Megaoperação de combate a exploração de jogos de azar, corrupção policial e lavagem de dinheiro
sex, 21 de abril de 2023 09:30Em Araguari, foram cumpridos mandados de busca e apreensão
Da Redação com assessoria
Nesta quinta-feira, 20, uma atuação conjunta do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Penal de Minas Gerais deflagrou uma megaoperação denominada “Confraria do azar”, que engloba o desencadeamento de quatro operações distintas e simultâneas.
Foram cumpridos 61 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva. Dentre os alvos das investigações estão um policial militar da reserva e dois policiais penais, além de diversas empresas e empresários suspeitos.
As ações, coordenadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Regional Uberlândia, são voltadas à apuração e repressão qualificada a organizações criminosas envolvidas com a prática de infrações penais graves na, como exploração de jogos de azar, corrupção policial e lavagem de dinheiro.
A operação contou com a efetiva participação de 250 agentes públicos, entre membros do Ministério Público e integrantes das forças de segurança pública, nas cidades de Uberlândia, Ituiutaba, Araguari e Goiânia.
Atendendo a requerimento do Gaeco Uberlândia, foi decretada a indisponibilidade de bens e valores do patrimônio de 29 investigados, no intuito de assegurar o valor de R$108.000.000,00 (cento e oito milhões de reais).
As ações envolvem a atuação de doze promotores de Justiça, onze do estado de Minas Gerais e um do estado de Goiás, 16 delegados de Polícia Civil, 82 policiais civis, 128 policiais militares, seis policiais penais, bem como servidores/colaboradores do Ministério Público mineiro.
A megaoperação simultânea envolveu quatro investigações diretamente e estruturalmente relacionadas:
4ª fase da Operação “Lavanderia dos Sonhos – sistemas”
A Operação Lavanderia dos Sonhos resulta de investigações conduzidas ao longo de quase dois anos, que resultaram na identificação de uma estruturada organização criminosa atuante há mais de trinta anos em Uberlândia/MG, liderada por integrantes de um mesmo núcleo familiar, voltada a prática de infrações penais, dentre as quais a exploração de jogos de azar e do bicho, assim como lavagem de dinheiro do produto dessas atividades ilícitas.
Em 2022 foram deflagradas três fases da Operação “Lavanderia dos Sonhos”, assim como oferecida denúncia criminal pelo MPMG em desfavor dos integrantes da organização criminosa. Após análise das provas obtidas nas primeiras fases da mencionada operação descobriu-se que o consórcio criminoso contava com estruturas essenciais ao êxito de suas ações e negócio que ainda não tinham sido detectadas por completo quando do oferecimento da ação penal.
Uma dessas estruturas consiste no desenvolvimento, aprimoramento, implantação e operacionalização dos sistemas informatizados utilizados pela organização criminosa para suas apostas ilegais e controle das operações, assim como do fluxo financeiro da atividade ilícita. Nesta operação específica foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três pontos, sendo que dois endereços são ligados à mesma pessoa suspeita.
4ª fase da Operação “Lavanderia dos Sonhos – corrupção”
Conforme já exposto no item anterior, essa 4ª fase da operação se destina a verificar, e posteriormente responsabilizar novas estruturas essenciais ao êxito das atividades e negócio da organização criminosa alvo da Lavanderia dos Sonhos.
Assim, após maiores aprofundamentos das análises das provas arrecadadas nas fases anteriores, constatou-se que o bando criminoso contava com o imprescindível auxílio de, pelo menos, um policial militar, mediante pagamento de vantagens indevidas.
Portanto, também são alvos dessa 4ª fase da operação duas novas pessoas investigadas, dentre elas um policial militar da reserva. Estão sendo
cumpridos 02 (dois) mandados de busca e apreensão, assim como 01 (um) mandado de prisão preventiva. Por fim, também foi decretada a indisponibilidade de bens e valores do patrimônio dos 02 (dois) investigados dessa operação específica, no intuito de assegurar o valor de R$36.000.000,00 (trinta e seis milhões reais).
Operação “Trevo do Infortúnio”
No curso das investigações da Operação Lavanderia dos Sonhos identificou-se um “consórcio”, ou melhor um “cartel criminoso”, composto por uma cúpula de “bicheiros e exploradores de azar”, os quais se relacionam continuamente para ajustes de preços, cotações de apostas e pagamentos de prêmios, divisão territorial das atividades clandestinas, obtenção de informações sigilosas sobre operações policiais e ações para o enfrentamento de criminosos concorrentes que ameacem a estabilidade e o enriquecimento dos integrantes desses grupos. Nesse sentido, foram detectados dois outros grupos criminosos com íntima relação com o primeiro bando.
Um desses grupos criminosos é alvo da Operação “Trevo do Infortúnio”, que visa comprovar o envolvimento dos integrantes já identificados e de interpostas pessoas, os quais utilizaram as estruturas de empresas privadas, em especial construtoras, postos de combustíveis e pátios de recolhimento de veículos credenciados junto ao Detran-MG, para fins de lavar os lucros e proveitos advindos das práticas ilícitas.
Nesta quinta-feira, foram cumpridos nessa operação específica 26 mandados de busca e apreensão contra empresas, pátios de veículos e empresários das cidades de Uberlândia, Ituiutaba, Araguari e Goiânia.
Também foi decretada a indisponibilidade de bens e valores do patrimônio de 23 investigados, no intuito de garantir o valor de R$36.000.000,00 (trinta e seis milhões reais).
A denominação da operação como Trevo do Infortúnio se deve ao fato de que um dos símbolos que foram identificados nos pontos de apostas desse grupo criminoso foi um “Trevo”.
Operação Águia
O terceiro grupo criminoso detectado e individualizado, liderado por herdeiros de antigo contraventor da cidade de Uberlândia, parente do
patriarca da primeira organização criminosa investigada, possui idêntico modelo de divisão de tarefas e operacional dos demais grupos anteriormente mencionados, tendo se estruturado para explorar o jogo do bicho em parte territorial da cidade de Uberlândia, assim como lavar o dinheiro angariado de fontes ilícitas por meio de “empresas de fachada”.
O símbolo deste terceiro grupo criminoso é uma águia, haja vista que era impresso nos comprovantes de apostas do jogo do bicho nas “lojas” por eles exploradas, especialmente nos estabelecimentos da região norte de Uberlândia.
Foram cumpridos nessa operação específica 30 mandados de busca e apreensão, sendo dois deles contra policiais penais de Uberlândia. Foi decretada, ainda, a indisponibilidade de bens e valores do patrimônio de seis investigados, no intuito de garantir o valor de R$36.000.000,00 (trinta e seis milhões reais).
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