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Coluna: Neuropsi (10/08)

qua, 10 de agosto de 2022 09:09

1-O que é esquizofrenia infantil?

Esquizofrenia infantil é um dos vários tipos de esquizofrenia, uma doença mental crônica em que uma pessoa perde o contato com a realidade (psicose). A esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta praticamente todos os processos mentais (afetividade, percepção, pensamento, motivação, memória, etc.) e que se caracteriza em geral pela presença de ambivalência emocional, alucinações (de qualquer dos cinco sentidos, mas predominantemente auditivas e visuais), alterações da forma e do conteúdo do pensamento (sobretudo delírios) e alterações do contato com a realidade. Juntamente com a paranoia e a antiga psicose maníaco-depressiva, as esquizofrenias compõem o grupo das enfermidades mentais comumente chamadas psicoses. Esquizofrenia infantil é essencialmente o mesmo que esquizofrenia em adultos, mas ocorre cedo na vida, às vezes até mesmo antes de a adolescência, e tem um impacto profundo no comportamento de uma criança.

2-Como detectar a esquizofrenia nas crianças?

As esquizofrenias que aparecem antes dos 5 anos, têm traços extremamente comuns ao autismo, e somente com uma evolução posterior, com o aparecimento de sintomas psicóticos, propriamente ditos, permitirá um diagnóstico certo. Antes dos 3 anos, o diagnóstico diferencial é muito improvável. É praticamente impossível distinguir uma esquizofrenia de um autismo. Somente ficará esclarecido com o passar do tempo. A partir dos 5 anos o diagnóstico diferencial vai-se esclarecendo com a presença de sintomas psicóticos (alucinações, delírios) na esquizofrenia. Mas pode-se notar alguns sinais de alerta nas crianças com esquizofrenia. O comportamento de uma criança pode mudar lentamente com o passar do tempo. Por exemplo, as crianças que desfrutavam, relacionando-se com outros, podem começar a ficar tímidas e retraídas, com se vivessem em seu próprio mundo. Às vezes começam a falar de medos e ideias estranhas. Podem começar a ficar obstinados pelos pais e a dizer coisas que não fazem muito sentido. Os professores podem ser os primeiros a perceberem esses problemas.

3-Quais são os primeiros sinais de esquizofrenia na criança?

Diferentemente do que muitos podem pensar, a esquizofrenia não torna a criança mais agitada. Na verdade, o primeiro indício de desenvolvimento da doença é a tendência cada vez maior da criança em se isolar dos demais e a perda de interesse em atividades que ela gostava de realizar anteriormente. Na sequência, surgem os quadros mais clássicos da doença, com alucinações, delírios, quadros paranoicos, temores de perseguição e manipulação e contenção das emoções (a criança passa a não sorrir ou chorar, por exemplo).

Um dado muito importante ao qual os pais também devem estar atentos é quanto à desorganização do comportamento da criança. Em muitos casos, a criança passa a ter dificuldades em manter uma higiene adequada, aparentando desleixo com sua aparência, e em preparar suas refeições. Na maior parte das vezes, tais sinais surgem após a criança já ter adquirido autonomia neste e noutros aspectos da vida cotidiana.

4-Como se faz diagnóstico da esquizofrenia infantil?

O diagnóstico da esquizofrenia em crianças é muito difícil. Em primeiro lugar, porque muitos dos sintomas são de identificação complicada e, nesta fase da vida, podem ser confundidos com quadros de autismo – quando a criança é mais nova, por volta dos cinco anos – ou transtorno afetivo bipolar – em crianças um pouco mais velhas.

Para conseguir fazer o diagnóstico diferencial para esquizofrenia, o psicólogo e o psiquiatra devem se informar quanto ao desenvolvimento motor, afetivo e intelectual da criança antes da aparição dos primeiros sintomas. Para isso, pode ser de vital importância a análise de fotos e vídeos da criança em diferentes etapas da vida. Também é importante analisar a condição dos pais. Em média, 8% das crianças com esquizofrenia têm pais que também sofrem da doença.

Por fim, o uso de exames de imagem pode auxiliar no diagnóstico já que estudos científicos recentes demonstraram que crianças com desenvolvimento precoce da esquizofrenia possuem dilatação dos ventrículos cerebrais mais pronunciada do que aquelas sem a doença.

5-Quando consultar um psicólogo e médico sobre a Esquizofrenia Infantil?

Pode ser difícil saber como lidar com as mudanças de comportamento em seu filho. Você pode ter medo de correr a conclusões que podem levar a rótulos estigmatizantes.

Se você perceber que seu filho parou de atender às expectativas diárias, como tomar banho ou vestir-se, já não quer socializar, está escorregando no desempenho acadêmico, tem comportamento violento ou agressivo, ou tem outros sinais e sintomas possíveis de um distúrbio de saúde mental; procure aconselhamento médico. Estes sinais e sintomas gerais não significam, necessariamente que uma criança tem esquizofrenia infantil. Eles podem simplesmente indicar uma fase ou outra condição, tal como a depressão, uma desordem de ansiedade ou de uma doença médica que requer outros tipos de avaliação.

Se o seu filho tem uma mudança de pensamento, tais como alucinações em desenvolvimento, padrões de pensamento desorganizado ou distorções na realidade, procure assistência psicoterápica e médica o mais rápido possível, pois estes sintomas de esquizofrenia infantil devem ser tratados imediatamente. Professor do seu filho ou outro funcionário da escola também podem trazer para as alterações de atenção no comportamento de seu filho.

6-O que os pais devem fazer?

Em primeiro lugar, os pais devem estar sempre atentos ao desenvolvimento da criança e, ao primeiro sinal de algo fora do comum, procurar um pediatra que poderá, a depender do que este profissional constatar, encaminhar a criança para um especialista. O mais importante, no entanto, é não contrariar a criança ou tentá-la, à força, fazer enxergar a realidade.

O amor e o apoio da família são ingredientes importantes para o tratamento e a recuperação da criança que sofre de esquizofrenia.

7-Qual é o tratamento da esquizofrenia infantil?

A esquizofrenia infantil, assim como sua forma adulta, necessita de tratamento multidisciplinar, que envolve uso de medicamentos, acompanhamento psiquiátrico, psicoterapia, terapia ocupacional e participação ativa dos pais. Assim como em adultos, é importante acompanhar com atenção o desenvolvimento da doença e, em casos mais graves ou em que a criança apresente risco de suicídio e/ou agressão a terceiros, pode ser recomendada uma internação.

 

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