviário, quadras poliesportivas, academias, parque infantil e qualquer outro uso público em área livre que a sociedade demande. A área descampada ainda favorece a elaboração de um grande projeto de arborização urbana e a topografia extremamente plana facilitará as obras, pois não requer movimentações de terras.

Sugiro ao prefeito que elabore um concurso público de projetos para o Parque, com o auxílio e suporte do Instituto dos Arquitetos do Brasil e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo para que profissionais de todo o país possam colaborar com suas ideias. Assim como fez o Governo do Distrito Federal com o Parque do Paranoá. Com o projeto pronto em mãos, será mais fácil (ou menos difícil) captar a verba para a obra.

 

Lucas Martins de Oliveira

Mestrando em Arquitetura e Urbanismo pela USP

Professor do curso de Arquitetura e Urbanismo UNICERP

lucasmartins@usp.br

3 Comentários

  1. Gilcimar disse:

    Concordo.

  2. Fernando Fonseca disse:

    Excelente proposta! Espero que alguém leve a sério essa idéia.

  3. Garcia disse:

    Lamentável essa mentalidade de alguns Araguarinos. Por isso Uberlândia cresce e a cidade Sorriso padece. O investidor, o Empresário voa.. Aeroporto é questão de estratégia de facilidade de acesso. Espero que vocês nunca necessite de uma remoção de UTI aérea.. Verdade Araguari não precisa disso a saúde é ótima.

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