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Doenças cardiovasculares são responsáveis por 80% das mortes de pacientes com diabetes

qua, 5 de junho de 2019 05:48

por PJ Godoy

Pesquisa realizada com mais de 12 mil pacientes em 133 países amplia olhar e mostra que o coração está mais perto da doença do que se imagina

Muito mais que amputação, cegueira ou complicações renais. Dos mais de 400 milhões de casos de diabetes no mundo, 90% apresentam ao menos um fator de risco cardiovascular. Ainda mais sério é o dado de que 80% das mortes de pacientes com diabetes estão relacionadas às doenças cardiovasculares7. Os números são da Federação Internacional de Diabetes (IDF) que amplia o olhar sobre o assunto e mostra que o coração pode estar passando despercebido por médicos e pacientes.

De acordo com o levantamento, os problemas ligados ao coração lideram as causas de mortes e incapacidade entre pessoas com diabetes tipo 2, tipo mais comum da doença e que aumenta em até quatro vezes a propensão a ataques cardíacos ou AVC (Acidente Vascular Cerebral). Mesmo diante desses números, a pesquisa sugere que o assunto ainda é desconhecido por pacientes e pouco difundido nos consultórios.

No Brasil, mais de 12 milhões de pessoas têm diabetes – uma população equivalente à maior cidade da América Latina, São Paulo. Na última década, houve um aumento de mais de 61,8% nos casos registrados pelo Ministério da Saúde, fazendo com que os brasileiros figurem na lista daqueles que mais sofrem com a doença no mundo. O número de óbitos por diabetes, por sua vez, saltou de 54.877 para 61.398 mortes por ano, no período entre 2010 e 2016; um aumento de 11,8% de acordo com os últimos dados disponíveis pelo Ministério da Saúde.

Para entender melhor essa questão global de saúde, a pesquisa do IDF consultou mais de 12 mil pacientes em 133 países. Destes, 600 brasileiros que vivem com a doença foram ouvidos, sendo 37% homens e 63% mulheres, entre 20 e 79 anos. Entre todos os entrevistados brasileiros, 18% nunca tiveram conhecimento sobre os possíveis riscos da doença para o coração, e 23% sequer se lembram de ter comentado a respeito com seus médicos. A falta de informações durante o tratamento é um dos grandes desafios para estabelecer uma nova realidade no controle do diabetes, segundo o médico cardiologista, Dr. José Francisco Kerr Saraiva.

“Aprendemos muito sobre a importância do controle da glicemia para evitar a progressão das doenças cardiovasculares e outras complicações relacionadas ao diabetes. No entanto, percebemos que isso não é suficiente. É preciso falar sobre o combate ao excesso de peso, a pressão arterial e o colesterol elevados, que inicia por mudanças no estilo de vida. Com todas essas medidas somadas, podemos diminuir em até 80% a chance de um paciente vir a ter um problema ligado ao coração”, ressaltou.

A pesquisa do IDF ainda revelou que 63% dos entrevistados brasileiros apresentavam múltiplos fatores de risco para doenças cardiovasculares e/ou tinham sofrido algum evento cardiovascular. Além disso, embora 88% dissessem confiar em seus médicos durante o tratamento, quase 70% gostariam de mais informações sobre o assunto.

Para Jung HyunYoon, gerente médica da Novo Nordisk, empresa global de saúde com mais de 95 anos de liderança no tratamento do diabetes e voltada também para o tratamento de outras doenças crônicas, as inovações a favor da medicina também atuam como importantes aliadas para estabelecer um novo olhar sobre o controle do diabetes.

“A sociedade tem conhecimento das complicações ditas microvasculares do diabetes, como amputação de membros, danos renais e comprometimento da visão, mas não tem a mesma noção em relação à dimensão dos riscos cardiovasculares da doença e que podem até levar as pessoas à morte. Por isso, o controle adequado do diabetes, aliando estilo de vida saudável e tratamento com medicamentos apropriados, graças aos avanços da medicina, permite hoje que o paciente viva não apenas melhor, com mais qualidade de vida, mas também por mais tempo”, destacou.

Epidemia global

Em toda a América Latina, os números mostram que o diabetes atinge 28 milhões de pessoas. No Brasil, uma a cada 12 pessoas adultas vive com a doença. Nos Estados Unidos, a situação é ainda pior: a cada 80 segundos, um adulto com diabetes é hospitalizado por conta de problemas no coração. Numa pesquisa com pacientes norte-americanos de 45 anos com diabetes tipo 2, apenas metade reconheceu seus riscos ou falou sobre eles com seus médicos.

Sobre o diabetes

Caracterizado pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue, o diabetes é uma doença crônica que se caracteriza pela incapacidade de produzir insulina – hormônio essencial para o controle da glicose – ou por uma disfunção que impede o organismo de usar a substância de forma adequada. É o caso do diabetes tipo 2, o mais comum, com prevalência de quase 9% da população apenas no território brasileiro. Essa resistência provoca alterações na estrutura vascular e no sistema nervoso, prejudicando o controle da frequência cardíaca e da pressão arterial.

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