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Geographia e aguas mineraes

qui, 1 de maio de 2014 08:22

Abertura Histórias de Uberlândia
Hoje, tomei emprestado um texto da publicação de 1931, do Estado de Minas Geraes, sobre a Uberabinha de 1922. Deixei na grafia da época, para realçar sua riqueza e as mudanças que a escrita sofreu em menos de 100 anos. Bem vindos ao início dos anos 1930.

“GEOGRAPHIA DO MUNICIPIO

ASPECTO PHYSICO – O municipio de Uberabinha, com area approximada de 3.500 kilometros quadrados, fica situado entre duas bacias fluentes do Paranahyba, a bacia do rio das Velhas, bastante caudaloso, cheio de gargantas e corredeiras e a do Tejuco, manso, orlado de extensos varjões, por onde se espraiam as suas enchentes, formando vasto lençol de aguas, a descarregar aqui, a carregar alli, o humus com que fertilisa extraordinariamente as suas margens.

A sua distância do litoral é de cerca de 1.000 kilometros e sua collocação geographica limita-o com os municipios de Uberaba, Araguary, Abbadia do Bom Sucesso, Monte Alegre e Prata.

É geralmente plano, notando-se, todavia, acompanhando o valle do Rio das Velhas, uma extensa cordilheira que recebe aqui, alli, o nome de serra, sem outra designação.
Para os lados da Babylonia e Tejuco existem algumas furnas.

Para o Norte e Nascente vertem as suas aguas para o rio das Velhas; para o Sul e Poente para o Tejuco, dividindo-se as suas terras em duas faixas differentes pela natureza do solo, vegetação e culturas.

Na vertente do rio das Velhas, onde predomina a terra vermelha, encontra-se a cidade de Uberabinha, quasi a margem direita do rio do mesmo nome, que corre de Sul a Norte, numa extensão de cerca de 30 leguas e é o mais importante tributario da margen esquerda do rio das Velhas.

É a zona das culturas, onde a agricultura é mais desenvolvida, mais disseminada a propriedade rural, mais valorisadas as terras, cujos preços, ás vezes, são bastante elevados.

Os pontos mais altos do municipio são de cerca de 870 a 900 metros de altitude acima do nivel do mar.

Toda a margem do rio das Velhas, numa largura que varia de uma a duas leguas e numa extensão de cerca de 15 leguas é caracterisada por uma faixa de mattas de grande fertilidade.

Á borda dessa matta, ao Norte da cidade e a 30 kilometros desta, encontra-se Martinopolis, povoação recentemente formada e prestes a ser elevada a districto de paz.

Existem ainda outros bairros intensamente povoados, como Machados, Rio das Pedras, Cruzeiro dos Peixotos, Sobradinho, Burity, Terra Branca, Tenda, Marimbondo.

Nas vertentes do rio Tejuco, a 48 kilometros da cidade, fica Santa Maria, segundo districto do municipio, situado á margem direita do ribeirão do Estiva, na confluencia do corrego Santa Maria.

O Tejuco, cuja nascente é no municipio de Uberaba, percorre o municipio de Uberabinha numa distancia approximada de 60 kilometros e caracterisa a sua zona por excellentes pastagens, onde se encontram as maiores fazendas de crear do municipio.

A maior parte das terras deste são de campos e serrados. Avaliando-se em 100.000 alqueires de 80 litros a sua extensão territorial, a área de culturas é estimada em 20%.

Nas pontas das cabeceiras ou ao lado d’ellas encontram-se frequentemente pequenos capões, nem sempre constituidos de terras boas e transformadas hoje em invernadas de jaraguá ou gordura.

As terras mais férteis do municipio são as que se encontram entre os rios das Velhas e Uberabinha, sobretudo na matta dos Dias, celebres pelas questões oriundas de sua divisão e no Pontal, as quaes muito se assemelham ás do Oeste Paulista, prestando-se maravilhosamente a toda e qualquer especie de culturas.

Além dos rios das Velhas, Uberabinha e Tejuco, que são os principaes, contam-se ainda, no municipio, os seguintes: o ribeirão da Rocinha, affluente do primeiro; os ribeirões Beija-Flor, Bom Jardim e rio das Pedras, affluentes do segundo; os ribeirões Douradinho, Babylonia e Estiva, affluentes do terceiro.

