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Do ronco dos motores e outras coisas

sex, 28 de março de 2014 00:00

Abertura Treino Livre
Alô amigos, para nós que acompanhamos a Fórmula 1 desde o tempo dos motores Ford-Cosworth com 8 cilindros em V, que giravam a incríveis 9500 rpm, e tinham o som que caracterizou a categoria, imortalizando gente como Emerson Fittipaldi, Jackie Stewart, e muitos outros, os atuais propulsores soam como baratinhas de autorama, mas não se enganem, a potência sonora dos v6 turbo ainda pode lesionar os ouvidos que estejam sem protetores, embora não tenham o ronco poderoso de outrora.

Ai vocês perguntam como pode ser isso? Se não ouvimos quase nada? Aqui entra a parte da física que estuda os sons e sua propagação a acústica. E começo minha explicação para isso lembrando a vocês que o ouvido humano é limitado a uma determinada faixa de frequências denominada espectro sonoro audível. Assim sons de frequência inferior a 20 Hz chamam-se infra-sons e provocam náuseas e perturbações intestinais. Os sons de frequência superior a 20 000 Hz são os ultra-sons e são usados, por exemplo, nas ecografias e nos sonares. O homem consegue ouvir sons entre 20 Hz e 20 000 Hz e produzir sons entre 85 Hz e 1 100 Hz. Os cães conseguem ouvir sons entre os 15 Hz e os 50 000 Hz e produzem sons entre os 452 Hz e os 1 800 Hz. Os morcegos conseguem ouvir sons de frequências entre os 1000 Hz e os 120 000 Hz, mas só produzem sons a partir dos 10 000 Hz. Feita essa digressão “científica”, voltemos à Fórmula 1. O que acontece é que pela sua configuração (potência, limitações de injeção de combustíveis, posição do escapamento, e muito mais) os motores não produzem o som “grosso” na faixa audível, mas produzem pressão sonora como os motores antigos e isso você nâo ouve, mas sente. Exemplo do dia a dia são os famosos carros com subwoofer (tipo de autofalante de baixa frequência) que quando passam vibram tudo dentro de casa, disparam alarmes de carros, e não nos deixam dormir, principalmente porque as autoridades nada fazem para coibir o abuso, mas isso é outra história.

Pois bem, essa falta de som dos motores não será facilmente resolvida porquanto segundo o engenheiro Ricardo Penteado — que passou nesta temporada a ser engenheiro de motores do carro de Jean-ÉricVergnena Toro Rosso, representando a Renault – a solução para o problema é simples “colocar os V10 no lugar dos V6”, brincou. “Fora isso, não existe nenhum outro milagre, pois o ronco é dependente da cilindrada, que é fixa; do regime máximo, que é condicionado pela regra dos 100 kg/h; e da configuração dos escapamentos, definida pela FIA”, explicou. Portanto teremos que nos conformar com o som de carrinho de autorama que irá ser o tema das corridas daqui para a frente. Para os saudosistas, como eu, recomendo o you tube que tem vários vídeos com os motores v8, v10, v12, 12 cilindros boxer (usados pela Ferrari). É possível matar a saudade e minorar a crise da abstinência.

Mudando o assunto, esta semana, no dia 21 de março Senna completaria 54 anos, mas teve sua passagem para o plano superior no dia 1º de maio de 1994. Anos depois, aquele que poderia ter sido seu maior rival, Michael Schumacher, sofreu um acidente de esqui e está em coma a quase três meses. O Dr. Gary Hartstein, médico-chefe da Fórmula 1 de 2005 a 2012, disse aos fãs de Schumacher que eles devem estar preparados para “notícias muito ruins” relacionadas ao acidente que o ex-piloto sofreu enquanto esquiava. Segundo o médico, que escreveu em seu blog, (em tradução para o português): “Conforme o tempo passa, é cada vez menos provável que Michael apresente uma melhora significativa”, sugerindo que o mundo esteja preparado para o pior desfecho possível para a lenda da Ferrari e da Fórmula 1.

Sinceramente sempre desejei que Michael se recuperasse, e embora não tenha sido fã dele, reconheço o imenso talento do piloto, que o levou a quebrar praticamente todos os recordes da F1, e se tornar sete vezes campeão mundial, mas como no acidente de Senna naquela triste manhã de domingo, em que estava com meu amigo Leonardo Daher, e que não acreditei que Senna saísse vivo, também agora não acredito em uma recuperação de Schummi, e sinceramente, às vezes é preferível fazer a passagem do que viver como um vegetal, porém os mistérios da vida e de Deus são insondáveis pela nossa ínfima capacidade de compreender a vida. Desculpem o tom triste com que encerro a coluna de hoje, mas, não há muito o que falar, a não ser manter a espera e a esperança no silêncio da meditação.

Aproveito para dar os parabéns para alguém muito especial para mim: Bebel papai ama você e deseja um feliz aniversário, que todos os seus sonhos se tornem realidade. Beijos e amamos vc. Papi “soberano” e Mami “poderosa”.

Esta semana teremos o GP da Malaysia. Até a semana que vem…

* Advogado, fã da Fórmula 1 desde 1970, e apaixonado pela Ferrari

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