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Neuropsi – O que seria transtorno de personalidade dependente?

sex, 3 de maio de 2019 05:47

Abertura-neuropse

1- O que seria transtorno de personalidade dependente?

É a necessidade de ser cuidado e resulta na perda de sua autonomia e interesses. Como são intensamente ansiosos sobre cuidar de si mesmos, eles se tornam excessivamente dependentes e submissos.

2- Quantas pessoas  e qual sexo são  mais acometidas ?

Estima-se que em torno de 0,7% da população em geral tenha o transtorno de personalidade dependente; ele é mais comum entre mulheres.

As comorbidades são comuns. Pacientes muitas vezes também têm transtorno depressivo (transtorno depressivo maior ou distimia), transtorno de ansiedade, transtorno por uso de álcool ou outro transtorno de personalidade (por exemplo, borderline, histriônico).

3- Quais são as causas?

Informações sobre as causas do transtorno de personalidade dependente são limitadas. Considera-se que fatores culturais, experiências precoces negativas e vulnerabilidades biológicas associadas com ansiedade contribuam para o desenvolvimento do transtorno de personalidade dependente. Traços familiares como submissão, insegurança e comportamento discreto também podem contribuir.

4-Por que a  mulher tem mais dificuldade em ficar sozinha?

É possível que nossa cultura cobre mais das mulheres, do que dos homens, que se casem e tenham família. Não sei se este seria o único fator envolvido, mas percebo que as mulheres demonstram tendência a sofrerem mais quando estão sós, sem um relacionamento.

Mas também é possível que a mulher expresse mais seu sofrimento em estar sozinha. Talvez o homem também se sinta tão mal tanto quanto a mulher, mas possa ter dificuldade em encontrar acolhimento ao expressar que prefere estar em um relacionamento do que sozinho.

5-Como se manifesta a dependência emocional?

Muitos de nós somos ensinados desde cedo que a solidão é ruim; devemos sempre estar acompanhados e estar sozinho é coisa de pessoas que não têm capacidade de se relacionar com o mundo à sua volta.

Dessa maneira, crescemos sem aprender a importância da solidão e nos sentimos mal quando temos que passar algum tempo em nossa própria companhia. Estamos acostumados a interagir com as pessoas, a estar constantemente criando novas relações, mesmo que não nos agrade, apenas para que não tenhamos que estar sozinhos. Isso é muito preocupante, porque o autoconhecimento é uma das nossas principais ferramentas para criarmos vidas autênticas, e ele é bem desenvolvido em nosso tempo de solidão.

Quando não compreendemos a importância de estarmos sozinhos, acabamos por procurar em outras pessoas a validação que precisamos. Não somos cuidadosos com quem permitimos que entre em nossas vidas, pelo contrário, qualquer companhia é suficiente, contanto que não tenhamos que estar sozinhos.

O medo da solidão afeta profundamente nossas mentes e corações e para que não tenhamos que lidar com essa realidade, apenas permitimos que qualquer pessoa entre em nosso caminho, mesmo que acabe mais nos prejudicando do que nos elevando, mesmo que nos traga mais tristeza do que felicidade.

6-A incapacidade de ficar sozinho gera algum tipo de problema?

Este é o grande problema de algumas pessoas. E não me refiro a ficar sozinho no campo afetivo amoroso. Alguns sofrem pela incapacidade de estar só em qualquer contexto. Precisam sempre de outros para lhe fazer companhia, obter conforto, confiança, segurança e apoio. Não ter alguém é tão assustador que preferem a condição de estar mal acompanhados do que sós.

Este padrão de comportamento deriva de uma percepção de si como uma pessoa incompleta e incapaz que necessita do outro para funcionar adequadamente.

7-Qual é o perfil dessa pessoa?

Geralmente, os indivíduos dependentes transformam coisas corriqueiras em grandes dilemas, como, por exemplo, comprar ou não uma roupa, dar um telefonema, se portar dessa ou daquela maneira. Não há uma confiança em si sem a chancela do outro. Embora mesmo com a chancela, a insegurança também não termina. É algo inerente.

O dependente é um constante sofredor, vive com intermináveis diálogos internos desconfiados da sua percepção e sempre se punindo severamente caso algo saia errado. A incapacidade desses indivíduos em funcionarem sozinhos é tão grande que preferem concordar com algo que vai contra seus princípios do que tomarem decisões por si só ou correr o risco de perder o vínculo com a pessoa que depende.

É importante ressaltar que esta dependência é exclusivamente emocional e não financeira. Uma necessidade escravizante, fruto de uma autoestima pobre e desestruturada, que frequentemente resulta em relações desequilibradas e doentias.

8-Existe tratamento?

Claro. A psicoterapia é  uma opção para a mulher, ou homem, que deseja superar a incapacidade em ficar só. A psicoterapia pode ajudar a identificar a origem, a possibilidade de haver algum evento que possa ter fragilizado neste sentido ou de encontrar formas de identificar qualidades nos momentos nos quais está só.  Pode ser usada a Terapia cognitivo-comportamental,  Psicoterapia psicodinâmica, e em caso de não resposta, encaminhar à psiquiatria. A Psicoterapia psicodinâmica e terapia cognitivo-comportamental que foquem no exame dos medos de independência e dificuldades com assertividade podem ajudar os pacientes. Os médicos devem ter cuidado para não promover a dependência no relacionamento terapêutico.

 

 

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