Neuropsi – Brincar e aprender
1-Qual a importância de brincar na infância?
Brincar é o momento mágico em que interagimos com o meio, manifestando nossa criatividade, inteligência e imaginação. Além disso, a experiência divertida proporciona o desenvolvimento das habilidades cognitivas, físicas, sociais e emocionais.
Brincar é reinventar a vida!
A cada minuto os pequenos criam novos personagens, cenários e situações imaginárias em suas brincadeiras. E, às vezes, no meio do faz de conta é possível escutá-los repetindo frases ou situações pelas quais vocês passaram juntos ou que fazem parte da rotina da família. Ou, ainda, percebemos que um dos bonecos da criança tem o nome de um amiguinho da escola e ali ela monta uma situação de conflito com outro boneco e tenta resolvê-la. Pois é, além de divertidas e deliciosas, as brincadeiras são um recurso para as crianças entenderem o mundo que as cerca e o que está acontecendo ao seu redor, permitindo que elas elaborem conflitos, frustrações e traumas.
A brincadeira permite que crianças e até adultos descubram seu verdadeiro eu: “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu”. Por isso a brincadeira funciona não só como forma de resolução de conflitos, mas também ajuda a criança a construir sua identidade, fazendo com que ela perceba que pode ser ela mesma e não a mãe ou o pai.
Resumindo: quanto mais a criança brinca, mais feliz ela se sente e brincar com os pais faz com que ela se sinta mais feliz ainda.
2- Brincar é socializar?
Quanto mais a criança vivencia momentos de brincar, por meio do dançar, pedalar, correr, se esconder, saltar e entre outros, mais aumenta seu repertório de brincadeiras. Consequentemente, ao interagir com seus amigos e colegas, é capaz de manter contato com regras de convivência com o outro. É importante deixar a criança livre para brincar com o outro, sem a intervenção de um adulto, para que possa aprimorar suas habilidades de aprender a dividir tarefas, negociar situações de impasse, tomar decisões, conversar com os colegas e criar hipóteses de resolução de conflitos, incentivando assim sua autonomia.
Durante a interação com os colegas, a criança participa de situações que contribuem para que ela estabeleça maiores vínculos. Desenvolvem formas para expressar suas ideias, seja por meio de gestos, falas ou ações.
3- E na escola?
É importante ressaltar que no ambiente escolar há aspectos facilitadores para o brincar e aprender: a própria estrutura física, a variedade de brinquedos, os cartazes e decoração das salas e os jogos e recursos pedagógicos.
1. Promove a inteligência coletiva
Brincar é uma atividade conjunta, que se desenvolve com a participação de todas as crianças. Dessa forma, a criança busca soluções em parceria com os seus colegas, aprendendo a lidar com diferentes opiniões e trabalhar em grupo desde cedo.
Ele cria um mundo similar ao real, em que convive com os outros personagens. Este aprendizado se dá de forma horizontal e não a partir de um adulto que impõe os ensinamentos.
2. É uma atividade inclusiva
Sabemos que, cada um tem facilidade em determinada tarefa e, muitas vezes, fazer algo em que não seja tão bom quanto os outros pode intimidar a criança a persistir naquela atividade, principalmente na sala de aula, onde existe a comparação de notas e desempenho.
3. Desenvolve aspectos não cognitivos
Ao brincar, a criança exercita a paciência e a disciplina, além de ter que estimular a concentração. Ela aprende a lidar com os seus objetivos e a melhor forma para conquistá-los. Esses são aspectos particulares que a vivência tradicional em sala de aula muitas vezes não proporciona, mas que precisam ser tratados na convivência com outras crianças.
Com os brinquedos educativos, porém, não há certo ou errado e cada um pode desenvolver-se da maneira que se sentir mais confortável.
4-Brincar estimula a autoconfiança da criança?
Geralmente caímos na tentação de resolver os problemas para as crianças a fim de poupá-las de alguma possível decepção. Na brincadeira, elas são, ao contrário, independentes e podem tomar as suas próprias decisões. Em um jogo de tabuleiro, por exemplo, devem pensar em uma estratégia, mesmo que simples, ou decidir o melhor lugar para se esconder no esconde-esconde. Ficam mais confiantes e abertas a novas experiências.
