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Coluna: Direito e Justiça (27/07)

qui, 27 de julho de 2023 08:09

Direito e Justiça:
O presente de Dona Beja:
Dona Beja, certa vez, teria recebido de uma das mulheres da sociedade da terra onde estava um presente insólito: um cesto cheio de esterco de vaca.
O que fez a Beja?
Tomou do esterco e com ele adubou o seu canteiro de rosas. Mais tarde, aproveitando-se do cesto, colhidas muitas e belíssimas rosas, todas elas fartamente estercadas, fez  um exuberante arranjo com rosas de varas cores, remetendo de volta o cesto para a autora da façanha, com o seguinte bilhete:
  – Recebi com emoção e agrado o seu presente. Pois, na verdade, cada pessoa somente pode dar as outras aquilo que tem. Nada mais. Foi-me muito útil o seu esterco e aproveitei-o, todo ele, para adubar o meu jardim, de onde colhi essas belas rosas que lhe ofereço com prazer e que poderão enfeitar a sala da sua linda casa. Obrigada. Beja!
  Não sei dizer se isso foi verdade, se isso aconteceu  — a novela televisiva disse que sim — e, como visto, a voz do povo é a voz de Deus. Ademais, pelos meandros tortuosos da história, não se pode mesmo negar: Dona Beja, a Beja, além de muito bonita, era inteligente, espirituosa, intrépida e não levava desaforos sem dar-lhes o troco.
Comentário pessoal:
Ana Jacinta de São José, conhecida como Dona Beja, foi uma personalidade histórica brasileira do Século XIX, conhecida por ser influente na região de Araxá, Estado de Minas Gerais. Nasceu em 02 de janeiro de 1800, em Formiga – MG; faleceu em 20 de dezembro de 1873, em Estrela do Sul – MG.
 Reza a lenda que foi uma das mulheres mais bonitas do Brasil-Império. Era loira, filha de uma índia, que encantou homens e enfureceu as mulheres. Virou nome de livro, personagem de novela e ganhou um status quase folclórico na história do Brasil. Foi em Araxá que ela viveu o seu apogeu como prostituta de luxo (ou cortesã, se preferirem) e líder política da região, tendo sido sepultada em Estrela do Sul (a antiga Bagagem).
Sem me imiscuir no mérito das coisas, cito que muitos afirmam ter sido ela e ainda ser ela a mais famosa, conhecida e influente mulher de Minas Gerais. Dizem até que, por sua causa e influência (direta ou indiretamente), o atual território do Triângulo Mineiro -na época pertencente a Goiás e conhecido como Sertão da Farinha Podre –, passou a pertencer ao Estado de Minas Gerais. E nele está localizado o nosso município de Araguari,
Considero ser justo destacar que Dona Beja não peregrinou pela vida em branco, ou seja, sem nada para ser lembrado após a sua passagem deste para um outro plano. Na verdade, e não se pode negar, ela deixou um legado muitíssimo pessoal, e digamos assim, no mínimo impactante e polêmico. E isso não é pouca coisa…!
Há muito material disponível na internet a respeito dessa exuberante personagem histórica. Vale a pena consultar, por exemplo, a Wikipédia e algumas outras fontes.  Não é importante, em absoluto, prejulgar, julgar, condenar ou absolver, mas é, sim, relvante, conhecer os fatos ordinários e extraordinários que permearam a vida de Dona Beja. No final de tudo, todos acabarão reconhecendo, ao menos, uma coisa: ela foi uma mulher que nunca se rendeu às circunstâncias adversas, que jamais se dobrou aos preconceitos e conceitos desfavoráveis que lhe pudessem jogar ao rosto. Dona Beja foi e continuará a ser um ser humano, mais ainda, uma mulher, que norteará os rumos daqueles ou daquelas que tiverem em si mesmos a consciência do próprio valor, sabendo que reputação é aquilo que você pensa de si, pouco importando a opinião alheia.
Finalizando: prova disso que afirmo é essa estória trazida aqui. Folclórica ou real, também não importa, porquanto retrata fielmente o que se sabe, de fato, acerca do temperamento indômito e das atitudes firmes dessa valorosa mulher, que viveu inserida em uma época  (o hipócrita período vitoriano de falsa moral)  na qual, muito mais do que hoje, a discriminação em favor do homem era fortíssima, pérfida e totalmente excludente para com o sexo feminino. Ainda há discriminação, menos, mas ela ainda existe…!
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O presente do velho samurai:
  Um inigualável samurai japonês, já velho e inapto para as artes marciais, fundou uma escola, disposto a transmitir, ainda antes da sua morte, os seus inestimáveis conhecimentos.
