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Coluna: Pergunte ao Doutor (09/03)

qua, 9 de março de 2022 08:11

1-O que é MARÇO LILÁS?

O Março Lilás é um movimento promovido anualmente com o objetivo de impulsionar a conscientização sobre a prevenção e o controle do câncer do colo do útero, compartilhar informações, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento, bem como contribuir para a redução da mortalidade. Uma doença evitável e curável e que ainda assim levou à morte mais de 300 mil mulheres no mundo em 2021.Nomeado Mês da Mulher, em razão do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, este foi o mês escolhido para a campanha Março Lilás, de modo a envolver o cuidado com a saúde na programação especialmente dedicada às mulheres nesse período, promovendo prevenção e bem-estar. É um impacto global de um tumor evitável. Não é para acontecer

 

2-Qual é o objetivo dessa campanha?

Essa campanha visa levar informações e estimular a população feminina para os cuidados de prevenção contra esse tipo de câncer, além de alertar para os principais sinais e sintomas que devem direcionar as mulheres a buscarem ajuda médica. A prevenção é a melhor forma de combate.

É uma campanha muito importante, pois fomenta a promoção à saúde das mulheres com foco na prevenção do câncer de colo de útero.

 

3-O que é câncer de colo do útero?

O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 90% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular (cerca de 10% dos casos). Ambos são causados por uma infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV).É uma doença de desenvolvimento lento, que pode cursar sem sintomas em fase inicial e evoluir para quadros de sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados.

 

4-Qual é a estimativa do câncer de colo do útero?

No Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o número de novos casos estimados para o triênio 2020-2022 é de 16.590 por ano. Enquanto no mundo o câncer de colo de útero é o quarto tipo de tumor mais frequente nas mulheres, no Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma, há regiões em que esse índice prevalece, mas em outros a situação fica bem pior. Esse tipo de tumor também é o quarto mais frequente na Região Sul e ocupa a quinta posição na Região Sudeste. Já no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, é o segundo tipo de tumor mais incidente. A OMS avisa que o câncer de colo de útero é o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres que vivem em regiões menos desenvolvidas do mundo.

 

5-Por que temos no Brasil índices do tumor equivalentes a países mais desenvolvidos e taxas de países subdesenvolvidos?

Além das dificuldades para acesso aos exames, outros fatores que dificultam melhorar os índices são a falta de informação e o preconceito. Diferentemente do câncer de mama, em que se faz campanha, fala-se muito de prevenção e check-up para diagnóstico precoce, acredita-se que existe preconceito em cima do câncer de colo de útero e, por isso, acaba se falando menos do que se deveria

O câncer de colo de útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV.  A maior parte dessas infecções se curam sozinhas, mas em alguns casos podem se tornar crônicas e lesões pré-cancerosas que se não diagnosticadas a tempo têm risco de evoluir para um câncer invasivo.

O preconceito acontece porque o HPV está bastante associado à atividade sexual, já que é sexualmente transmitido. Esse preconceito dificulta a vacinação contra a doença, uma importante ferramenta de prevenção não apenas contra o câncer de colo de útero, mas também de cabeça e pescoço, canal anal e de pênis. Estima-se que mais ou menos 50% a 70% das mulheres vão ter contato com HPV durante a vida, mas a maioria das pessoas elimina o vírus e não desenvolve nenhuma lesão associada a ele. Mas tem uma minoria, que a gente não sabe quem vai ser, que irá desenvolver lesões pré-malignas, que podem se desenvolver para um câncer

 

6-Quais são os fatores de risco?

 

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o fator de risco mais importante para o câncer de colo do útero é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que pode ser prevenido por vacina disponível na rede pública de saúde, especialmente o HPV-16 e o HPV-18, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais.

O Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros são fatores que aumentam o risco do câncer. Tabagismo e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais também contribuem para o aparecimento da doença.

 

7-Como prevenir esta doença?

No Brasil, a estratégia de prevenção e diagnóstico precoce recomendada pelo Ministério da Saúde abrange a utilização de preservativos, a realização de exames de Papanicolau, a partir dos 25 anos e a cada 3 anos se não apresentarem fatores de risco. Para garantir a efetividade do programa de controle de câncer de colo do útero é necessário organização, integralidade e qualidade dos serviços, com indicação para um plano terapêutico mais apropriado para cada caso. Esse método de rastreamento sensível, seguro e de baixo custo, torna possível a detecção de lesões precursoras e o câncer em seu estágio inicial.

A evolução da doença, na maioria das vezes, acontece de forma lenta, passando por fases pré-clínicas detectáveis e curáveis. Se diagnosticado precocemente, as chances de cura chegam próximo a 100%.

A realização periódica do exame de Papanicolau vem sendo reconhecido como a estratégia mais efetiva na redução da mortalidade por esse tipo de tumor assim como, a vacinação contra o HPV.

Cerca de 90% dos casos de câncer de colo do útero podem ser atribuídos a alguns dos 13 tipos de HPV reconhecidos como oncogênicos chamados de HPV de alto risco. Os subtipos 16 e 18 são os mais comumente detectados e responsáveis por 70% dos casos de câncer.

 

8-Qual é a importância da vacina?

A vacinação contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, que na teoria ainda não iniciaram sua vida sexual, está disponível tanto em clínicas privadas como no sistema único de saúde (SUS). Portanto, o exame de Papanicolau e a vacinação se complementam como ações de prevenção.

Vários estudos mostram que a vacina é o melhor método de prevenção. Ela é segura e eficaz. Quanto mais cedo for a vacinação, maior a chance de se evitar o aparecimento do tumor. Essa diminuição do risco chega a ser de 90% quando as crianças são vacinadas. O benefício da vacina também atinge outros cânceres relacionados ao HPV, como os tumores da vulva, canal anal, garganta e pênis.

 

9-Como é realizado o tratamento do câncer de colo do útero?

Conforme a OMS, o tratamento precoce previne até 80% do câncer do colo de útero onde existem programas em que as mulheres são examinadas, identificando a maior parte das lesões pré-cancerosas em estágios iniciais, quando são facilmente tratadas. Na maioria das vezes o exame diagnostica uma lesão pré-maligna, que é tratada e não vira um câncer.

A cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são os tratamentos mais comuns, mas depende do estágio de evolução da doença, do tamanho do tumor e de fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos. Se confirmada a presença de lesão precursora, ela poderá ser tratada a nível ambulatorial, por meio de uma eletrocirurgia.

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