Da Redação

O cirurgião plástico Helvécio José Ribeiro trabalha no Pronto Socorro Municipal desde 2007. Concursado desde 2010, trabalha durante a semana em Uberlândia como médico do INSS, das 13 às 19h, e por isso, suas escalas de plantão costumavam ser somente entre sábados e domingos. Mas isso mudou segundo ele, após ter reclamado das condições de trabalho da unidade.

Na manhã de ontem, o médico fez seu relato no Plenário da Câmara. Inconformado com as péssimas condições apontadas  – estrutura inadequada, falta de água e de material, mosquito da dengue e baixa remuneração – ele decidiu se manifestar e se posicionar perante a secretária de Saúde, Lucélia Rodrigues.

Foi então que o profissional recebeu escalas de plantão diferentes do habitual: quartas e sextas-feiras durante o dia, no mesmo horário que trabalha em Uberlândia. “A bem da verdade, ninguém gosta de receber críticas, seja essa pessoa um analfabeto ou presidente da República. Em todo o período que trabalhei aqui, nunca vivenciei uma situação dessa,” ressaltou.

Médico faz desabafo sobre condições precárias no Pronto Socorro à Tribuna da Câmara

Os relatos do médico impressionam. “Assumi o plantão em um sábado de manhã e à noite na tentativa de entubar um paciente, o fio preconizado pelo Conselho de Medicina foi substituído por um fio de cobre, de energia elétrica,” declarou.

“Uma vez atendi um paciente esfaqueado e não havia sangue na cidade. Se ele não fosse transferido, morreria. Liguei para o secretário de Saúde na época e ele afirmou que a responsabilidade seria minha. Então disse a ele: ‘se eu o levar ele pode morrer, se ele ficar aqui vai morrer.’ Levei esse paciente para Uberlândia, ele foi bem atendido, operado, a transfusão aconteceu e ele sobreviveu,” expôs.

Em outra ocasião, Helvécio Ribeiro afirma ter feito uma cirurgia em condições críticas. “Fiz como se estivesse em um campo de guerra, ali mesmo. Não teve como levar o paciente para Uberlândia e nem mesmo para hospitais da cidade, que sempre recebem os pacientes,” disse.

Atualmente de férias, o médico afirma que resolveu se manifestar publicamente na tentativa de minimizar os problemas, que não são poucos, mas que ele considera solucionáveis. “É importante que a população faça valer seus direitos como cidadãos, cobrando do Poder Legislativo para que eles sejam sanados. Acredito que em todas as cidades existem vários problemas, mas a saúde é algo a ser resolvido de imediato,” concluiu.

A secretária de Saúde, Lucélia Rodrigues, atualmente está em licença médica e deve retornar na próxima segunda-feira, 6.