por Talita Gonçalves

Líder do governo nos primeiros anos do mandato, Luiz Antônio de Oliveira – Luiz Construtor (PSDB) conquistou o segundo mandato com uma queda de votos em relação ao primeiro mandato, algo que ele atribuiu a divulgação midiática contrária à reeleição. Além de destacar suas motivações e perspectivas para os próximos quatro anos, ao longo da entrevista, feita em sua casa na tarde de ontem (Luiz se recupera de um problema de saúde) ele enfatizou a importância da cidade conseguir eleger um deputado estadual.

 

Onde você estava no momento da apuração? Estava em casa, com a minha família, meus amigos e apoiadores.

Como foi saber que você havia se reelegido? Eleição não dá para prever, não é como matemática que fecha. Eleição é uma coisa que você trabalha com algo que a pessoa tem o direito de mudar até o último minuto ali, quando estiver ela e a urna.

A que você atribui a queda na sua votação? Fui eleito na primeira com 1.589 votos e na segunda com 1.075 votos. A situação nacional influenciou muito, a mídia em cima, jogando a todo momento a não reeleição. Quem estava no cargo teve desgaste. A maioria dos políticos em Araguari e no país caiu em número de votos e os novos tiveram sucesso, também por mérito deles. Vamos trabalhar juntos por mais quatro anos.

Após as mudanças eleitorais, você acha que 45 dias de campanha foram suficientes? Não foram, foi desumano. Fazer campanha em 45 dias é desumano. Na eleição passada eu fiz 600 reuniões, nessa fiz 300 reuniões. Você não consegue cumprir a agenda.

O que você ressalta de positivo do seu primeiro mandato? Participei de um governo do qual tive orgulho de participar, fui líder do governo. Tenho orgulho de dizer que aprovei todos os projetos que foram essenciais, que foram inaugurados, que estão sendo inaugurados, que foram aprovados com a minha participação direta como líder do governo, que a gente pode citar o 100% asfalto, a ETE, sete novas UBS, concurso público para ocupa-las. Lógico que não agradei e nem tenho a pretensão de agradar a todos, porque nem Jesus conseguiu isso, mas tenho a sensação de dever cumprido. Sou um vereador do povo, não gosto que me rotulem. Tudo que for bom para a cidade, independente do prefeito, será votado. Se no meu entendimento for ruim para a cidade, irei argumentar e criticar.

Como é a perspectiva para o segundo mandato com a eleição de Marcos Coelho (PMDB)? Acho que é uma nova etapa da minha vida. E eu costumo dizer para as pessoas próximas que sou um eterno aprendiz. Mas te digo que não tenho nada contra ele. Acredito que a maioria da população, seja uma diferença pequena ou não, a maioria decidiu. Se o escolheram, assim deve ser. Estarei na Câmara vendo com bons olhos os projetos que ele mandar.

Como foi sua trajetória? Estou na política por acidente, porque eu não sou um político. Não sou populista, não sou um político social. Fiz muito, aprendi a fazer filantropia, mas acredito que os políticos deveriam ser valorizados pela participação em projetos. A maioria da população não sabe que o vereador não pode apresentar um projeto de lei que custe um centavo aos cofres públicos. Então os bons projetos que rendem benefício à comunidade só podem partir do Executivo. Um vereador é um graveto, a Câmara dos vereadores sim é o poder. Um vereador sozinho dizer que faz e acontece, não é verdade.

O que você espera da política? Minha primeira intenção há uns 12 anos, quando me aproximei da política, foi como apoiador de um projeto para Araguari. Acredito que isso é mais importante do que vereador, prefeito. A gente precisa ter um deputado. Apoiei uma primeira candidatura, trabalhei sem ganhar um centavo, apenas com emoção, coração e dedicação à minha cidade. Infelizmente o candidato teve 46 mil votos, mas não foi eleito. Depois de novo fui para outro projeto apoiando e incentivando, hoje até sou criticado por isso. Apoiei um candidato que teve quase 24 mil votos, faltando 300 e poucos para ser eleito deputado estadual. O caminho para conseguirmos eleger um deputado federal passa pela eleição do deputado estadual. Depois ele terá serviços prestados na região e com isso o deputado estadual eleito pode se lançar como federal. A classe política araguarina tem que parar de pensar no próprio umbigo. Pode ser o meu pior inimigo, se ele me apresentar condições de ser eleito deputado estadual, irei apoiá-lo.

Você tem pretensão de almejar outros cargos? No momento estou em uma fase de aprendizado. Mal terminei o primeiro mandato, não tenho pretensão nenhuma de ser candidato a deputado estadual. Afirmo isso categoricamente. Sonhos todo mundo tem, mas sonhos são sonhos. Em uma situação de grupo que for favorável, talvez sim, talvez não. Nada na vida se faz sozinho. Eu sou uma pessoa de grupo. Quero estar em um grupo que defenda os interesses do coletivo, e não interesses pessoais.

Qual a sua perspectiva para o segundo mandato? Ser vereador. Vereador sozinho, o que ele é? Apoiador de bons projetos. Fiscaliza? Nem tanto. Todos os projetos enviados para o Legislativo são analisados e estudados. Isso já elimina um pouco das dúvidas. Se fazem algo de errado no Executivo, na hora que você quer agir, ninguém quer ser nem ao menos testemunha. E ninguém quer mostrar a cara. Falar de pessoas, de credibilidade de pessoas sem provas, como eu não gosto que falem de mim, jamais farei isso com alguém.

E a presidência da Câmara? Estive em uma posição de definição nas duas primeiras presidências. Nessa estou tentando ficar o mais longe possível. Falei alguns “nãos” e por isso até andei contrariando pessoas. Mas quero dizer a todos que não tenho pretensão de ser candidato, jamais tive e não quero. Esse regime de presidência que temos em Araguari não me agrada. Sou uma pessoa que não tem medo, depois que eu aponto um lado eu vou.

Em setembro, te entrevistei à respeito do andamento da “CLI do Esquemão” e você afirmou que iria esperar as eleições para que isso não fosse usado com sensacionalismo. E agora, vocês irão votar? Claro, não só pretendemos, mas temos obrigação. Inclusive ainda não começamos com o assunto na Câmara porque tenho problemas de saúde e ainda hoje estou de atestado. Por isso que você tem faltado as sessões? Sim, e provavelmente se Deus continuar abençoando tudo, nesta terça-feira estarei lá para começar as conversações.

Por que seu apelido é Luiz “Construtor”? Porque faço casas, casas como esta, para maiores, fiz mais de 100 casas na minha vida. Compro o terreno, material, contrato a mão de obra e vendo a casa pronta. Não deixei o meu ofício. Adoro o que faço. Desde de 1993 construo casas. Em Araguari? Aqui, Uberlândia, no Maranhão fiz construção em fazendas.

O que a população pode esperar do seu mandato? Pode esperar que eu seja um cidadão que vai trabalhar pelo coletivo. Eu não sou o tipo de político que faz promessa, porque esses tem um jeitinho para não cumprir. Então é o seguinte: qualquer pessoa que ler a entrevista e tiver um bom projeto para Araguari, eu e essa pessoa, com o nome dela, vamos fazer isso virar lei, levar esse projeto adiante. Político é funcionário do povo e eu quero ser um bom funcionário, mas quero ser respeitado. Quero estar lá, não levanto da minha cama querendo errar 100%. Levanto querendo acertar 100%, mas eu posso chegar em casa com 20% de acerto, como todo ser humano na vida.