E eu não comprei meu ingresso…

P. J. GODOY – Há uma semana, acordava com algo diferente. Não pela falta de educação do meu cachorro, capaz de falir qualquer fabricante de despertador, mas pelo dia que estava por vir. Era a hora da Copa mais sombria da história recente do futebol. O torneio das ruas, palco de disputas entre policiais e manifestantes. Ídolos em extinção, festas sem diversão. Todas as previsões pareciam sentenciadas, quando derrubaram a bola de cristal.

Antes disso, a delegação da seleção brasileira havia embarcado para o Centro de Treinamento em Teresópolis (RJ), sob fortes ameaças e adesivos da greve dos professores. O ônibus parecia mais um álbum de figurinhas do que o transporte que levaria os representantes do país para o mundo.

Por falar nisso, a abertura da Copa era como uma festa de despedida. Triste, sem graça e com a sensação de jamais vê-la novamente. Depois que o contestado árbitro japonês soou o apito inicial, mais da metade dos meus dias ganhou uma nova programação.

Em campo, senti uma aflição. Não via Batistuta, Davids, Zidane ou Ronaldo. Figo não armava o meio de campo, e Bergkamp sumia da visão dos goleiros. Romário então, sequer apareceu. Olhei para a esquerda, e não vi Roberto Carlos. Mas na Copa dos craques em extinção, percebi que o conjunto das espécies seria o roteiro do espetáculo.

Com média superior a três gols por partida, o mundial no Brasil era palco do confronto direto entre defesas sólidas e ataques avassaladores. Após uma semana, acreditei viver um sonho, quando acordei e percebi que tudo aquilo era realidade. E eu nem comprei meu ingresso.
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Seleção da semana

Formação 3-4-3:

Ochoa (México) – Seguro na estreia e espetacular diante da trupe de Neymar e companhia, o goleiro Ochoa é o maior responsável pela melhor defesa do torneio, com nenhum gol sofrido nos dois primeiros jogos.

David Luiz (Brasil) – Líder de desarmes na partida de estreia, foi consistente ante os mexicanos e aquele que mais buscou suprir a carente saída de bola da seleção.

Hummels (Alemanha) – Considerado um dos melhores do mundo na posição, foi o autor de um dos gols na goleada frente a Portugal e a sombra de quem ousasse ameaçar a grande área alemã.

Duarte (Costa Rica) – Neutralizou nada mais que Cavani e Forlán na estreia e ainda arranjou espaço para balançar as redes na vitória sobre o Uruguai.

Pirlo (Itália) – Melhor passador, acertou 93 passes e errou apenas um. Na principal assistência, para o gol de Marchisio, não precisou sequer tocar na redonda. O craque da semana.

Han Kook-Young (Coreia do Sul) – Maior ladrão de bolas da primeira rodada, com oito desarmes, foi a pedra no sapato dos russos na partida de estréia.

Valbuena (França) – Ditou o ritmo dos franceses no duelo inaugural diante de Honduras. Buscou o jogo e conseguiu. Foi quem mais acertou cruzamentos, com quatro bolas alçadas na área rival.

Robben (Holanda) – Estava atrás de Sergio Ramos quando seu companheiro chutou a bola para o ataque. Correu 36km/h e ainda fez os espanhóis de retardatalhos. Antes de balançar as redes, ainda driblou os zagueiros e o goleiro. Honesto, segue espetacular.

Campbell (Costa Rica) – Cumpriu tudo que o técnico pediu. Com extrema disciplina tática, abalou as estruturas dos zagueiros Lugano e Godín. Além de uma assistência, ainda deixou sua marca na estréia.

Muller (Alemanha) – Em sete jogos de Copa do Mundo, balançou as redes em oito ocasiões. Foram três gols somente na estreia, contra Portugal.  O segundo que mais obteve sucesso nas finalizações.

Van Persie (Holanda) – Inapelável. A sombra da defesa espanhola e o que mais finalizou corretamente. Briga pela artilharia, sem piedade para qualquer goleiro.

Técnico: Cesare Prandelli (Itália) – Ousado ao improvisar o zagueiro Chiellini no flanco esquerdo. Corajoso quando optou pelo estreante Paletta no miolo da defesa. Eficaz depois de apostar num novo sistema e faturar o clássico contra a Inglaterra.
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Jogos de hoje

COLÔMBIA X COSTA DO MARFIM

Para quem achou que eles estariam abalados com a perda do terceiro maior artilheiro de sua história, a surpresa não poderia ser melhor. Das arquibancadas, o atacante Falcão Garcia viu uma seleção valente. Fora dele, o estádio Mineirão era tingido de amarelo.

