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Meio Desligado – Esse palavrão chamado Cunha

qua, 14 de setembro de 2016 05:28

meio desligado

Todo mundo sabe que o Diabo é mau. Não precisa nem dizer o porquê, uma coisa auto explicativa mesmo. E depois desse casamento maldito entre a política brasileira e o marketing, as coisas não precisam mais ter explicação ou motivo. Elas são e pronto. Ou melhor, e ponto.

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Lula tirou 12 milhões de pessoas da miséria. A culpa é do FHC. Privatizar é ruim. O FMI é do mau. O petróleo é nosso. A Marina Silva é dos bancos. O Aécio cheira pó e tem um helicóptero de cocaína. E mais recentemente, o Temer vai tirar direitos dos trabalhadores. Como diz uma frase atribuída ao grande ícone da propaganda política (não, não é o João Santana), o Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, Joseph Goebbels: “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”.

Cunha bandido. Bandido não, o pior, o mais nefasto ser da política. Eleito presidente da Câmara em fevereiro de 2015, Eduardo Cunha deixou claro em seu discurso de posse que pretendia fazer oposição ao governo. Ele, um dos cabeças do PMDB, venceu com folga os outros candidatos e até então não costumava figurar postagens no Facebook.

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E por que ele era um bandido? Nem precisava responder. “O Cunha né, você sabe”. E caso alguém quisesse mesmo saber, a resposta não passava de um belo “todos os políticos são bandidos”, “ele é investigado”.

O que de concreto existia contra ele era a acusação de mentir à CPI da Petrobras ao negar, durante depoimento em março de 2015, ser titular de contas na Suíça, e só.

Nesse discurso da propaganda, duas coisas opostas podem ser válidas, depende da ocasião e do gosto do freguês. As mesmas pessoas que criticavam a Lava Jato chegavam ao cúmulo de acusar Eduardo Cunha por ter se beneficiado em esquemas investigados pela Lava Jato. Quer dizer, ao mesmo tempo em que apresentava falhas e inconsistências quando alguém do PT era citado, a Operação acertava na mosca quando citava Cunha. E o pior de tudo: caso a parte da operação que acusa o Cunha seja verdade, obviamente seria verdade também que os desvios eram permitidos por Lula, PT e companhia. É essa falta de lógica que irrita.

A coincidência é que “Cunha” passou a ser um palavrão e motivo de matéria em blogs de esquerda fuleiros financiados pelo governo com o nosso dinheiro justamente quando declarou guerra ao PT. Até então, PMDB e PT eram amiguinhos e se o sujeito fazia ou não pouco importava.

Quando o deputado ameaçou aceitar um dos muitos pedidos de impeachment protocolados na Câmara, nós eleitores, presenciamos um claro jogo de interesses. O governo querendo levar adiante a cassação de Cunha, ao passo que ele, como Presidente da Câmara, ameaçava colocar o pedido da Janaína e Hélio Bicudo em votação.

O impeachment foi levado adiante, Dilma saiu e no começo da semana, os deputados votaram pela cassação do mandato de Cunha. Finalmente, depois de muitas manobras, sessões adiadas e troca de relatores.

E aí está a diferença. Ninguém saiu na rua falando que o Eduardo Cunha sofreu um golpe. Seja por razões pessoais ou não, ele teve peito para levar o impeachment adiante, o que lhe valeu a alcunha de “malvado favorito” e muitas brincadeiras na internet, claramente irônicas. Mas, como vivemos numa época em que é preciso explicar até ironias, fica o recado. E o Renan? Bem, esse sempre passa batido.

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1 Comentário

  1. Ricardo disse:

    Que lixo de matéria!

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