Certo dia, apresentou-se diante daquela escola — que se situava exatamente na praça central do vilarejo — um jovem e afoito samurai, o qual, sedento de glória, desafiou aos gritos o grande e velho mestre e sensei, por sinal o mais afamado  dos samurais japoneses, o guardião do Código Bushido, repertório dos preceitos de disciplina, de honra e de ética seculares e inatacáveis.
  Venha, velho, vamos lutar até a morte. Ao vencedor, glória, fama e dinheiro! Ao perdedor, a desonra!
  O velho, sem dizer palavra, seguido por todos os seus alunos e por uma turba que só fazia aumentar, deixou o recinto sagrado da escola, sentou-se no meio da praça e ali ficou estático, mudo, paciente.
  Enquanto isso, desesperava-se o jovem samurai, que brandia a espada mortífera dos samurais, curva e de dois gumes, vociferando impropérios de toda sorte. Sabia o jovem que, sem que o seu desafio fosse aceito, não poderia dar início ao combate, não poderia atacar o mestre samurai, nem tocá-lo, nem feri-lo, sob pena de ser considerado simplesmente um assassino e um covarde, e não o hábil e heroico vencedor de uma luta justa e legítima.
  Depois de muitas horas, já pelo início da noite, atônitos todos os circunstantes, quieto e mudo o velho samurai, cansado e exaurido o jovem, este, vendo que nada conseguiria, retirou-se do local, cabisbaixo e humilhado. O seu desafio não fora aceito.
Vieram as recriminações:
  – Mestre, sensei, que decepção, que vergonha para todos nós que o amamos e que o respeitamos tanto! O senhor não reagiu:, nada fez, não  lutou e não  sobreviveu ou morreu com honra, e aquele jovem miserável o insultou por horas seguidas perante todas estas pessoas…
Prudentemente, responde-lhes o ancião:
  – Filhos, eu lhes pergunto: quando alguém lhes oferece um presente e vocês não o aceitam, com quem fica o presente?
  Responderam todos:
  – Com aquele que nos  ofereceu o presente, isto  é claro, mestre!
Tornou o velho sábio:
  – Pois muito bem, meus filhos. Em nenhum momento eu aceitei o presente daquele pretensioso jovem, que terá ainda muito que aprender, se a sua violência incontida e estúpida não o ceifar rápida e prematuramente. Quis ele presentear-me com insultos, arrogância, prepotência, imprudência e muitos outros males. Recusei-os todos, e os presentes que ele me trouxe e que me queira dar ficaram e voltaram, todos, com ele.
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Comentário pessoal:
  Sensei é o nome que se dá no Japão especialmente à profissão de professor ou mestre (a pessoa que ensina). Mas, não é somente isso. Sensei, em japonês, é uma palavra quase que sagrada, constitui um título de honra para pessoas que ensinam algo ou que são especialistas ou possuem domínio em suas respectivas áreas de atuação.
Os médicos escritores, advogados, políticos e outras figuras de autoridade estão entre esses agraciados que recebem o distinto tratamento, sendo também chamados de sensei. É relevante frisar que sensei é usado e conferido como um título de honra, de integridade e de honestidade. Ninguém pode declarar a si mesmo um sansei, pois é preciso galgar e ultrapassar etapas, adquirir inegável respeitabilidade pelo mérito e esforço pessoais e sobretudo pelo reconhecimento alheio.
Para merecer o tratamento de sensei  e ser verdadeiramente acatado como um sensei é preciso:
•Desenvolver a confiança;
•Ter honestidade e transparência;
•Ser ético em todos os sentidos;
•Ser um exemplo para conduta moral, ética e legal;
•Ser educado, amável, calmo e não se importar com provocações.
Iniciei estas observações, referindo-me ao professor ou mestre, ou seja, àqueles ou àquelas que ensinam pessoas, dentro das escolas ou fora deles. aquelas  pessoas que se esforçam e que se sacrificam pessoalmente, para continuarem a seguir uma profissão tão desconsiderada entre nós, embora seja a mais valorosa de todas. Tanto assim é que:
•No Japão, o professor é o único que não deve e nem precisa inclinar-se perante o Imperador;
•Na Alemanha, o professor sempre recebe de fato um salário alto e condizente, superior mesmo ao das demais profissões liberais;
•Nos países educados e que valorizaram seus mestres, há mais civilidade e paz; por outro lado, onde não se valorizou o atraso é visível;
•Uma nação, um povo, um país somente se redime e progride por meio de uma boa e sólida educação;
•A boa educação começa no lar, que ensina; e prossegue na escola, que educa
•Se não se protegem o professor, a escola e a família, não haverá futuro digno
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4 Comentários

