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Escrever, por Ana Paula de Castro Sousa

sáb, 29 de março de 2014 00:00

Ana Paula de Castro Sousa (*)

Aprendi a ler com a cartilha “O palhaço chuca-chuca”. Escrevia as letras do alfabeto, percorria os caminhos tracejados com o objetivo de amolecer a mão, pegar direito no lápis. Como parte dos brasileiros, passei pelo processo de alfabetização. A minha mãe sempre me recomendava usar o caderno de caligrafia para ficar com a letra bonita.

A escrita é um meio de comunicação e que por meio dela me mantive em contato com vários colegas situados em regiões longínquas do país durante a infância e adolescência. Recordo que certa vez recebi uma encomenda e uma carta via correio. A sensação era o corpo trêmulo e as mãos frias. Era gratificante abrir a correspondência ver o papel de carta utilizado, o cheiro do papel e, é claro receber notícias de alguém distante.

Faz algum tempo que não me correspondo com essas pessoas via correio. Talvez pelo ritmo de vida que cada um tem… Hoje, faço isso pelo computador, pelo aparelho celular. Para aqueles que ainda não conhecem é muito prático, rápido e menos dispendioso. Não precisa nem acentuar as palavras porque o computador tem corretor de palavras. Inclusive, ao iniciar a escrita no visor dos aparelhos eletrônicos muitos apontam um pouco acima do teclado a palavra escrita por completo já acentuada. Então, você poderia dizer é muito melhor que escrever a mão! Aprecio a escrita manual e digital. A existência da grafia digital é imprescindível na era da alocação de recursos, com o mercado cada vez mais competitivo e globalizado. Não procede a substituição de uma pela outra. Pois, elas são distintas e complementam a riqueza e variedade das linguagens. Sinto-me privilegiada de poder usar esses dois tipos e formas de expressão. Além de saber que a escrita digital restringe as possibilidades de comunicação com as pessoas. Várias delas, porque não dizer do nosso convívio, não tem acesso à tecnologia.

A escrita manual faz parte do corpo humano. Caminha com ele na liberdade ou na prisão. O prisioneiro usando a memória e as mãos, cria condições de gravar o que pensa improvisando recursos para fazê-lo. Na ausência de tecnologia ele exerce plenamente a capacidade da escrita.

Assim, a linguagem escrita e o seu aprendizado são mais do que um código, são partes integrantes do exercício da cidadania.

* Graduanda do curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Uberlândia.

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