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Coluna: Pergunte ao Doutor (17/09)

sáb, 17 de setembro de 2022 10:09

1-O que é Setembro Verde?

Setembro Verde é a campanha de conscientização sobre a doação de órgãos, que reúne esforços do Ministério da Saúde e de ONGs voltadas para o tema.

No dia 27, comemora-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos, que foi instituído pela Lei nº 11.584/2.007.

O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto. Apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, trata-se ainda de um assunto polêmico e de difícil entendimento, resultando em um alto índice de recusa familiar.

Os três motivos principais para essa alta taxa de recusa, que não ocorre só no Brasil, são: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião.

 

2-  O que é transplante de órgãos?

É um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (RECEPTOR) por outro órgão ou tecido normal de um DOADOR, vivo ou morto. O transplante é um tratamento que pode salvar e/ou melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas. É, sem dúvida, a tão esperada resposta para milhares de pessoas com insuficiências orgânicas terminais ou cronicamente incapacitantes. É um procedimento médico com enormes perspectivas, porém impossível de ser executado sem o consentimento de uma população consciente da possibilidade, da necessidade e responsabilidade de depois da morte, destinar os seus órgãos para salvar vidas.

 

3-Quem pode e quem não pode ser doador de órgãos?

 

A doação pressupõe critérios mínimos de seleção. Idade, diagnóstico que levou à morte clínica e tipo sanguíneo são itens estudados do provável doador, para saber se há receptor compatível. Não existe restrição absoluta à doação de órgãos, a não ser para portadores de HIV e pacientes com doenças infecciosas ativas. Geralmente, fumantes não são doadores de pulmão. Em geral, nos tornamos doadores em situação de morte encefálica e quando a nossa família autoriza a retirada dos órgãos.

 

4-O que é morte encefálica?

Morte encefálica é a parada definitiva e irreversível do encéfalo (cérebro e tronco cerebral), provocando em poucos minutos a falência de todo o organismo. É a morte propriamente dita. No diagnóstico de morte encefálica, primeiro são feitos testes neurológicos clínicos, os quais são repetidos seis horas após. Depois dessas avaliações, é realizado um exame complementar (um eletroencefalograma ou uma arteriografia).

 

5-Uma pessoa em coma também pode ser doadora?

Não. Coma é um estado reversível. Já a morte encefálica, como o próprio nome sugere, não é. Uma pessoa se torna potencial doadora, após o correto diagnóstico de morte encefálica e a autorização dos familiares para a retirada dos órgãos.

 

6-Quantas pessoas necessitam de transplantes por ano, no Brasil?

Aproximadamente 60 mil pessoas estão na lista de espera por um transplante. Esse número aumenta a cada dia e menos de 10% dos candidatos recebem um órgão doado a cada ano.

 

7-Quantas partes do corpo podem ser aproveitadas para transplante?

O mais frequente: 2 rins, 2 pulmões, coração, fígado, pâncreas, 2 córneas, 3 válvulas cardíacas, ossos do ouvido interno, cartilagem costal, crista ilíaca, cabeça do fêmur, tendão da patela, ossos longos, fascia lata, veia safena, pele. Mas recentemente foram realizados transplantes de uma mão completa. Um único doador tem a chance de salvar, ou melhorar a qualidade de vida, de pelo menos 25 pessoas.

 

8-Quero ser doador. O que devo fazer?

Todos nós somos doadores, desde que a nossa família autorize. O melhor a se fazer é cada um conversar com seus familiares (em um momento tranquilo, sem dor, fora de um contexto de tristeza) sobre a vontade de ser um doador. Como os potenciais doadores são aqueles que no dia anterior ou alguns dias antes de morrer estavam ótimos, conhecer a vontade dessa pessoa pode ser fundamental para a aceitação ou recusa da doação. Se a vontade da pessoa que morreu for desconhecida e a família nunca discutiu o assunto, claro que naquela hora de dor será o pior momento para falar sobre isso, e a probabilidade de uma negativa será sempre maior. Então, se as pessoas quiserem que seus órgãos sejam doados, a melhor forma de fazê-lo é conversar com seus familiares a respeito de sua vontade e intenção.

 

9-O que acontece depois de autorizada a doação?

Desde que haja receptores compatíveis, a retirada dos órgãos é realizada por várias equipes de cirurgiões, cada qual especializada em um determinado órgão. O corpo é liberado após, no máximo, 48 horas. Testes laboratoriais confirmam a compatibilidade entre doador e receptores. Após os exames, a triagem é feita com base em critérios como tempo de espera e urgência do procedimento.

 

10-O que limita o número de transplantes?

O principal fator limitante é o pequeno número de doadores de órgãos. Outro fator acontece depois que a morte encefálica é diagnosticada e a central de transplantes é avisada, o médico tem de cuidar do cadáver na UTI como se ele estivesse vivo. Dá trabalho fazer isso. Em boa parte do país, há um número reduzido de médicos cuidando de um número enorme de leitos. O médico escolhe entre cuidar do vivo ou do morto. O coração do paciente com morte encefálica bate à custa de medicamentos, o pulmão funciona com a ajuda de aparelhos e o corpo continua sendo alimentado por sonda.

11-Qual a chance de sucesso de um transplante? Quais os riscos e até que ponto um transplante interfere na vida de uma pessoa?

A chance de sucesso é alta, mas depende de particularidades pessoais, o que impede uma resposta mais precisa. Além dos riscos inerentes a uma cirurgia de grande porte, os principais problemas são infecção e rejeição. Transplante não é cura, mas um tratamento que pode prolongar a vida com melhor qualidade. As estatísticas mundiais mostram que mais de 80% dos transplantados retornam à vida normal. Em alguns casos, para evitar ou controlar possível episódio de rejeição, os receptores tomam algumas medicações imunossupressoras. É importante o acompanhamento médico especializado.

 

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