São sem numero os corregos e vertentes que levam suas aguas para estes cursos maiores e seus respectivos tributarios.

Não existem no municipio ilhas e nem lagos de importancia.

Nas margens do rio Tejuco encontra-se algumas lagoas, abundantes em peixes e resultantes do transbordo desse rio por occasião das enchentes e bem assim nas margens do rio das Velhas, nas proximidades da foz do Uberabinha.

AGUAS MINERAES – Entre os productos mineraes mais importantes de Uberabinha destacam-se as aguas mineraes do Burity e do Paraizo, já bastante conhecidas pela sua real efficacia na cura das molestias do apparelho gastro-intestinal, figado, baço, etc.

Conquanto não exista ainda uma captação regular dessas fontes, que brotam do sólo em tenues filetes á beira dos corregos e nem se encontrem egualmente installações apropriadas para o recebimento dos doentes, aos quaes é prescripto o uso dessas aguas, são muitas as pessoas que, desde muito, se dizem curadas com o seu uso.

Só agora esses resultados começam a impressionar aos seus proprietarios, mostrando-lhes possibilidades para o estabelecimento de hoteis, pensões, etc.

Pertencem as aguas do Burity, as mais antigas, ao sr. Octaviano Rodrigues da Cunha, agronomo e fazendeiro residente nas proximidades das mesmas e que já mantem, próxima á fonte, uma pensão á cargo do sr. João Thomaz de Rezende, que, dia a dia, está procurando melhorar as suas acommodações.

Distanciadas da cidade 18 kilometros, estão ligadas a ella por uma mágnifica estrada de automoveis e rede telephonica.

As aguas do Paraizo foram recentemente descobertas e pertencem ao coronel José Theophilo Carneiro que, animado pelos excellentes resultados colhidos com o seu uso, vae fazer dellas uma captação em regra e construir um hotel confortavel nas immediações, estando em construcção, presentemente, uma estrada de automoveis para Uberabinha e outra para a estação de Sobradinho, que lhe fica proxima.

As analyses dessas duas aguas foram procedidas com material colhido sem as precauções indispensaveis, remettido para S.Paulo e realizadas em laboratorios particulares, sem as garantias necessarias.

Dellas, devido á distancia em que foram feitas das fontes, devido ao tempo decorrido entre a colheita e o exame, não consta a sua reconhecida radio-actividade, o que, por si só, as annulla, porque, justamente, a radio-actividade o que estas aguas tem de melhor.”

Avenida Affonso Penna, Praça da República, atual Tubal Vilela, início dos anos 1930. Foto: Divulgação

Avenida Affonso Penna, Praça da República, atual Tubal Vilela, início dos anos 1930. Foto: Divulgação

 

Avenida Affonso Penna, esquina de rua Machado de Assis, década de 1930 – Foto de Oswaldo Naghetini

Avenida Affonso Penna, esquina de rua Machado de Assis, década de 1930 – Foto de Oswaldo Naghetini

 

Década de 1930, detalhe da praça da Liberdade, atual Clarimundo Carneiro, durante um desfile militar. Foto: Divulgação

Década de 1930, detalhe da praça da Liberdade, atual Clarimundo Carneiro, durante um desfile militar. Foto: Divulgação

 

Detalhe da praça da Liberdade, antes Largo da Cavalhada e atual praça Coronel Carneiro, Uberabinha, final da década de 1920. Foto: Divulgação

Detalhe da praça da Liberdade, antes Largo da Cavalhada e atual praça Coronel Carneiro, Uberabinha, final da década de 1920. Foto: Divulgação

 

Detalhe de mapa de 1836, do Sertão da Farinha Podre, atual Triângulo Mineiro, mostrando os rios Uberava Verdadeiro, atual Uberabinha, Rio das Velha e rio Tejuco. Foto: Divulgação

Detalhe de mapa de 1836, do Sertão da Farinha Podre, atual Triângulo Mineiro, mostrando os rios Uberava Verdadeiro, atual Uberabinha, Rio das Velha e rio Tejuco. Foto: Divulgação

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Coimbra Júnior.
(*) Administrador de Empresas, especializado em Finanças. Trabalha atualmente na Via Travel Turismo. Criou a página História de Uberlândia no Facebook.

 

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