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Fieis católicos se preparam para início da Quaresma

ter, 9 de fevereiro de 2016 08:00

por Stella Vieira

Igreja promove também as reflexões da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016

A Quarta-Feira de Cinzas, celebrada no dia 10 de fevereiro, marca o início do tempo quaresmal para os fieis da igreja católica. O período de quarenta dias termina com a celebração do Domingo de Ramos, que é seguido pela Semana Santa. Durante esse período, a igreja também é convidada a refletir o tema abordado pela Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016.

Interessados podem adquirir os livros da Campanha da Fraternidade nas paróquias e livrarias

Interessados podem adquirir os livros da Campanha da Fraternidade nas paróquias e livrarias

 

De acordo com o pároco da igreja Nossa Senhora do Rosário, padre Joeds Castro, o período quaresmal relembra os dias em que Jesus Cristo foi tentado no deserto. “A quaresma lembra os quarenta dias em que Jesus foi tentado. Além disso, a expectativa de vida das pessoas naquela época era de quarenta anos, então, isso nos mostra que Jesus foi tentado durante toda a sua vida, porém, Ele sempre fez o bem e nunca se deixou levar pelas tentações que o ser humano sofre”.

O pároco comenta que nos dias que antecedem o tempo quaresmal, criou-se o costume popular de realizar o Carnaval. “Esses dias eram mais festivos, pois as pessoas entendiam que a quaresma era um tempo de penitência e de sofrimento, até mesmo na questão alimentar, por isso, antes de entrar nesse período, eles comiam mais carne. Foi assim que surgiu o Carnaval. As pessoas se valiam mais da carne, para depois não comê-la nos dias em que a igreja pedia. Essa era uma forma de mostrar que o homem não tirava sua força da carne, mas que ele, no plano de Deus, controla sua carne”.

A Quaresma tem início na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos. “Esse é o primeiro dia do ciclo litúrgico do tempo quaresmal, continuando praticamente até a Quinta-feira Santa, que dá início ao tríduo pascal e encerra todo esse período”. O pároco afirma que, no ciclo litúrgico, o período quaresmal possui uma data móvel. “Na Páscoa, os judeus celebravam a libertação do povo do Egito, porém, o calendário judaico é lunar e a celebração coincide com a lua cheia do mês. Dessa forma, no judaísmo, existe a data certa para celebrar a Páscoa, mas, no nosso calendário, ainda se guarda essa mobilidade, sem uma data fixa. Assim, os cristãos celebram também a Páscoa, mas revivendo a ceia que Cristo celebrou com os apóstolos. Em referência à Páscoa judaica, Jesus é o cordeiro de Deus, então, ao mesmo tempo em que eles celebram a libertação de todo o povo, celebramos a libertação de toda a humanidade, em Jesus Cristo”.

Segundo o pároco, os cristãos devem viver a Quaresma seguindo as orientações dos evangelhos. “A vida do cristão é orientada pelo evangelho, então, temos as três atitudes, que são a caridade, oração e abstinência”. O padre ressalta que o tempo quaresmal não é um período triste. “Conforme Jesus mesmo chama a atenção na liturgia, quando a pessoa estiver fazendo jejum, ela deve lavar o rosto e perfumar a cabeça, da mesma forma que se faz quando está indo para uma festa. O tempo quaresmal é justamente isso. É um tempo de beleza e alegria, onde se recomenda uma intimidade maior com Deus, e não de tristeza e sofrimento, pois isso Cristo venceu na cruz. Precisamos dessa intimidade com Deus para que possamos celebrar a Páscoa definitiva, com a certeza de Sua ressureição”.

