Sexta-feira, 13 de Setembro de 2024 Fazer o Login

Ficha Técnica – Mais amor, menos hipocrisia

qua, 6 de abril de 2016 08:49

Abertura-ficha-tecnica

Manhã de quarta-feira, 6 de abril. Obrigado ao senhor que adotou a britadeira na obra ao lado. Levanto honrado, mas não demora, padeço. É o preço que se paga por esperar demais de quem é de menos. Espécie que peca em ser humano. Torcedor brasileiro, vermelho, azul, preto, pobre, guerreiro. Favas contadas. No país da carteirada e da delação premiada, preferem se preocupar com onde fica o lugar da tomada. O ego carrega o celular, que compartilha sem apurar. Nos jornais, tristeza. Uma em cada três pessoas no mundo vive na pobreza.

Algumas pessoas cuidam melhor de seus cães do que de seus irmãos, dizia o argentino Jorge Bergoglio. O tempo o tornou Papa Francisco, mas mesmo o mais ateu há de concordar. Afinal, como explicar o descaso, a desigualdade, as brigas políticas e as batalhas de torcida? Terra da propina. Morre mais gente que na guerra entre Israel e Palestina. Por falar nisso, há quantas anda Mariana? Levanta-te, eis mais um gol da Alemanha.

Uma vida melhor para você, ou um país mais igual para todos? *Créditos Fuleco2014

Uma vida melhor para você, ou um país mais igual para todos?
(Créditos Fuleco2014)

Despedida. Desde 2003, mais de 100 torcedores brasileiros não voltaram para a casa. Quantos chegaram vivos ao fim dos 90 minutos? Quantos presos? Desespero. O próximo jogo será de apenas uma torcida. É a paz no cemitério. Nos estádios, luta contra um jogo perdido. Nas ruas, luto pelas balas perdidas. Legado. Não se faz Copas com hospitais, não é mesmo Ronaldo?

Saúde. O esporte respirando com a ajuda de aparelhos. A corrupção levada na esportiva. O desvio do dinheiro público como rota de fuga. É final de campeonato, mas o herói mesmo é o juiz da Lava Jato. Educação sem efeito. Falta investimento, sobra preconceito. Respeito mesmo era o São Caetano vice-campeão da Taça Libertadores de 2002. Mas esse é um assunto que deixamos para depois.

Não adianta cobrarmos a torto e a direito um país melhor, se queremos caminhar à custa dele.  É como enfrentar o sedentarismo com esteiras, a insônia com comprimidos, ou a solidão com eletrônicos. Mudança não é tirar o time de campo, mas rever a postura e virar o jogo. Igualdade. Entre direitos e privilégios, sejamos nobres bandidos para roubar de volta o tempo perdido. Panelada, buzinaço, euforia. Chega de máscaras, alegoria ou fantasia. Mais amor, menos hipocrisia.

Nenhum comentário

Deixe seu comentário: