Hipotireoidismo
sex, 21 de fevereiro de 2014 00:01
1-O que é hipotireoidismo?
O hipotireoidismo é uma disfunção na tireoide (glândula que regula importantes órgãos do organismo), que se caracteriza pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). É mais comum em mulheres, mas pode acometer qualquer pessoa, independente de gênero ou idade, até mesmo recém-nascidos – o chamado hipotireoidismo congênito.
2-Como se descobre o hipotireoidismo no bebê?
O Teste do Pezinho deve ser feito, preferencialmente, entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê. Em caso de resposta positiva ao hipotireoidismo congênito, o tratamento precisa ser iniciado imediatamente, sob rigoroso controle médico, para evitar suas consequências, entre elas o retardo mental. Assim, o bebê poderá ficar curado e ter uma vida normal. Cerca de um a cada 4 mil recém-nascidos possuem hipotireoidismo congênito.
3-No passado, era frequente encontrar nas ruas pessoas com bócio, famoso papo. Hoje, esses casos são mais raros. Por quê?
Uma das substâncias fundamentais para a produção do hormônio da tireoide é o iodo presente na alimentação. Assim, se a pessoa viver numa zona onde haja carência de iodo, a tireoide não vai fabricar o hormônio e a hipófise vai estimulá-la para que supra essa deficiência. Resultado: crescimento do bócio indicativo do aumento de volume da glândula.
Felizmente, com a obrigatoriedade da iodação do sal de cozinha, a ocorrência desses quadros de bócio endêmico diminuiu muito, mas ainda se verifica em regiões centrais quer do Brasil, quer da Europa. É interessante notar que tanto a falta quanto o excesso de iodo podem levar ao hipotireoidismo.
4-Qual a relação mulher e hipotireoidismo?
A doença é muito mais comum entre o sexo feminino, atingindo cerca de dez mulheres para cada homem.
A faixa etária mais comum para o aparecimento da doença nas mulheres é entre 40 e 60 anos, e os seus sintomas se confundem com os da menopausa.
5-Existe realmente essa epidemia de problemas da tireóide atualmente?
Quando se fala em epidemia, dá-se a impressão de que, de repente, se tornou mais comum o aparecimento de problemas da tireoide. Isso não é necessariamente verdade. Acontece que os métodos de diagnóstico, quer laboratoriais, quer por imagem, estão cada vez mais aperfeiçoados e pequenas alterações que não eram detectadas no passado, agora são percebidas com clareza. Com isso, o número de pessoas com alterações mínimas e subclínicas da tireoide aumentou. Por outro lado, e eu diria que infelizmente, há um excesso de requisições de exames não necessários que levam ao diagnóstico de “problemas” que, na verdade, não são problemas. Eu diria, então, que não há propriamente uma epidemia. O que há é um aumento considerável de pedido de exames e uma tecnologia mais avançada que permitem a detecção de situações subclínico.
6-Quais são os principais sintomas?
Um cansaço súbito e contínuo é o mais marcante dos sintomas da doença. É o principal alerta para que o indivíduo procure fazer um exame. Diferente do que as pessoas acreditam, com hipotireoidismo o indivíduo ganha no máximo cinco ou seis quilos, por causa da retenção líquido. O cansaço provocado pela doença pode inclusive diminuir a vontade de comer. Ela não é responsável pela obesidade. Dos obesos, poucos têm a doença.
No hipotireodismo, diminui a produção de hormônios da tireoide e como eles são fundamentais para a ativação do metabolismo ocorre uma diminuição geral da atividade do organismo. Decrescem a atividade cerebral e a frequência do batimento cardíaco. A pessoa pensa mais lentamente, tem tendência à depressão e à sonolência. Há também maior deposição de líquidos no corpo, o que provoca o edema característico do mixedema. O aumento de peso deriva mais desse edema do que propriamente do acúmulo de gordura. A pele fica fria e seca e os reflexos, mais vagarosos. Além disso, verificam-se alterações menstruais e na potência e libido dos homens.
7-Quais são as causas?
Existem algumas causas principais de hipotireoidismo:
· A doença de Hashimoto, que atinge cerca de 4% da população mundial. É a forma mais comum, atingindo a tireoide de forma lenta e gradativa.
· A retirada de um tumor ou nódulo na glândula.
· Tratamento de hipertireoidismo (alta produção dos hormônios pela tireoide) com iodo radioativo, que pode acabar deixando o indivíduo com hipotireoidismo.
· Doenças na hipófise, uma glândula da parte frontal da cabeça que controla várias outras glândulas, entre elas a tireoide.
· Doença no hipotálamo (bastante rara), uma área bilateral do cérebro que controla a hipófise.
O hipotireoidismo é uma doença autoimune e pode aparecer em qualquer idade, por prevalência genética, geralmente com histórico familiar. Existem famílias em que todas as pessoas sofrem da doença.
8-Como o hipotireoidismo é diagnosticado?
Os exames de sangue podem medir seus níveis do hormônio estimulador da tireoide (TSH) e do hormônio da tireoide (T4). Você tem hipotireoidismo quando tem TSH elevado e níveis baixos de T4 em seu sangue. No hipotireoidismo inicial ou na forma leve, o TSH estará alto, mas o T4 pode estar normal. Neste caso, o seu médico vai avaliar os níveis de TSH para fazer o diagnóstico.
Quando a causa do hipotiroidismo é a doença de Hashimoto, os exames podem detectar os anticorpos que atacam a tireoide.
9-Nas fases mais avançadas, o hipotireoidismo pode ser uma doença grave?
Pode ser grave e fatal. No estágio final da doença, os pacientes tornam-se mixedematosos, entram em coma e o tratamento pode ser infrutífero.
10-Como é o tratamento?
O tratamento do hipotireoidismo é bastante simples, realizado apenas com a reposição dos hormônios em formato sintético. Embora eles não causem nenhum efeito colateral, devem ser tomados para o resto da vida do indivíduo. Os comprimidos são em microgramas, variando de 25 a 200, e não em miligramas como a maioria dos medicamentos. Por isso, a levotiroxina não deve ser feita por manipulação, pois a chance de erro é grande. O tratamento é contínuo e deve ser controlado profissionalmente para regular a dose com o passar do tempo. Depois de iniciado, em oito semanas o paciente está bom e volta ao seu estado normal. Sem o tratamento, a pessoa fica lenta, urina menos e pode apresentar sintomas como demência e hipertensão. Se a reposição for realizada, a doença não reduz o tempo de vida do paciente. Para reproduzir o funcionamento normal da tireoide, a levotiroxina deve ser tomada todos os dias, em jejum (no mínimo meia hora antes do café da manhã), para que a ingestão de alimentos não diminua a sua absorção pelo intestino.
11-Esse hormônio deve ser tomado pela vida toda?
Em geral, pela vida toda. O hipotireoidismo, uma vez instalado, é permanente. Entretanto, existem algumas formas de hipotireoidismo, principalmente aquelas que se manifestam no pós-parto, que são transitórias. Trata-se, porém, de uma minoria que consegue recuperar a função da tireoide.
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