Papo Quente com Eunice Mendes
sex, 29 de janeiro de 2016 08:31
Ostracismo
Ateniense…
Próximo do final do século seis A.C, a cidade-estado de Atenas derrubou a série de pequenos tiranos que durante décadas dominaram a sua política. No seu lugar, estabeleceu-se uma democracia que duraria mais de um século, uma democracia que foi a origem do seu poder e o seu orgulho. Com o surgimento de uma democracia, surgiu também um problema novo para os atenienses: o que fazer com aqueles que não se preocupavam com a coesão de uma pequena cidade rodeada de inimigos, que não trabalhavam para a sua glória maior, mas só pensavam neles mesmos e nas suas próprias ambições e intrigas mesquinhas? Os atenienses compreenderam que estas pessoas, se deixadas à vontade, semeariam a discórdia, dividiriam a cidade em facções, atiçariam ansiedades, e tudo isso poderia ser a ruina da sua democracia.
Punições violentas não combinam mais com a nova ordem civilizada que os atenienses tinham criado. E os cidadãos, encontraram outra maneira, mais satisfatória e menos brutal, de lidar com os egoístas crônicos, todos os anos eles se reuniam na praça do mercado e escreviam num pedaço de lousa o nome do indivíduo que desejavam ver banido da cidade por dez anos.
Se um determinado nome aparecesse em seis mil votos, aquela pessoa era imediatamente exilada. Se ninguém recebesse seis mil votos, aquela cujo nome aparecesse o maior número de vezes ficava dez anos em “ostracismo”.
Esse ritual de expulsão virou uma espécie de festa – que alegria poder banir aqueles indivíduos irritantes, aqueles geradores de ansiedade que queriam ser superiores ao grupo ou a quem deveriam servir.
Em 490 A.C, Aristides, um dos grandes generais da história ateniense, ajudou a derrotar os persas na batalha de Maratona. Enquanto isso, fora dos campos de batalha, a sua integridade como juiz lhe granjeou o apelido de “O justo”.
Mas, com o passar dos anos, os atenienses começaram a antipatizar com ele. Ele fazia muita ostentação dessa integridade e isso, eles achavam, disfarçava o seu sentimento de superioridade e desprezo pelas pessoas comuns.
Sua onipresença na política de Atenas começou a irritar, os cidadãos se cansaram de ouvi-lo ser chamado de “O justo”. Temiam que este fosse exatamente o tipo de homem crítico, arrogante que acabaria provocando fortes divisões entre eles. Em 482 A.C, apesar da inestimável perícia de Aristides na constante guerra com os persas, eles recolheram as assinaturas e o baniram de Atenas…
E aqui? Quem são nossos Aristides? Que pensa que está acima de todos? Os arrogantes, críticos, que se sentem superiores?
Assim pudéssemos bani-los de nossa cidade com as assinaturas…
Pelo bem comum, claro…
“Quando a árvore cai, os macacos se espalham…”
(Ditado Chinês)
O Gambá fingindo-se de morto, se faz de idiota. Muitos predadores o deixaram em paz por isso. Quem acreditaria que uma criaturinha tão feia, burra e nervosa seria capaz de tamanha fraude?
Alguns secretários de nossa cidade estão como o gambá…, se fingindo de mortos… para ficarem bem em paz. E os outros estudam, estudam, estudam. Para resolverem um pequeno problema…
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