Segunda-feira, 08 de Dezembro de 2025 Fazer o Login

Educação e competitividade, por José Carlos Nunes Barreto

sáb, 31 de maio de 2014 00:01

* José Carlos Nunes Barreto

“Todo gestor é um gestor de pessoas”
Cavalcanti apud Annelise

A falta de competitividade do país, a meu ver está escancarada com a ausência de produtos de nossa indústria que possam, a preços competitivos, abastecer o mercado interno brasileiro. Tudo que fazemos é pior e mais caro. Ir a Miami fazer a sacola, infelizmente, faz parte da agenda de nossa classe média e alta  que gasta sofregamente bilhões de dólares por ano, que fazem falta aqui. Afinal, porque isso acontece na sétima economia do mundo?

Como consultor e professor tenho lutado à exaustão, contra este paradigma. Muitas empresas e alunos que tenho ajudado nesta batalha, conseguiram expressivas vitórias, todavia, tenho números entristecedores, sobre como a educação neste país tem levado a humilhantes derrotas, pessoas e organizações, principalmente as últimas onde empreendedores que iniciam negócios perdem economias de décadas, e empresários seniors tem prejuízos  inaceitáveis. Quando contratado para implantar  um sistema integrado de gestão, com as normas de gestão da qualidade, meio ambiente e saúde ocupacional – um trabalho que exige da liderança empresarial  alto comprometimento, em tempo e investimentos, constato o não treinamento  de  pessoal e a falta de consolidação do redesenho de processos . No caso de alunos, muitas vezes no MBA ou mestrado, a mesma falta de gastar tempo, agora em estudos  e pesquisas, aliada a lacunas na formação, faz 30 por cento dos mesmos desistirem.

Há no ar uma cultura da falta de qualidade em tudo que se realiza aqui. Constitui-se exceção o sucesso, e não o contrário. Daí a perda de energia em tudo que é out put (saída ). O elevado preço cobrado pelo retrabalho em  nossos  itens industriais, e a ausência de eficiência e eficácia ao formarmos gente, para cuidar da miríade de processos – explicam como operar desastrosamente uma nação.

Neste contexto podemos colocar a construção da “copa das copas” em 2014, a um custo maior que ao da soma das três últimas três copas realizadas ao redor do mundo. E a um preço exorbitante em perdas de vidas jamais acontecido. Uma vergonha nacional (ainda temos?) que mostra o quanto precisamos revolucionar a educação para a qualidade. A começar em nossas escolas, não com slogans vazios como “Esta é uma cidade educadora”- sem prestigiar e treinar professores, construir creches e equipar escolas, padronizar processos críticos e medir resultados a partir de indicadores como o IDEB,- e aí sim fazer planos de ação “matadores”.
É triste pensar que a história tem sido madrasta com o Brasil: 36 anos de ditadura Vargas e militar aprisionaram a criatividade e o empreendedorismo; quatrocentos anos de escravidão moldaram um desprezo pelo trabalho em seus detalhes. Isto tira os empresários, a academia e a elite do chão de fábrica, chão de loja e chão de escola. E é lá que as coisas acontecem. É lá que a produtividade aparece ou não – pois é onde está o ser humano, com suas ilimitadas possibilidades de desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes, que gerem  inovação e riquezas.

Estamos no limiar de um novo tempo de oportunidades de mudanças. Contudo há falta de propostas de lideranças da oposição que sacudam  mentes e corações dos brasileiros em direção a esta revolução – um  resgate da tirania do inconsciente coletivo do passado, e um seguro caminho rumo a um novo oriente –sucesso  porvir.

* Professor doutor e presidente da ALU-Academia de Letras de Uberlândia
debatef@debatef.com

Nenhum comentário

Deixe seu comentário: