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Euripão: maníaco ou inocente?

sáb, 5 de abril de 2014 00:03

DA REDAÇÃO – A próxima segunda-feira promete ser a mais quente do ano no Fórum Doutor Oswaldo Pieruccetti, afinal de contas, estará no banco dos réus o “temido” Eurípedes Martins, o Euripão, homem acusado de assassinar pelo menos cinco mulheres no município entre os anos de 2004 e 2006.

Eurípedes Martins é acusado de assassinar pelo menos cinco mulheres no município entre os anos de 2004 e 2006

Eurípedes Martins é acusado de assassinar pelo menos cinco mulheres no município, entre os anos de 2004 e 2006. Foto: Arquivo

A decisão de mandá-lo a julgamento popular partiu da juíza Genole Santos de Moura, então titular da Vara Criminal da Comarca de Araguari, em 2012. Porém de início, ele responderá pela morte da menor Lara Rodrigues Caetano Pereira, de 13 anos. Foi o primeiro caso da série de homicídios que apavorou a comunidade araguarina e ganhou repercussão nacional.

Segundo a juíza, nas alegações finais o Ministério Público ratificou o pedido para a realização do júri, não tendo dúvidas do envolvimento do acusado no crime. Por sua vez, a defesa alegou falta de provas e requereu a absolvição de Eurípedes Martins.

“Há indícios suficientes de autoria e materialidade, retirados das provas dos autos a amparar a pronúncia do denunciado”, justificou Genole Moura, referindo-se aos boletins policiais, exames, laudos, reconstituição, acareação e depoimentos de testemunhas.

Há exatos oito anos, em um final de semana, Eurípedes Martins foi preso pela Polícia Civil e teria confessado as mortes de cinco mulheres. Ele chegou a ficar dois anos e oito meses preso, deixando o Presídio de Araguari as 11h45 do dia 14 de outubro de 2008, acompanhado do seu advogado, Paulo Anibal Braganti. Na sua primeira entrevista, ele fez a seguinte declaração: “não fiz, e não sei quem fez”.

Eurípedes Martins responderá por homicídio qualificado pelo motivo torpe e por ocultação de cadáver. A expectativa é de que a sessão de julgamento se encerre apenas à noite, por conta da oitiva de várias testemunhas. O júri será presidido pelo juiz-titular da Primeira Vara Criminal e juiz-substituto da Segunda Vara Criminal, Ewerton Roncoleta. A direção do Foro da Comarca não informou se haverá algum esquema especial de segurança.

O CRIME

Narra a denúncia do Ministério Público que no dia 23 de agosto de 2004, após as 20h, na estrada de acesso à fazenda Cachoeirinha, na região do bairro de Fátima, Eurípedes Martins, por motivo torpe, matou Lara Rodrigues Caetano Pereira, arrastando o cadáver para um matagal com o objetivo de ocultar sua localização.

Na noite dos fatos, a adolescente teria feito um programa sexual com um homem de aproximadamente 35 anos em um motel no bairro Goiás. Em troca ela receberia 20 reais para comprar drogas.

Ao deixar o estabelecimento, segundo o MP, a vítima foi abordada por Euripão e convencida a se dirigir até o local ermo, onde consumiriam crack. Ambos estavam em bicicletas.

Diz a denúncia que “aproveitando o lugar deserto, impelido pelo motivo torpe, consistente no fato de ter-lhe sido encomendada a morte da adolescente para um ritual de magia negra, o denunciado agrediu a vítima com socos e chutes na cabeça, golpes que a deixaram atordoada e sem defesa. Em seguida, agarrou-a pelo pescoço e a matou. Eurípedes ainda deixou Lara parcialmente nua e cobriu o corpo com uma blusa azul”.

AS INVESTIGAÇÕES

Em abril de 2006, policiais civis de Araguari prenderam Euripão, sob a acusação de o mesmo ser o maníaco que matou várias mulheres na cidade. Uma equipe da Divisão de Crimes contra a Vida (DCcV), de Belo Horizonte, chefiada pelo delegado Wagner Pinto, assumiu o caso.

Eurípedes prestou depoimento e teria confessado a autoria de cinco homicídios, chegando a participar das reconstituições, acompanhadas pela Gazeta do Triângulo. “Além da confissão dele, todas as provas que reunimos são substanciais. Também, na reconstituição, ele não hesitou em mostrar como e onde assassinou as vítimas”, disse Wagner Pinto, na época.

No entanto, na fase judicial, Eurípedes Martins alegou inocência e afirmou que somente assumiu os crimes sob forte pressão psicológica durante a sua prisão.

REVIRAVOLTAS

No período em que o acusado esteve preso, muita coisa aconteceu: o advogado Paulo Braganti assumiu o lugar do advogado Rogério Fernal, que alegou problemas particulares para deixar o caso; o réu foi submetido a exames de sanidade mental em Juiz de Fora, Barbacena e Ribeirão das Neves; ele passou por uma cirurgia na cabeça; outro acusado (o agente prisional J.A.J.) foi preso em Goiânia e solto pouco tempo depois, por falta de provas; a população araguarina se dividiu quanto à inocência de Eurípedes; e, ainda nesse período, apenas uma mulher foi morta com requintes semelhantes aos utilizados durante as mortes em série.

OUTRAS VÍTIMAS

Além de Lara Rodrigues Caetano Pereira, também foram assassinadas na época: Amanda Aparecida de Souza (13 anos), Vanda de Lima Nazareth (57), Regiane Maria Fonseca (27), Edma Maria Guedes Batista (41), Iraci Maria da Silva (44), Claudiana de Almeida (33) e Michele Monteiro da Silva (24 anos). Eurípedes Martins foi denunciado em alguns destes casos.
Os corpos foram encontrados em fevereiro, junho, agosto e setembro de 2005, e janeiro de 2006. As vítimas residiam nos bairros Maria Eugênia, Amorim, Ouro Verde, Flamboyants e Santa Helena. A maioria dos corpos foi encontrada semanas após os crimes, na região do bairro de Fátima.

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