O caso dos Irmãos Naves: recordações tristes fazem a família de Sebastião Naves evitar visitas na cidade
sex, 18 de julho de 2014 02:44ADRIANO SOUZA – Em 2003, a TV Globo exibiu no programa “Linha Direta Justiça” O Caso dos Irmãos Naves com uma nova simulação do ocorrido e comentários de atores famosos que participaram do filme gravado na década de 60. Honor Machado, Ana Beatriz Alamy (filha do advogado de defesa João Alamy), Jofre Alamy, Romeu Duarte, Milton de Lima Filho, foram alguns dos araguarinos que participaram do programa relatando fatos ocorridos assim como Ivaldo Vicente Naves, filho de Sebastião Naves.
Desde a apresentação do programa surgiram rumores de que Ivaldo teria evitado estar em Araguari durante a produção do documentário e os motivos a reportagem da Gazeta do Triângulo buscou ontem, diretamente com ele. Mesmo com uma agenda lotada de compromissos, fomos atendidos para falar sobre o assunto.
Ivaldo Naves aproveitou a oportunidade para citar todo o seu respeito pelos araguarinos que, segundo ele, sempre tiveram um carinho enorme pelo seu pai e sua família devido aos fatos, mas revelou que, para evitar recordações ruins, ele e as irmãs preferem não fazer visitas à cidade, o que agora é totalmente compreendido.
Ivaldo Naves nasceu pouco mais de um ano após o pai sair em liberdade condicional de um cárcere de oito anos. Ele é filho de Sebastião Naves e sobrinho de Joaquim Naves. O empresário revelou que saiu de Araguari aos 17 anos para buscar seu futuro com passagens por Belo Horizonte e hoje residindo em Uberlândia.
Considerado um dos empresários mais respeitados de Minas Gerais, a história de Ivaldo Naves, começou aos seis anos de idade. Nesta época, ele saía de sua casa, na ponta da rua Mauá, periferia de Araguari, para reforçar o orçamento doméstico engraxando sapatos e vendendo frutas pela cidade. O que ele não imaginava é que chegaria à idade adulta dono de um império e distante da linha de pobreza que vivia naquele momento. Em sua labuta diária, o garoto que percorria a cidade a pé, nem sonhava que no futuro teria o seu próprio avião. Filho de uma lavadeira e de um ex-presidiário — cuja prisão, injusta, é considerada o maior erro judiciário do Brasil —, Ivaldo Vicente Naves lembra-se da juventude com a ambição de tornar-se alguém. E assim o fez.
Hoje é proprietário único do Grupo Rodoban, que possui 18 filiais em seis estados brasileiros e emprega aproximadamente 4 mil pessoas.
Após ser engraxate e vendedor de frutas, Ivaldo, já adolescente, conseguiu uma vaga como contínuo, nome dado ao office boy da época, em um escritório de advocacia. E foi para ser advogado que ele, depois de cursar a escola pública em Araguari, mudou-se para Uberlândia, onde ingressou na faculdade de Direito e, posteriormente, na de Administração. Para se sustentar na cidade, no período de estudante, foi trabalhar no setor de dívida ativa da Prefeitura de Uberlândia e, mais tarde, como secretário do Cajubá Country Clube. Logo que se estabeleceu, levou a mãe e as irmãs para viverem em Uberlândia. Seu pai não conseguiu se reerguer do erro judiciário que virou tema de filme (O Caso dos Irmãos Naves) e morreu quando Ivaldo tinha 15 anos.
Neste ano Ivaldo Naves completa 44 anos desde o momento que representou a grande virada de sua vida. Enxergou no serviço de despachos bancários a oportunidade de subir na vida e abriu, em 1970, uma empresa com esse fim, que batizou de Ivene. Neste pontapé inicial para os negócios bancários, o único veículo da empresa era uma bicicleta. Hoje, sua ampla sala denota a história construída desde então. Além das dezenas de certificados de Honra ao Mérito e títulos de cidadania emoldurados na parede, lá estão, também emoldurados, o primeiro registro de sua firma individual e o primeiro dinheiro que ganhou com o seu trabalho, uma nota de dois cruzeiros. Entre as honrarias está a Medalha da Inconfidência, título concedido anualmente, em 21 de abril, pelo Governo de Minas Gerais às personalidades que contribuem com o sucesso do Estado em todas as áreas.
O caso dos irmãos Naves
Joaquim Naves e Sebastião Naves, comerciantes de cereais nos anos de 1930, foram acusados pelo homicídio do primo e sócio Benedito Pereira Caetano, que desapareceu com uma quantia em dinheiro. Eles foram obrigados, sob tortura, a confessar o crime. Perseguições perversas aos irmãos, à mãe e às esposas, torturas, mandados de soltura não cumpridos e até estupros constam na história.
Os irmãos Naves tiveram várias condenações e cumpriram oito anos da pena. Anos depois, a suposta vítima foi encontrada viva. Somente em 1953, os Irmãos Naves foram definitivamente inocentados, mas um deles, Joaquim Naves, falecera, como indigente, após longa e penosa doença, em 1948, em um asilo de Araguari. Sebastião faleceu em 1964.
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Me admiro muito, não mostrar a fotografia de IVO NAVES, que foi quem mais procurou ressarcir
os direitos da família. Ainda está em tempo.
