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Coluna: Furando a Bolha (30/06)

sex, 30 de junho de 2023 08:07

FURANDO A BOLHA
Michael, Michael, eles não ligam pra gente! (They don´t care about us, álbum: History 1995)
O cantor americano Michael Jackson, sem sombra de dúvidas, é um dos maiores da história. Ele pode ser facilmente colocado no mesmo patamar que os Beatles, Elvis Presley, Queen, Elton John, dentre inúmeros outros.
Michael Jackson bateu todos os recordes de vendas, possuindo o álbum Thriller como o mais vendido de todos os tempos. Além disso, foi o artista que mais ganhou Grammys em uma única noite, além de outras marcas memoráveis.
Não é arriscado dizer que nos anos 80 e 90 criou-se uma verdadeira “Michaelmania” no mundo. Isso, consequentemente, gerou muitas repercussões em sua vida. A imprensa, aproveitadores de todas as sortes e curiosos esmagaram qualquer direito fundamental que Michael tinha, inclusive o direito à felicidade.
Escrevo este texto porque recentemente assisti a um show do Rodrigo Teaser, que faz cover do Michael Jackson. Foi um show espetacular, diga-se de passagem, talvez um dos melhores covers do mundo, com a presença da guitarrista e do backing vocal que acompanharam Michael por mais de 20 anos em suas turnês ao redor do mundo.
Ao assistir, lembrei-me de quanto eu gostava dele desde a turnê History (1997), quando ele veio ao Brasil, e eu, ainda criança, fiquei fascinado com aquele espetáculo que vi na TV. Ao longo dos anos, mesmo sem me aprofundar, sempre acompanhei a maior polêmica de sua vida: a suposta acusação de abuso de crianças. Isso, sinceramente, sempre me incomodou bastante e me afastou de sua obra, apesar de conhecê-la em sua integralidade desde a época dos Jackson Five.
Em 2019, a HBO lançou um documentário chamado “Leaving Neverland” (Deixando Neverland), que narra a história de dois garotos que supostamente teriam sido abusados por Michael por alguns anos. Um deles é o bailarino Wade Robson, e o outro é um engenheiro de computação chamado James Safechuck. Eles relatam uma história bastante simétrica, envolvendo abusos e manipulações.
Quando terminei de assistir, pensei que Michael era um monstro irrecuperável, um predador sexual, pedófilo, etc. Fiquei dois anos sem ouvir nada dele. Contudo, após assistir a um vídeo do Youtuber Felipe Castanhari¹, que narra todas as acusações que Michael sofreu ao longo da vida, minha visão mudou diametralmente. A partir daí, aprofundei-me nas histórias e vi que Michael talvez tenha sofrido um dos assédios judiciais e pessoais mais terríveis que se tem notícia.
Para vocês terem uma ideia, James Safechuck disse no documentário que foi abusado por Michael em uma estação de trem de Neverland. No entanto, posteriormente verificou-se que essa estação só ficou pronta quatro anos após ele ter dito que os abusos cessaram. São dezenas de contradições, mentiras, assédios, chantagens (pais que já foram acusados de mentir em tribunal para obter vantagem ilícita de empresas), um perito judicial que foi responsável por uma das maiores farsas nos EUA, ao alegar que professores de uma escola abusavam de crianças, e descobriu-se que era tudo mentira, ele era o principal mentor das crianças que acusavam o cantor, entre centenas de outros elementos que permitem concluir a farsa judicial que ele passou.
Nós, cidadãos comuns, muitas vezes, no afã de buscar justiça, sem nos aprofundarmos, queremos ver sangue e desgraça, e julgamos sem nos colocarmos no lugar da pessoa que está sendo massacrada. Ao longo dos anos, ficou comprovado que pessoas que trabalhavam em Neverland foram assediadas pela imprensa para contar histórias falsas e difamatórias sobre Michael que nunca aconteceram, com o intuito de ganhar cachês de até 500 mil dólares.
Criou-se uma verdadeira indústria caluniosa em torno do cantor, visando a venda de tabloides sensacionalistas. Até mesmo sua irmã, Latoya Jackson, que o acusou em 1993, acabou sendo comprovado que seu marido, ligado à máfia, a obrigava a fazer declarações polêmicas para vender histórias e aparecer na mídia. Uma situação terrível.
Dessa forma, não posso afirmar categoricamente que Michael nunca abusou de ninguém, mas existem fortes indícios de que todas as acusações foram forjadas, sendo minuciosamente analisadas uma a uma no documentário competente feito por Felipe Castanhari.
Michael passou por severas humilhações em vida, inclusive agressões em presídios. Chegaram a trancá-lo em um banheiro com excrementos nas paredes e um cheiro insuportável para humilhá-lo. Após décadas de investigações, nunca encontraram absolutamente nada contra ele, nem mesmo o FBI, a polícia de Los Angeles, Justiça, etc. Foi julgado por um júri que, ciente de todas essas histórias, o considerou inocente. Depois de tudo isso, já lidando com depressão e vício em medicamentos, Michael foi explorado pela empresa que organizou sua última turnê, This is it, colocando um médico à disposição que o matou com doses cavalares de medicamentos sedativos.
Portanto, a Justiça deve sempre manter-se serena, imparcial e distante, a fim de evitar situações como essas. Michael Jackson tinha uma música muito famosa chamada “Heal the World” (Cure o Mundo). Ironicamente, durante sua vida, esse mundo pelo qual ele se dedicou tanto, doando milhões de dólares para alguns institutos, foi o mesmo que o tornou doente, o julgou e possivelmente o matou.
Podemos concluir que, por incrível que pareça, Michael Jackson era uma boa pessoa, um ser humano cheio de idiossincrasias, mas que no fundo era uma criança que ajudou milhões de pessoas e tinha uma mensagem bela de amor à natureza, aos animais e, principalmente, em defesa dos mais fracos, incluindo as crianças.
“Heal the World”, meus caros. E tomemos mais cuidado com prejulgamentos.
https://www.youtube.com/watch?v=BWf-eARnf6U
Leandro Alves de Melo, bacharel em Direito pela UFU, advogado, colunista, sócio proprietário dos escritórios Alves & Melo Advocacia MG e GO, pós-graduado em gestão de pessoas INESP/SP (2018-2020), especialista em Direito Previdenciário pelo IEPREV/BH (2020 a 2022), pós-graduado em Direito Constitucional pelo Instituto de Direito Público de Brasília (2019-2022), Top of Mind 2023: Advogado Previdenciarista.
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