A Gazeta do Triângulo ouviu, com exclusividade, o deputado estadual Leonídio Bouças (PMDB), que falou sobre sua atuação parlamentar e defendeu a integração dos municípios da região e o planejamento conjunto como forma de otimizar resultados na segurança, saúde, educação e infraestrutura.

Por Zé Vitor Aguiar

Gazeta do Triângulo: Deputado, vivemos um momento de tensão. Os números são contraditórios, pois algumas estatísticas da Polícia Militar apontam regressão do número de crimes, mas sentimos que a segurança pública não protege, de fato, as pessoas. Em Minas, de acordo com o estudo mais recente do Ministério da Justiça, em 2012 foram registrados 1.020 roubos de cargas e quase cinco mil apreensões por porte ilegal de arma. Há investimentos do Governo do Estado neste sentido?

Leonídio Bouças: Os investimentos são insuficientes e mal aplicados, diria que o planejamento é falho. Vivemos apagando incêndios! Querem cuidar das consequências, mas deixam de lado as causas. As causas podem ser minimizadas por mais oportunidades nas escolas, pelo fortalecimento das famílias e dos laços comunitários. Reconheço o empenho dos professores e dos policiais, mas são os agentes políticos que apontam o caminho do trabalho desses servidores, e o caminho apontado não leva a um futuro promissor. Defendo que os esforços precisam ser imediatos! Reinventar o modo de ensinar e os espaços físicos das escolas, elas precisam se tornar referências para a comunidade, como um primeiro passo para inibir a criminalização e a aproximação de nossas crianças e jovens – nossas grandes promessas – do mundo das drogas.

Por outro lado, nossas penitenciárias não podem ser recantos de quadrilhas que se integram e fortalecem ali dentro, nem mesmo ambientes formadores de marginais ainda piores. Além da valorização dos servidores da segurança pública, acredito que devemos investir ainda mais em tecnologia e em ações inteligentes para prevenir e impedir que o crime avance.

Gazeta do Triângulo: Leonídio, a taxa de desemprego no país é relativamente baixa, embora alguns fantasmas rondem nossa economia. Nos últimos meses, algumas medidas de estímulo e programas sociais do Governo Federal mantiveram o crescimento do país em patamares suportáveis. Há uma receita para manter acesa essa economia e gerarmos ainda mais empregos?

Leonídio Bouças: Infelizmente não há uma fórmula para o sucesso, mas devemos reconhecer que as ações governamentais precisam continuar a estimular a economia, mas, sobretudo, estimulando a iniciativa privada. Gerenciar os juros como forma de permitir o progresso, qualificar a mão-de-obra e, digo mais, despertar um espírito empreendedor nas pessoas. Quando não encontrarem uma porta aberta, precisam criar uma nova porta que os levarão, obviamente, por um novo caminho. Não há segredo e fórmulas prontas, sabemos que o planejamento e a boa aplicação dos recursos públicos podem assegurar bons resultados para aqueles que geram empregos e para todos os trabalhadores. Não adianta investir apenas em programas paliativos, precisamos de projetos estruturadores e permanentes. Como fiscalizadores, não podemos permitir que o dinheiro do povo que seria utilizado, por exemplo, na formação de jovens profissionais, seja sugado e desviado por ONGs fajutas e de fachada. Temos que ser firmes! Temos que planejar e construir um grande e forte Brasil.

 Gazeta do Triângulo: A região do Triângulo Mineiro é, sem dúvidas, uma das mais vibrantes do país. Seus municípios compartilham dificuldades e recebem recursos federais e estaduais insuficientes, como afirmam os prefeitos. A criação da Região Metropolitana do Triângulo Mineiro é uma alternativa viável para o progresso regional?

Leonídio Bouças: Com certeza. O planejamento conjunto e a integração dos serviços de segurança, saúde, educação e dos projetos de infraestrutura, por exemplo, vão beneficiar dezenas de cidades que possuem características e necessidades semelhantes. É notável a interdependência destes municípios, uns são pólos educacionais, outros oferecem atendimentos de saúde, alguns são mais industrializados, outros possuem sua força no agronegócio… Essa diversidade faz do Triângulo Mineiro uma região produtiva e próspera, com muita qualidade de vida. A Região Metropolitana possibilita ações concatenadas, integradas. Numa mesma mesa, em um mesmo patamar, as cidades poderão discutir e elaborar projetos e programas de interesse regional. Imagine um sistema de saúde integrado, uma polícia ainda mais capilarizada… São benefícios para todos, por isso, a gente espera que os resultados virão. Mas, vale destacar, isso não pode ser discurso eleitoreiro, todos os deputados, prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias precisam se envolver nos debates e na edificação desta Região Metropolitana. Acredito e defendo a ideia!

Gazeta do Triângulo: Uberlândia é, sem dúvidas, uma referência para a região por sua pujança e nível de desenvolvimento. Com o crescimento, que nem sempre significa progresso, surgem problemas e gargalos a serem solucionados. Quais os pontos que merecem atenção dos agentes públicos em nossa cidade?

Leonídio Bouças: Encontramos dificuldades em diversos setores, é claro, mas citaria a saúde, a educação, a segurança e o trânsito como segmentos que merecem maior atenção.

De modo simples, posso dizer que necessitamos de um sistema de saúde mais eficiente, onde consultas, exames e procedimentos cirúrgicos sejam integrados e disponibilizados mais facilmente. Além disso, os maiores esforços, a meu ver, devem ser destinados à atenção primária, àquelas políticas que investem em prevenção. Programas ligados à prevenção de doenças cardíacas, psíquicas e obesidade merecem destaque. Dependência química também.

A educação, como eu disse, precisa se reinventar. Professores bem remunerados e capacitados a desenvolverem métodos educacionais dinâmicos, interativos… Os espaços, digo os prédios, precisam se adequar a essa nova forma de ensinar, que deve estimular a socialização. Defendo que temos que formam cidadãos a favor do mundo e a favor da vida.

Segurança é um ponto chave. Sentir-se inseguro é apavorante. Queremos de volta aquela vizinhança amiga, aquela cidade ordeira… Temos que trabalhar para isso. Investir nos policiais, mas em tecnologia e inteligência também, mas sem esquecer das causas que promovem essa insegurança.

Mobilidade é um termo que merece nossa atenção. Há cada vez mais veículos nas ruas e cada vez menos espaço pra gente. Obras de estruturação viária e de mobilidade urbana são fundamentais. O bom aproveitamento do transporte coletivo – e a fiscalização da relação existente entre empresas de transporte e poder público – é vital! Pensar no trânsito e pensar nas pessoas, diria mais, pensar no trânsito é pensar nas pessoas. Há muito trabalho a ser feito para garantir um desenvolvimento sustentável e saudável.