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Nascimento da telefonia em Uberabinha e Uberlândia

qui, 9 de janeiro de 2014 00:01

Abertura Histórias de Uberlândia

Uberabinha, década de 1920. Foto: Divulgação

Uberabinha, década de 1920. Foto: Divulgação

 

No ano de Nosso Senhor de 1909, a promissora cidade de Uberabinha ainda não era servida por serviços telefônicos. Manoel Caldeira percebeu a oportunidade e requereu à Câmara concessão para explorar serviços telefônicos. Mas ficou apenas na promessa e nada aconteceu. Então Lázaro Ferreira, dois anos depois, assumiu a ideia e começou a fincar postes e passar fiação. Foi muito criticado na época pela imprensa que dizia ser tudo muito malfeito. Finalmente, em meados de julho daquele ano, inaugurou os serviços de telefonia com fogos, festa e até banda de música. Sua saga durou pouco mais de um mês. Vendeu sua empresa para a Oliveira & Cia, que explorava o serviço em Araguari. A nova concessionária, em 16 de setembro de 1911, comunicou aos uberabinhenses, através da imprensa, a instalação da primeira linha intermunicipal, que ligaria Uberabinha a Araguari.

Palácio dos Leões, sede da Câmara de Uberabinha, inaugurado em 1917. Foto: Divulgação

Palácio dos Leões, sede da Câmara de Uberabinha, inaugurado em 1917. Foto: Divulgação

 

Em seis anos de atividade a empresa conseguiu 50 assinantes. Nessa época, vendeu as instalações de Uberabinha para o português Manuel Monteiro que as transferiu, dois anos depois, para os irmãos Arlindo Teixeira Júnior e Tito Teixeira. A transação foi celebrada e sacramentada por 30:000$000 (trinta contos de réis). A nova empresa constituída passou a se chamar Irmãos Teixeira. Na administração do Agente Executivo Eduardo Marques, em 1926, a concessão da Irmãos Teixeira venceu, sendo renovada pela Câmara até 1938.

Arlindo Teixeira Júnior, por motivo desconhecido, alterou seu nome para Arlindo Teixeira Costa e, no ano da graça de 1932, desistiu do negócio e passou sua parte ao irmão que renomeou a empresa para Empresa Telefônica Teixeirinha. Quando sua concessão venceu, a Câmara abriu concorrência que foi vencida pela Companhia Prada de Eletricidade. Mas, num acordo de cavalheiros, respeitando a legislação vigente, Tito Teixeira assinou um Termo de Aceitação de Proposta e permaneceu atendendo o serviço telefônico da cidade.

Sede da Compannhia Prada de Eletricidade.  Foto: Divulgação

Sede da Compannhia Prada de Eletricidade. Foto: Divulgação

 

A Companhia Telefônica Brasileira, CTB, em decreto assinado por Getúlio Vargas em 1938, foi autorizada a fazer ligação de suas linhas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Então, três anos depois, Tito Teixeira conseguiu, através da CTB, a instalação dos primeiros telefones automáticos da região do Brasil Central. No ano seguinte inaugurou linhas interurbanas conjugadas com as linhas locais, também com o auxílio da CTB, que instalou uma agência próxima a sede da Teixeirinha.

No final da década de 1940 várias pedras atravessaram o caminho da Telefônica Teixeirinha. Em contrato, a empresa precisava aumentar o número de telefones da cidade. Para isso necessitava aumentar as tarifas para conseguir caixa suficiente. Solicitou a Ericksson um orçamento e, ato contínuo, encaminhou pedido à Câmara para autorização da elevação da tarifa. A extrema morosidade e burocracia da Câmara fizeram com que a apreciação do pedido no plenário levasse dois anos. Mesmo assim só autorizaram o aumento seis meses depois. A essa altura, a Ericksson já havia alterado o orçamento e não havia mais condições de comprar o material para a expansão. Tito Teixeira tentou empréstimos bancários, interferência política, mas não conseguiu avançar.

A Câmara queria ver o contrato cumprido e entrou em conflito com Tito Teixeira. O impasse continuou, pressão da Câmara de um lado, falta de recursos do outro, até que a Associação Comercial resolveu intervir pois tinha grande interesse no crescimento da comunicação na cidade.

A Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Uberlândia assumiu os direitos da Companhia Telefônica Teixeirinha através da formação de uma Sociedade Anônima. O ano era 1951. Com o nome de Companhia de Telefones do Brasil Central, seu primeiro presidente foi Alexandrino Garcia, que era presidente também da Associação Comercial. O valor da aquisição foi de Cr$4.000.000,00 (quatro milhões de cruzeiros) e o capital inicial da nova empresa foi de Cr$20.000.000,00, dividido em 400 acionistas. Assim começou a história da CTBC.

Equipamentos da CTBC, provavelmente década de 1970.  Foto: Divulgação

Equipamentos da CTBC, provavelmente década de 1970. Foto: Divulgação

 

Coimbra Júnior.
(*) Administrador de Empresas, especializado em Finanças. Trabalha atualmente na Via Travel Turismo. Criou a página História de Uberlândia no Facebook.

 

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