5-Brincar estimula a imaginação da criança?
O aprendizado infantil é muitas vezes baseado na imitação de comportamentos das pessoas com as quais ela se relaciona, deixando-a muito parecida com seus familiares e até professores. Com a liberdade da brincadeira, ela não se sente no compromisso da repetição, pois não há necessariamente a obrigação de fazer o exercício corretamente. O grande ganho do jogo educativo está no processo, não em sua resolução por si.
6- E em relação a memória?
Facilita a memorização
As nossas maiores lembranças têm sempre uma ligação afetiva. Quando a criança brinca, seu aprendizado está naturalmente associado a um bom momento, compartilhado com colegas ou pessoas queridas. Assim, o aprendizado é muito maior do que durante as aulas, em que o conteúdo se torna uma obrigação.
7-Quais são os benefícios das brincadeiras em grupo?
Assim como as brincadeiras individuais são potencializadoras do desenvolvimento infantil, as brincadeiras em grupos também têm um importante papel, ajudando os pequenos a enfrentarem os desafios das relações sociais, que serão fundamentais para a vida adulta. Os jogos ensinam a importância das regras e de segui-las, além de estimular a aprendizagem de coisas como cooperação, liderança e competição justa.
8-Como os pais podem incentivar os filhos?
É fundamental que os pais criem uma rotina para brincar com seus filhos, promovendo momentos propícios para que as brincadeiras possam ocorrer de maneira frequente e recorrente. A participação ativa dos pais anima ainda mais os pequenos a querer mais oportunidades de vinculação, num processo virtuoso que promove não apenas o desenvolvimento cognitivo da criança, mas também colabora para um relacionamento mais harmônico e afetivo entre pais e filhos.
9- Resumindo: qual é o bom de brincar?
Dê a uma criança em idade pré-escolar um pedaço de papel e um giz de cera e, em seguida, observe um mundo vibrante emergir de sua imaginação. Quando os pequenos usam sua imaginação durante um tempo livre, elas constroem sua criatividade de maneiras excitantes. A criatividade é uma habilidade importante, porque permite que as crianças façam conexões interessantes entre as ideias para desenvolver uma visão de mundo única. Permitir que elas criem seus próprios mundos usando argila, tinta, giz de cera ou até fantoches ajuda a aprimorar sua imaginação e construir sua visão criativa.
A capacidade de resolver problemas simples e complexos é um marco importante para o desenvolvimento cognitivo na primeira infância. Quando brincam juntas de jogos de tabuleiro, as crianças precisam usar suas habilidades de pensamento crítico para elaborar o melhor caminho em torno de um obstáculo. Jogos de cartas incentivam as crianças a experimentar várias estratégias e avaliar internamente o sucesso de cada uma delas. Amarelinha é outro jogo que requer a capacidade de superar um problema simples, encontrando uma solução alternativa. Na medida em que desfrutam de brincadeiras, aprendem a criar soluções para novos problemas de todos os tipos.
Brincar é o veículo para aprender. Através do brincar, as crianças desenvolvem habilidades cognitivas, físicas, sociais e emocionais, com melhora na capacidade de resolução de problemas, controle emocional, criatividade e melhora na capacidade de comunicação. Foi evidenciado que redução do tempo de brincadeiras pode afetar negativamente as capacidades de regular a atenção e o autocontrole, assim como a capacidade de raciocínio e de argumentação.
O brincar permite que as crianças criem e explorem um mundo que podem dominar, conquistando seus medos enquanto praticam papéis adultos, às vezes em conjunto com outras crianças ou cuidadores adultos. À medida que dominam seu mundo, o brincar ajuda a desenvolver novas competências que levam a uma confiança aprimorada e à resiliência que precisam para enfrentar os desafios futuros. O jogo não dirigido permite aprender a trabalhar em grupos, compartilhar, negociar, resolver conflitos e aprender habilidades de autodefesa. A brincadeira ensina como interagir com os colegas, resolver problemas e controlar suas ações para ser bem sucedido ao jogar dentro das regras de um jogo.
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