Os equívocos do PT
ter, 12 de maio de 2015 06:58Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.
Ideologias políticas todas as figuras públicas têm. Mas foi José Mujica, ex-presidente do Uruguai, que quebrou paradigmas ao tratar, com naturalidade, temas polêmicos que dividiam a sociedade do seu país – e ainda dividem a do mundo. Sob a singela perspectiva de “encarar os fatos”, o mandatário deu exemplo progressista – sobretudo por seu temperamento – aos mandachuvas do poder no Brasil. É uma pena que estes não tenham assimilado.
Na última semana, surgiu uma notícia que abalou os pilares do PT. Em Livro sobre sua vida, Mujica teria afirmado aos autores que o ex-presidente Lula sabia do esquema de compra de votos no Legislativo Federal – o malfadado e indigesto Mensalão. Segundo depoimento relatado na obra, o líder petista afirmou o seguinte ao concidadão uruguaio: “Neste mundo, eu tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens. Essa era a única forma de governar o Brasil”. Historicamente, a frase faz imenso sentido, no entanto, a informação foi desmentida no mesmo dia por Mujica. “Lula jamais falou em Mensalão nas conversas comigo”, esclareceu ao Estadão, encerrando a polêmica.
Os réus do Mensalão estão condenados. Lula não é um deles, embora paire sobre a população brasileira a sensação de que há aspectos ainda não revelados nessa história. Destarte, a versão oficial ficou sendo mesmo a inocência. Entretanto, o ex-presidente, um líder da classe trabalhadora, dos menos favorecidos, pecou de outros modos – não assimilar as perspectivas sociais de Mujica, por exemplo. Em inúmeras ocasiões, em vez de se manter abraçado aos pilares históricos do PT, preferiu seguir os caminhos da elite, ignorando seu passado exitoso na luta contra a repressão política e econômica. Tanto é que hoje o seu partido passa por uma crise de identidade pela qual recebe críticas tanto de opositores quanto de aliados.
Está para nascer no Brasil um político realmente honesto, fiel aos seus princípios do início ao fim. A estrutura de poder sedimentou-se em torno dos interesses particulares, algo que afeta as decisões pós-eleição. As demandas públicas ficam de lado face às pressões dos bastidores. Um candidato não se elege sozinho e, como mostram os movimentos pela reforma eleitoral, fica vinculado aos empresários que investem nas campanhas. Política para o povo é um fenômeno raro em nosso país, lamentavelmente. Será que esse sistema falho tem algo a nos ensinar ou vai levar todos nós à ruína?
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À propósito, o Congresso Nacional é mais conservador do que se imagina. A pauta dos presidentes das casas legislativas não coadunam com as necessidades de uma reforma legítima no sistema político-leitoral. Referendum não tem poder de3 propor mudanças reais e necessárias. Com tudo isso, mesmo que houvesse mais tentativas da chefe do executivo sobre um Plebiscito, infelizmente essasa forças conservadoras, financiadas pelo poder econômico, buscam a todo custo jogar as culpas somente no partido que ocupa o poder, nesse caso o PT. Contudo, a população interpreta essas “manobras” e acaba ficando com o PT.