Como retribuição à torcida, os jogadores balançaram as redes três vezes contra a Grécia. Embalados pela vitória, os sul-americanos medem forças com a Costa do Marfim, recuperada de um confronto de tirar o fôlego ante o Japão.

Depois de saírem perdendo no primeiro tempo, os “Elefantes africanos” inverteram o placar e faturaram a primeira vitória no mundial. Com a entrada de Drogba, o time mudou e os jogadores procuraram ainda mais o ataque. O destaque foi o lateral direito Aurier, responsável pelos dois cruzamentos que culminaram nos gols da equipe. Certamente, o primeiro duelo desta quinta-feira, 19, será o encontro de dois francos-candidatos à classificação para a próxima fase.

Horário: 13h
Local: Estádio Nacional (Brasília-DF)
Arbitragem: Howard Webb (Inglaterra)

Prováveis escalações:

Colômbia: Ospina; Sanchez, Zapata, Yepes e Armero; Zuniga, Aguilar, James Rodriguez e Cuadrado; Ibarbo (Martínez) e Gutiérrez. Técnico: José Pékerman.

Costa do Marfim: Boubacar; Aurier, Zokora, Bamba e Boka; Tioté, Die e Yaya Touré; Gervinho, Kalou e Drogba. Técnico: Sabri Lamouchi.
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URUGUAI X INGLATERRA

De surpresa na África do Sul, o Uruguai não poderia esperar um cartão de visita pior no Brasil. Surpreendidos pela Costa Rica, os uruguaios sofreram uma virada que determinou os próximos passos da equipe. Sem Lugano machucado e Maxi Pereira suspenso, a primeira missão é superar a Inglaterra.

Uma derrota, e os ingleses se despedem mais cedo da briga pelo mundial. Depois de protagonizar um duelo de gigantes frente à Itália, a seleção liderada por Gerrard e companhia precisa mostrar que de promissor, o jovem elenco pode se tornar uma pedra no caminho dos adversários.

Com o ex-garoto prodígio Wayne Rooney entre os velozes Sterling e Welbeck no ataque, a promessa é de muita velocidade nos gramados da Arena Corinthians. Contra a eliminação, uruguaios e ingleses medem forças a partir das 16 horas.

Horário: 16h
Local: Arena Corinthians (São Paulo)
Arbitragem: Carlos Velasco Carballo (Espanha)

Prováveis escalações

Uruguai: Muslera; Fucile, Coates, Godín e Cáceres; Gargano, Arévalo Rios, Cristian Rodríguez (Stuani) e Forlán; Suárez e Cavani. Técnico: Óscar Tabarez

Inglaterra: Joe Hart; Glen Johnson, Jagielka, Cahill e Baines; Gerrard, Henderson e Sterling; Rooney, Welbeck e Sturridge. Técnico: Roy Hodgson.
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JAPÃO X GRÉCIA

A atuação desastrosa dos laterais pode ter servido de aprendizado para os japoneses. Depois de abrir o placar na estréia diante da Costa do Marfim, as falhas de Nagatomo e Uchida comprometeram o Japão, que viu os africanos inverterem o placar e saírem com a vitória.

Para impedir um novo revés, a turma do craque do Milan, Honda, aposta nas jogadas de bola parada e no rápido ataque para garantir a permanência no mundial. Do outro lado do círculo central, os gregos buscam a redenção após a derrota frente à Colômbia.

Com a missão de corrigir as deficiências ofensivas, a Grécia precisa de um triunfo para continuar na briga por uma vaga na próxima fase, etapa da qual a seleção jamais participou.

Horário: 19h
Local: Estádio das Dunas (Natal-RN)
Arbitragem: Joel Aguilar (El Salvador)

Prováveis escalações

Japão: Kawashima; Uchida, Yoshida, Morishige e Nagatomo; Yamaguchi, Hasebe, Okasaki, Honda e Kagawa; Osako. Técnico: Alberto Zaccheroni.

Grécia: Karnezis; Maniatis, Manolas, Kone e Torosidis; Katsouranis, Papastathopoulos, Cholevas e Sapingidis; Gekas e Samaras. Técnico: Fernando Santos.