O fiel Vitor Rodrigues Costa da Silva comenta que a Quaresma representa um tempo de viver mais profundamente a vida do próprio Jesus Cristo. “A igreja é o corpo místico de Cristo e, assim como Ele, precisamos viver de acordo com o que está nos evangelhos. A Quaresma é um tempo que nos leva a refletir sobre nossa vida, que deve ser uma diária conversão. Eu comecei a me preparar para esse período no Carnaval e espero durante esses quarenta dias, poder participar ativamente da vida paroquial. Recomendo que todos possam voltar o olhar a Cristo, pois esse é o Ano da Misericórdia e penso que Deus está nos chamando para voltarmos aos braços Dele. Devemos também fazer penitências e sacrifícios, oferecendo-os a Deus para a conversão dos pecadores, para a nossa conversão e para a disciplina de nossos instintos pecaminosos”.

Campanha da Fraternidade

A Campanha da Fraternidade Ecumênica, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) terá como tema a “Casa comum, nossa responsabilidade”. Joeds Castro comenta que a campanha é realizada há mais de 60 anos, com a proposta de que haja uma atitude concreta durante o período quaresmal. “A igreja no Brasil realiza a campanha para que os fieis possam trabalhar a solidariedade. A Quaresma é um período em que as pessoas abstêm-se daquilo que faz mal e dedicam-se então a uma boa causa”.

Conforme o pároco, esse ano a Campanha da Fraternidade aborda a questão do saneamento básico no Brasil. “Trata também dos cuidados que devemos ter em relação à utilização dos recursos hídricos, a forma de tratamento dos esgotos, dentre outros. Temos cidades que ainda são muito precárias nessas questões, mas, temos outras, como Uberlândia, que são referência, não só no Brasil, mas até mesmo no exterior, em relação ao saneamento básico. Isso deveria estimular as cidades vizinhas e, principalmente, fazer com que as pessoas reflitam e deem importância a esse assunto”.

Joeds Castro ressalta que a água é vista na Sagrada Escritura como um reflexo da graça de Deus. “O povo na Sagrada Escritura tinha essa mentalidade de que a graça de Deus corria do altar como rios, então, nós somos chamados a essa consciência de preservação desse dom que é oferecido a nós. Precisamos estar atentos, ainda mais nesse momento, com todas essas epidemias relacionadas ao Aedes aegypti. Temos também denúncias de que há situações causadas pelos interesses econômicos, por exemplo, a indústria farmacêutica, que muitas vezes quer vender, mas pode acabar gerando epidemias”.

De acordo com o pároco, é importante que a população realize atitudes concretas em relação à preservação e cuidados com o meio ambiente. “Penso que durante a Campanha da Fraternidade, onde relembramos as palavras do profeta Amós, que diz ‘Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca’, podemos fazer também algo muito bom. Podemos, por exemplo, plantar citronelas, que são repelentes, nos vasos em nossas residências e isso fará um grande bem para toda a cidade. Não gastaremos nada e ainda seremos ecológicos, evitando a proliferação do mosquito”.

Os interessados podem adquirir os livros da Campanha da Fraternidade nas secretarias das paróquias. “Os livretos estarão disponíveis nas paróquias e livrarias. Além disso, como é uma campanha ecumênica, pode ser que outras entidades também tenham disponibilizado os exemplares. É recomendado que as famílias organizem-se com os vizinhos e rezem juntas as reflexões. O tempo quaresmal é de intimidade com Deus, mas não pode ser de distanciamento das pessoas, por isso, através desse livro, podemos nos unir e deixar as inimizades de lado. Se o mosquito da dengue pula a cerca das casas para fazer o mal, por que não podemos nos unir com os vizinhos e fazer o bem uns para os outros?”.

Além disso, a igreja católica celebra, em 2016, o Ano da Misericórdia. “Esse ano devemos viver a misericórdia e realizar as práticas materiais e espirituais, conforme o Papa Francisco nos chama. Como está escrito no evangelho de São Matheus, Jesus disse ‘Estive com fome e me destes de comer, com sede e me deste de beber’, assim, devemos nos aprofundar e viver, não só esse ano, mas a vida toda aprofundada na misericórdia de Deus, para que tenhamos uma vida mais santa e uma sociedade mais justa e fraterna”.

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