SOU NAVES MAS FIQUEI SABENDO HÁ ADULTA, FUI AGORA DA POR TIOS ANTÔNIO CORTES QUEIROZ E CÁRMEN NAVES QUEIROZ
Esta historia triste, me emociona desde a minha juventude. Hj, li, reli, vi o filme e entendo o que na verdade aconteceu. É triste saber q em nosso pais, tenha ocorrido tamanha injustiça. Verdade é q, ainda hj, por falta de preparo de muitos homens q deveriam zelar pela clareza e justiça dos fatos, tais situaçoes se repetem. Mas, nada q se compare ao Caso dos Irmaos Naves. Isso realmente foi o pior erro q nosso judiciário poderia cometer!!
Realmente he de admirar IVO JOSE NAVES. Kd?
Triste! Tudo que estou fazendo nesse momento ao saber dessa história é chorar.
O erro judiciário é um dos motivos pelos quais sou contra a pena de morte. O Caso dos Irmãos Naves ainda é chocante, apesar do longo tempo decorrido.
Em 1972 conheci Ivo Naves que me solicitou datilografar toda essa historia escrita por ele ” em rascunho” pra pedir indenização para as famílias Naves afetadas. ADMIREI muito também não ter lido nada sobre esse homem honrado e justo !!!
SAMIR concordo com vc com a ausência da consideração com Ivo Naves de quem pude testemunhar total empenho nesse caso.; apesar de ele não estar mais entre nós JUSTICA sempre será bem vinda ! Abraço
A condenação deste dois jovens foi pra atender interesses de algum poderoso da cidade foram vitimas mais uma vez do militar que os condenou, lamentável um acontecimento desta natureza, assim é a justiça brasileira . Lamentável mas é a mais pura verdade.
MInha mãe Olina Maria de Jesus e meu Pai Gil Inácio da Silva nascidos em Nova Ponte Mg nos anos de
1918 e 1913 me disseram várias vezes que conheceram essa família e falavam muito de todo o
acontecimento e sofrimento que passaram .
Ivaldo, talvez tenha superado, em parte, a tragédia de que a sua família foi vítima. Entretanto, fez questão de levar de Araguari, para Uberlândia, toda a sua família, e finalmente,um único parente que aqui ainda residia, sua tia , para tentar apagar de vez, as suas lembranças de Araguari.
Que história, que página terrível da justiça, ou seja, injustiça.
Fico imaginando tamanho sofrimento desta família, onde na época, o poder dos donos de terras imperava sobre o país. Mas para condenar a justiça é RÁPIDA, para indenizar é uma LENTIDÃO absurda.
E triste saber o que aconteceu com esta familia no passado, que Deus ilumine sempre o caminho desta familia, que tanto sofreu por uma injustiça.
Conheci o e trabalhei para o Dr. Ivaldo Naves, em Belo Horizonte. Homem de uma nobreza de caráter, integro e muito humano. Igual ele existe poucos.
A mãe deles era prima da minha bisavó. Minha avó me contava com muito pesar sobre essa historia. Hoje sou advogada e moro em Goiânia.
É fato q a família Naves é uma só no Brasil?? 62 984716960
I
Meu nome é Ivaldo, trabalhei na Varig em Uberlândia e tive o prazer de conhecer pessoalmente o Dr. Ivaldo Vicnete Naves, uma pessoa muito integra e muito justo.
Boa Noite.
Está história dos irmãos NAVES, muito me chamou atenção, pois no ano de 1906,vivemos a mesma injustiça em que meu avô Imigrante italiano Vincenzo Senatore também foi preso injustamente por um crime que não cometeu…
Razão pela qual passado cem anos reencontrei o
PROCESSO do crime e escrevi um livro que se denomina como MANUSCRITOS DO TEMPO.
ficarei muito agradecido caso queiram adquirir um exemplar.
MEU ABRAÇO e contato 035 998802876
Sou sobrinha de salvina eulina naves irmã de meu pai, visitei as igrejas de Araguaia com meu tio Sebastião José naves e até hoje si.go a religião que ele me ensinou
Minha avó se chamava Euflauzina Naves infelizmente não conheci
Trago desde criança esse sentimento , porque meus pais os conheceram , era pessoas honestíssimas , que pagaram por um erro que não cometeram .
Assisti toda filmagens do ocorrido , dirigidas pelo cineastra Ancelmo
Em 2017 passei pela cidade de Araguari e fiquei sabendo deste fato,me interessei pela essa história chocante,e hj estou no passando novamente pela cidade,pergunto tem algum ponto de homenagem a estes irmãos pela cidade?Eu gostaria de visitar
UMA HISTORIA MUITO TRISTE, MUITA INJUSTIÇA FIZERAM COM A FAMILIA NAVES, PAGINA NEGRA DA JUSTIÇA DOS HOMENS.
Tive a honra de trabalhar para o filho do Senhor Benedito. O maior erro do judiciário brasileiro. Ouvimos muito essa história, seja nas reuniões ou nos eventos da Empresa. Dr.Ivaldo Vicente Naves, o empresário mais humano e generoso que tive a honra de servir. Hoje ele não está mais entre nós, faleceu em 2021, em decorrência de uma cirurgia. O seu legado é sua história ecoarão pela eternidade. Saudades Dr Ivaldo.
Li o livro que conta a história (o caso dos irmãos naves) cujo autor é o próprio advogado que os defendeu ,(, José Alamy filho) o mais triste é o juiz desconsiderar todos os apelos feito por este advogado, e ainda permitir que os acusados continuassem sendo torturados dentro do presídio apesar das queixas do referido advogado! O juiz teve sim a conivência da desgraça que estes irmãos passaram na mão da polícia!!!