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Papo Quente – Cenas da vida na corte – Atos Exemplares e Erros Fatais

sex, 25 de março de 2016 08:32

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 Alexandre, o Grande, conquistador de bacia do Mediterrâneo e do Oriente Médio através da Índia, teve o grande Aristóteles como tutor e mentor, e ao longo de toda a sua breve vida permaneceu fiel à filosofia e aos ensinamentos do seu mestre. Certa vez ele se queixou com Aristóteles de, nas suas longas campanhas, não ter com quem discutir assuntos filosóficos. Aristóteles respondeu sugerindo que levasse Calistenes, um ex-aluno seu e filósofo promissor, junto com ele na próxima campanha.

Aristóteles tinha instruído Calistenes nas artes do bom cortesão, mas o jovem secretamente as achava ridículas. Ele acreditava na filosofia pura, nas palavras sem adornos, em dizer a verdade nua e crua. Se Alexandre gostava tanto de aprender, pensou Calistenes, não se incomodaria se alguém lhe dissesse o que pensava. Durante uma das principais campanhas de Alexandre, Calistenes disse demais o que pensava, e Alexandre mandou matá-lo.

Interpretação

Na corte, honestidade é bobagem. Não seja tão autocentrado a ponto de acreditar que o senhor está interessado nas suas críticas, mesmo que elas tenham fundamento.

Não critique diretamente quem está acima de você  

Pode parecer óbvio, mas há ocasiões em que uma certa crítica é necessária – ficar calado, ou não dar nenhum conselho, vai deixá-lo exposto a outros tipos de risco. Você deve aprender, entretanto, a dar o seu conselho ou fazer a sua crítica da forma mais indireta e polida possível. Pense duas vezes, ou três, para ter certeza de ter sido suficientemente indireto. Peque pela sutileza e gentiliza.

O homem que conhece a corte é senhor dos seus gestos, dos seus olhos e do seu rosto; ele é profundo, impenetrável; ele dissimula maus ofícios, sorri para os inimigos, controla sua irritação, disfarça suas paixões, desmente o seu coração, fala e age de modo diferente do que está sentido.

Jean de La Bruyère, 1645-1696

1 Comentário

  1. Bia disse:

    O que expressavam alguns pensadores de seculos passados devem ser observados com maior cuidado que admiração, pois muitos se oprimiam por medo de retaliações severas a que eram sujeitos acaso suas opiniões não agradassem a corte ao rei. Hoje em pleno seculo 21 se algum homem age com dissimulação, disfarçando, desmentindo o próprio coração pode ser visto mais como um covarde que qualquer outro adjetivo. O homem que conhece a corte deve ter a obrigação de nunca se negar diante seus inimigos, e adotando tal atitude para se auto preservar se mostraria covarde e indigno de confiança e poder.

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