  1. Eliane disse:

    Nessa época que o Triangulo foi desmembrado de Goiás é que deveriam ter aproveitado para transformá-lo em um Estado, agora ninguém quer perder o Triângulo.

  2. Eliane disse:

    No Japão a profissão mais respeitada é o professor, ele é visto como prioridade. O país que paga melhor o professor é Luxemburgo e o salário mínimo lá é altíssimo, seguido de outros também europeus aqueles de primeiro mundo Suíça, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Bélgica, Austrália. Na Ásia temos a Coreia do Sul e aqui na América do Norte temos o Canadá. Agora nos países do Terceiro Mundo a profissão mais valorizada no quesito pagamento é o político, não é exigido estudo, nenhuma faculdade, basta saber ter a arte de falar e enganar e aí não é vantajoso que o indivíduo seja um ser crítico e aprenda a distinguir o certo e o errado, para eles quanto mais ignorante melhor, não pode ser um ser pensante. Todos querem ser políticos por aqui devido aos altos salários, isso já é um desincentivo para que a pessoa tenha uma formação. Eu acho que quem não tem uma faculdade, deveria ganhar somente um quarto do salário de um político.

  3. Eliane disse:

    Na área da Educação é assim, às pessoas que lecionavam só com o curso Normal ganhavam bem menos, hoje já nem entra mais, tem que ter algum curso superior e porque políticos podem entrar sem ter uma qualificação, se é para ganhar uma quantia exorbitante, então temos que ter qualidade e não quantidade. Eu não sei mas esse país é estranho, é uma preocupação em ficar tratando de pessoas fortes com auxílios em dinheiro, por isso que ninguém quer trabalhar. Tem hora que sai uns projetos politiqueiros que acham que a prefeitura é obrigada a adotar toda a comunidade pobre da cidade. Vivemos no capitalismo que dá oportunidade de todos melhorarem de vida, temos escola grátis até o Terceiro Colegial portanto cada um tem que dar seus pulos e começar a vida fazendo a coisa certa e não o errado, por isso é que a pobreza só aumenta por culpa das próprias pessoas, arrumam filhos sem ter condição financeira e acham que o povo é obrigado a tratar, aí vai virando uma bola de neve.

  4. Eliane disse:

    Hoje em dia são muitas famílias desestruturadas, não querem responsabilidade com nada e a escola faz o papel dela em relação à criança, mas também sem o apoio da família é difícil porque a criança tem que ter uma continuidade em casa do que ela aprende na escola, mas a maioria quando chegam em casa encontram uma família completamente sem estrutura e isso é em todos os países do chamado terceiro mundo.

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