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Ficha Técnica – O futebol respira

qua, 29 de junho de 2016 05:21

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Era uma vez uma ilha vulcânica de pouco mais de 300 mil habitantes. Com área territorial milhões de vezes menor que Uberlândia, tinha intensa indústria pesqueira e atribuía 70% de sua energia a fontes renováveis. Eis que um dia, o país nórdico de sagas medievais alcançou pela primeira vez a chance de disputar um torneio internacional. Em campo, dentistas, garçons, mecânicos e empresários. Invictos, mandaram de volta para casa quem há muito se auto intitulava criador daquilo tudo.

De toda a população da Islândia, apenas 100 são jogadores profissionais. É a menor entre as 50 primeiras nações do ranking da Fifa. Em 2002, chegou a tomar dois gols de Anderson Polga numa goleada sofrida para o Brasil. Seu maior estádio não passa de 15 mil cadeiras. Números irrelevantes até o embate ante os ingleses. Contra a turma do chá das 5, uma virada histórica e uma classificação inédita para as quartas da Eurocopa. Ali, o futebol voltava a respirar o ar mais puro.

30 mil torcedores – 10% da população do país - viajam para acompanhar a vitória da Islândia

30 mil torcedores – 10% da população do país – viajam para acompanhar a vitória da Islândia

 

Superei a sedução de fazer um trocadilho com a saída do Reino Unido da União Europeia e da Inglaterra do torneio intercontinental. Como um bom admirador e saudosista de coração, preferi admirar o que se moldava sob meus olhos. Sobre camisas que envergam varal, a Itália engoliu o tiki-taka espanhol, mostrando outro lado para quem atribui fracassos a uma safra carente de bons jogadores. O principal jogador italiano é o goleiro.

O futebol respira e castiga, ainda que o culpado não seja você. No rosto do extraterrestre Lionel Messi, as lágrimas de um humano. De alguém que levantou a taça 28 vezes por seu clube e não entregou um título sequer para a seleção. Do capitão, maior artilheiro da história de um país, que sofre a dor de uma derrota e não amarela nas decisões, tampouco transfere a culpa para outro alguém.

Com 29 anos recém-completados, Messi ainda tem lenha para queimar na Copa de 2018. Assim como Garrincha em 1962, Gordon Banks em 66, Pelé em 70, Beckenbauer em 74, Platini em 86, Rivaldo em 2002 ou Zidane em 2006. Seja nas lágrimas que escorrem pelo rosto do argentino, nos gritos que ecoam pela ilha vulcânica da Islândia ou na valentia italiana resgatada das cinzas, o futebol respira e inspira ao lutar por simplesmente ser aquilo que se é.

2 Comentários

  1. Jonnathan Fernandes disse:

    Adoro quando esses momentos acontecem no futebol ou em qualquer outro esporte. Acho incrível como o Leicester conquistou a a Premier League. Claro que a Islândia não conquistará a Europa nessa edição, mas é belo ver como um país que não é tradicional no Futebol faz isso. O Futebol é mesmo uma caia de surpresas. Show de bola. Belo texto. Parabéns.

  2. Jonnathan Fernandes disse:

    Adoro quando esses momentos acontecem no futebol ou em qualquer outro esporte. Acho incrível como o Leicester conquistou a Premier League. Claro que a Islândia não conquistará a Europa nessa edição, mas é belo ver como um país que não é tradicional no Futebol fez história. Essa modalidade esportiva é mesmo uma caixinha de surpresas. Show de bola. Belo texto. Parabéns.

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